pub
As ilusões da indústria podem enganar alguns e ajudar outros, tornando-se, para muitos artistas, uma espécie de jogo da sorte: “será que me vão compreender e aceitar aquilo que quero ou vão impor a sua verdade e moldar-me àquilo que acham que o público quer?” Barrington Hendricks andou nessas batalhas e finalmente libertou-se; mas há quem ainda ande na guerra.
Há mais: Chelsea Carmichael (The River Doesn’t Like Strangers), Playboi Zuka (VOID), Diogo (Sempre Para Diante), Helado Negro (Far In), Grouper (Shade), Fetty Wap (The Butterfly Effect), Wale (Folarin II), Pouya (Blood Was Never Thick As Water), YeezYuri & Léo Stunna (GoddamnStunna), Xeg (Temperança), Yen Sung & Photonz (Angel Rights) e Willie The Kid & V Don (Catch Me If You Can) dão o contributo extra para a produção desta semana.
[JPEGMAFIA] LP!
A versão oficial de LP! está no Bandcamp. Por lá, JPEGMAFIA conta a sua história malfadada com a indústria musical e as limitações que sentiu enquanto parte dela. A partir de agora, liberdade. Da real. E 20 faixas em que reafirma a sua visão alternativa e particular daquilo que o rap pode ser em 2021. Quando falarem dele, metam sempre pontos de exclamação no final.
[Ross From Friends] Tread
Entre um álbum e outro, a IDM espinhosa de Ross From Friends só ressurgiu no EP Epiphany, de 2019. Tread é o grande regresso de Felix Clary Weatherall (não relacionado com Andrew Weatherall) aos discos. Pulso firme para frequências que sondam e deslizam pelo subconsciente, inventadas num plugin que o produtor criou para se ver livre da complicação de gravar instrumentos num computador, para que uma jam não fosse interrompida pelo pensamento de “oh não, preciso de gravar isto!” — tudo estava sempre a ser gravado. E esse “tudo” rendeu uma biblioteca de samples que originaram Tread — trilhem-no com cautela.
[Stereossauro] Desghosts & Arrayolos
O sucessor de Bairro da Ponte (2019) acaba de aterrar e, ao contrário desse, procura as canções radiofónicas em vez da exploração através do sampling do fado. Os verdes anos de Stereossauro já lá vão e, em 2021, ele sabe bem o que quer e quem quer a seu lado — neste caso, Carlão, xtinto, New Max, Manel Cruz, Sara Correia, Ricardo Ribeiro, MC Zuka, Aurea, Marisa Liz, Blaya, Selma Uamusse, Maria Emília, João Pedro Pais, Ana Bacalhau e Mitó.
[Majid Jordan] Wildest Dreams
Os sonhos mais loucos que já tiveram? Os dos Majid Jordan são mais selvagens do que isso. A dupla da OVO continua comprometida com criar temas de synth-pop-r&b bem gélido a partir do Canadá e chamaram o chefe Drake (em “Stars Align”) para dar uma mãozinha — Swae Lee e Diddy são as outras participações creditadas. Esperem só mais um bocado: Majid Al Maskati e Jordan Ullman ainda fazem valer o preço da viagem.
[aya] im hole
Desta vez, im hole não é um tweet sórdido proveniente da stan culture — é o título de um álbum que mescla pigmentos de garage com tons de jungle e suspiros de IDM. Trata-se da estreia discográfica de aya, após ter inutilizado o seu pseudónimo anterior (LOFT). Pela chancela da Hyperdub, um álbum que a Boomkat descreve como “queered, arrebatador e melancólico”, produto de um futuro que é necessariamente agora.
[Lonely Guest] Lonely Guest
Tricky é o grande obreiro de Lonely Guest, projecto que resulta de uma reacção em tempos de isolamento pandémico. Joe Talbot, Marta, Oh Land, Murkage Dave, Lee “Scratch” Perry, Rina Mushonga, Kway, Paul Smith e Breanna Barbara juntam-se ao autor de Maxinquaye (1995) e fundador da False Idols para um disco que procura as mesmas ambiências tensas de sempre. Com a faca ao pescoço, metaforicamente falando…
pub