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Em tempos de recuperação de alguma normalidade nas vossas vidas, o volume de produção (quer dizer, de edições até é capaz de ser mais correcto) recuperou os valores pré-pandémicos. E isso significa que existe mesmo muita música nova a borbulhar por aí, mas nós ficámos pelas nossas habituais seis escolhas: uma abordagem ao som para anime, duas reflexões sobre a vida num mundo com COVID-19, um conjunto de canções de rap refinado pelo underground, uma primeira apresentação com potencial para conquistar o território português e mais um vislumbre da visão de um dos mais importantes arquitectos sónicos da sua geração são as apostas desta semana.
Mas há mais: J. Period (J.Period Presents… Story to Tell (Chapter One)), DJ Khaled (KHALED KHALED), Shelley FKA DRAM (Shelley FKA DRAM), Paulo Flores (Independência), AG Club (Fuck Your Expectations PT.2), Homem em Catarse (Sete Fontes) e Leon Vynehall (Rare, Forever) também têm trabalhos cá fora.
[PZ] Selfie-Destruction
“Este foi o disco que me fez sentido fazer nesta altura surreal das nossas vidas. Expus-me e atirei-me de cabeça nestas músicas nuas e cruas onde deito cá para fora o que vai cá dentro. Algumas refletem estes tempos, outras nem tanto”. É desta forma que Paulo Zé Pimenta (PZ) apresenta o seu sexto álbum, Selfie-Destruction, um “auto-retrato” de um artista em reclusão forçada. Esta mensagem vai auto-destruir-se em 10 segundos…
[Flying Lotus] Yasuke
Já há um samurai negro em acção na Netflix e a banda sonora é de um cientista dos laboratórios da beat scene de Los Angeles, que também acabou por contribuir com “ideias etéreas” e “conceitos espirituais” para a narrativa. Lançado através da Warp Records, o projecto reflecte a vontade de Flying Lotus em ajudar o protagonista a ganhar batalhas, procurando dinâmicas (e a música vai, muitas vezes, à procura do seu jazz-rap-funk cósmico) que façam jus a essa força. Thundercat, Niki Randa e Denzel Curry são os seus ajudantes nessa missão.
[DAWN] Second Line
Se os enfermeiros estiveram na primeira linha de batalha contra o COVID-19, os artistas estiveram numa espécie de segunda fase de defesa pela sanidade mental nessa mesma luta. A meio do processo de criação deste álbum, Dawn Richard foi confrontada pela pandemia e pelo pressentimento que se calhar isso seria um sinal que deveria parar de fazê-lo. A mãe disse-lhe para fazer exactamente o contrário e foi assim que chegámos a Second Line, uma forma de homenagear o som de Nova Orleães, começar o “revivalismo do electro” e “mostrar que a cultura negra como progressiva e inovadora”.
[The Alchemist] This Thing Of Ours
The Alchemist continua, e isto já vem de há muitos anos, a dar-nos instrumentais que ficam. Desta vez, o produtor americano convidou Earl Sweatshirt (que aparece em dose dupla), Pink Siifu, Navy Blue, Boldy James, Sideshow e Maxo para criarem uma “coisa” deles — vanguardista e com classe nos versos e nos beats, este é um EP irresistível. Que alquimia é esta?
[Nayr Faquirá] Misturas
Demos de caras com Nayr Faquirá esta segunda-feira e ficámos logo encantados pela sua voz e sensibilidade r&b. Disponibilizado hoje, Misturas, o seu EP de estreia, inclui as recomendáveis “Se” e “Não Penses Nisso” (com Valete) e apresenta seis faixas novas em que também explora a escrita e entrega em inglês. Na hora de fazer “Escolhas”, o melhor é sempre misturar. Acreditem na Nayr.
[Burial + Blackdown] Shock Power of Love EP
Sem aviso prévio, Burial voltou (acompanhado por Blackdown) aos lançamentos. “Dark Gethsemane” e “Space Cadet” são as duas contribuições e tudo nelas são William Bevan: músicas de soul electrónica à moda de Londres que mais se parecem com autênticas (e densas) curtas-metragens. Ponham os capacetes: é a altura certa para sentirmos esta injecção de poder de choque de amor do duo…
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