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Texto: ReB Team
Fotografia: Vera Marmelo
Publicado a: 10/01/2023

A caminho de um novo tumulto musical panafricanista.

Scúru Fitchádu: “Estamos em tempos de informação e desinformação, de alienação e apropriação”

Texto: ReB Team
Fotografia: Vera Marmelo
Publicado a: 10/01/2023

A notícia chegou ontem: Nez txada skúru dentu skina na braku fundu, próximo álbum de Scúru Fitchádu, aterra nas plataformas de streaming já esta sexta-feira, dia 13 de Janeiro.

Estreou-se com um EP homónimo em 2017, arrasou todo e qualquer palco por onde passou e, mesmo antes de “rebentar” a pandemia, inscreveu o seu nome num primeiro longa-duração, Un Kuza Runhu, há precisamente três anos. A consistência nas descargas musicais de adrenalina e suor ninguém lhe tira, mas Marcus Veiga quer alargar horizontes e abraçar novas frequências através de mais um disco, conforme dava conta à nossa redacção ainda durante 2022, por alturas do lançamento de “Strada Noti”, a primeira canção revelada de Nez txada skúru dentu skina na braku fundu:

“Sou livre em fazer o meu próprio caminho, não sendo previsível, nem me resigno à gaveta em que me colocam constantemente — ao lugar dos últimos ou do palco secundário dos ‘e muitos outros’ ou dos ‘entre outros’ onde não interessa o que é feito ou dito, porque apenas é barulho, suor e música selvagem e todos esses chavões que encontraram para me colocar desde 2017.”

Com uma capa assinada pelo artista visual mindelense Alan Alan e, pela primeira vez, com convidados confirmados no alinhamento — como Cachupa Psicadélica e Henrique Silva (de Acácia Maior) — Scúru Fitchádu conceptualizou o sucessor de Un Kuza Runhu como sendo o resultado de “dinâmicas sociais do espetro urbano, estabelecendo um paralelismo direto entre as conjunturas do ambiente contemporâneo e os fraturantes movimentos revolucionários panafricanistas,” com recurso a “sonoridades experimentais, batidas pujantes, baixos distorcidos e samples que contam histórias sempre sob uma omnipresente tutela afro.”

Convidado a debruçar-se um pouco mais sobre estas ideias que defende no comunicado enviado ao ReB, o prolífico músico de Almada não demorou a dar-nos uma visão mais minuciosa daquilo que o levou a imaginar este seu próximo Nez txada skúru dentu skina na braku fundu, que se traduz “Nesta achada escura na esquina num buraco fundo”:

“Estamos em tempos de informação e desinformação, de alienação e apropriação, onde o discernimento pessoal parece fusco e envolto numa neblina. Neste disco estabeleço um paralelismo entre as lutas dos movimentos de libertação africanos e a atual procura de respostas para este quadro em que vivemos. A conjuntura social atual, o discurso fácil e conduta tóxica, exigem acima de tudo uma reorganização das nossas prioridades. E é assim que trago para estas novas canções os samples, as metáforas, as roupagens e o protesto, toda uma linha condutora dos fragmentos deixados por esses mesmos movimentos revolucionários. Inspiro-me nas lutas de libertação africanas acima de tudo, é este o conceito.”


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