É sabido que a sexta-feira é sinónima de nova música, mas é hora de a abraçar como um portal para dimensões novas, dissonantes e vertiginosas. Se seguirem a nossa palavra, podem lançar-se numa viagem que vai do hip hop cáustico de JPEGMAFIA à pop mutante de Charli XCX, ou do luxo sónico de Kojey Radical à batida renovada de DJ Firmeza, e ainda ao novo manifesto de Elza Soares.
Percursos igualmente recomendados são o rap confessional de Conway the Machine, o r&b vincado de Peyton e a Alameda 1000 de Holly. E não esquecer a grande estreia da rapper Sampa The Great, com quem o Rimas e Batidas conversou. Nada mau para o fim do Verão.
[JPEGMAFIA] All My Heroes Are Cornballs
Chegou o momento em que podemos partilhar do desconforto sentido por James Blake, Flume ou Injury Reserve. All My Heroes Are Cornballs é o sucessor de Veteran, trabalho que celebrizou JPEGMAFIA como o novo herói do hip hop experimental. É um disco em que a abrasão típica do infame Peggy, também produtor do disco, se torna expansiva e carismática; há contributos adicionais de Vegyn, Helena Deland, Abdu Ali e até um sample de “No Scrubs” das TLC.
[Elza Soares] Planeta Fome
Regra número um: nunca negar uma força da natureza. Elza Soares, cuja carreira de mais de 50 anos a faz dispensar introduções, poderia estar a desfrutar sossegadamente do estatuto de lenda — mas há um Brasil pelo qual lutar. Depois do renascimento em A Mulher do Fim do Mundo e a sequela de Deus É Mulher, Planeta Fome é a sua resposta a um país quase em estado de sítio permanente, naquele que é o seu 34º álbum.
[Kojey Radical] Cashmere Tears
Quando procurámos saber mais do seu novo projecto, Kojey Radical respondeu-nos que seria a “melhor coisa que já [ouvimos] na vida”. Agora, é altura de o pôr à prova em Cashmere Tears, um disco de sonoridade expansiva e cálida que, com a ajuda do produtor Swindle — e conforme diz à DJBooth — , faz da melancolia um luxo.
[Charli XCX] Charli
Duas mixtapes em 2017 bastaram para colocar Charli XCX na proa do pop experimental e gloriosamente desajustado. Foi nesta estética que se construiu Charli, que apesar de suceder ao condecorado Pop 2, é o primeiro álbum da artista desde 2014. Um esquadrão de convidados — Lizzo, Yaeji, Tommy Cash, Big Freedia, CupcakKe, Christine and the Queens, HAIM, Brooke Candy ou Pabllo Vittar — completam a visão mutante da pop que nos traz XCX.
[DJ Firmeza] Ardeu
“Pode chamar!” Uma das promessas maiores da Príncipe Discos dá a sua primeira grande cartada desde 2015, quando Alma do Meu Pai lhe deu atenção internacional. Ardeu é o novo EP de DJ Firmeza, que aposta a sua artilharia percussiva e vocal a afinar novamente a sua batida, jogando com as coordenadas do techno e do kuduro.
[Holly] Alameda 1000
O produtor das Caldas da Rainha vê a sua carreira seguir de vento em popa há anos, mas 2019 foi um ano de expansão particular — graças a uma performance vencedora no Coachella. Alameda 1000 é o segundo EP que edita após esse marco, depois de Avenal 2500, e conta com um freestyle de ASAP TyY e a presença de Gunplay.
[Peyton] Reach Out
De Houston para o mundo, a cantautora Peyton (colaboradora de Steve Lacy) colhe agora os frutos de um recente contrato com a Stones Throw Records. O EP Reach Out, de forte matiz r&b dos anos 90, é o seu primeiro trabalho desde o álbum Peace in the Midst of a Store, lançado quando ainda era independente.
[Conway the Machine] Look What I Became
Entre um EP, um álbum e um projecto, a categorização torna-se difícil; certo é que há novos sons de Conway the Machine. Da cidade nova-iorquina de Buffalo, o rapper chega com Look What I Became, um registo cru, à velha guarda, que recupera a história de, em 2012, ter sido alvejado. O lançamento antecipa God Don’t Make Mistakes, o seu álbum de estreia, que terá a chancela da Shady Records — editora de Eminem, com quem colaborou no single “Bang”.