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Fotografia: Michael Ochs Archives/Getty Images
Publicado a: 17/08/2018

A artista norte-americana deixou-nos aos 76 anos.

Samplar sem macular: 11 músicas que honram a memória de Aretha Franklin

Fotografia: Michael Ochs Archives/Getty Images
Publicado a: 17/08/2018

O legado de um artista é algo muito importante. Afinal de contas, é a única coisa que permanece depois da morte. É, pode-se dizer, o verdadeiro pós-vida. Cada vez que se canta, toca ou mostra a outra pessoa uma canção de alguém que já não se encontra entre nós, a alma (que, de certa forma, está trancada nesses pedaços de música) vai perpetuando a sua estadia no plano físico.

A utilização de samples ganhou maior ênfase com o surgimento e, mais tarde, a popularidade do hip hop, dando novas vidas a faixas que já estavam esquecidas ou, noutros casos, a temas bastante conhecidos do público. Aretha Franklin, uma das vozes que viverá até ao fim dos tempos, deixou-nos ontem, mas a sua extensa obra já estava a ser celebrada há décadas através do sampling.

Da popular “Ms. Fat Booty” à desconhecida (e portuguesa) “Palingenesia”, o cancioneiro universal reciclou a voz e a música da rainha da soul e engordou a sua discografia para lá do que será quantificável. Por aqui, “Respect” máximo pela vida e obra de Aretha Franklin.


[Outkast] “Jazzy Belle”

A primeira canção desta lista pertence aos Outkast. Os Organized Noize, equipa de produção do colectivo Dungeon Family, esteve por trás dos instrumentais de ATLiens, o segundo disco da icónica dupla de Atlanta, e escondeu um sample de “Rock Steady”, faixa que fez parte do alinhamento de Young, Gifted And Black, álbum de 1972, em “Jazzy Belle”.


[Capone-N-Noreaga] “Halfway Thugs”

O disco mais celebrado da dupla de Queens, Nova Iorque, segue as linhas do hip hop da Costa Este e eleva-se entre os demais como uma peça única num quadro competitivo (em 1997 saíram álbuns de Camp Lo, Notorious B.I.G., Wu-Tang Clan, Puff Daddy, Company Flow, Gravediggaz, Busta Rhymes, EPMD, Jay-Z, Rakim, Mase ou MC Lyte). Com instrumental de Charlemagne, “Halfway Thugs”, a 14ª canção do longa-duração, recupera “A Change Gonna Is Come”, uma versão de Aretha Franklin da música de Sam Cooke.


[Mos Def] “Ms. Fat Booty”

Um dos grandes clássicos do hip hop contém um sample de “One Step Ahead”, single lançado em 1965. Ayatollah, o produtor de serviço, não se coibiu e utilizou a voz da rainha da soul para colorir um beat que abriu espaço para os versos memoráveis de Mos Def. Intemporal.


[Styles P] “The Life” feat. Pharoahe Monch

O amor de Ayatollah por Aretha Franklin deveria ser tão grande que voltou a recuperar a voz da cantora para o instrumental de “The Life”, tema incluído no alinhamento do álbum de estreia a solo de Styles P, membro dos The LOX. “The Long and Winding Road” é uma música original dos The Beatles que mereceu, em 1972, uma versão ligeiramente diferente por parte da diva norte-americana. Neste caso, ganhámos a triplicar…


[Kanye West] “School Spirit”

“Spirit in the Dark”, single lançado em 1970, também teve direito ao tratamento “chipmunk soul” que Kanye West celebrizou. Quase irreconhecível, a voz de Aretha surge como outro elemento rítmico da faixa do disco de estreia do rapper e produtor de Chicago, aparecendo pontualmente para lembrar-nos que, mesmo que praticamente “desfigurada”, seria capaz de sobressair.


[Sean Price] “Bye Bye” feat. Buckshot

Yeezy acelera, Khrysis desacelera. A faixa com os dois titãs do rap nova-iorquino só melhoraria com o sample de “No One Could Ever Love You More”, música do disco Sweet Passion (1977). E dificilmente existiria melhor companhia para rimar sobre amores e desamores…


[Evidence] “My Way 90291”

“Who’s Zoomin’ Who”, canção de um dos álbuns mais bem-sucedidos comercialmente de Aretha Franklin, transformou-se noutra coisa completamente diferente nas mãos de Evidence, rapper e produtor dos Dilated Peoples. Mais lenta e sensual, “My Way 90291” foi a base de “On Your Way”, single de Planet Asia que foi lançado dois anos antes do autor de Weather or Not colocar o beat na sua The Purple Tape Instrumentals, de 2008.


[Czarface] “Cement 3’s” feat. Roc Marciano

7L e Spada4 recortaram o piano da parte inicial de “Cry Like a Baby” e montaram o resto do espectáculo à sua volta. Esoteric, Inspectah Deck e Roc Marciano juntaram-se à festa e desfilaram, sem grandes dificuldades, os seus versos e flows. “Cement 3’s” entrou no alinhamento do álbum de estreia do supergrupo norte-americano.



[Mura Masa] “day 23: Have Faith in Me”

E é aqui que começamos a sair do hip hop norte-americano e passamos a navegar noutras águas. Em 2014, Mura Masa, prodígio britânico que rebentou totalmente com o seu álbum de estreia, em 2017, andava a experimentar diferentes abordagens nas suas produções e “day 23: Have Faith in Me” capturou um dos momentos em que deixou a voz de Aretha Franklin (retirada de “People Get Ready”) e o espírito de Kanye West tomarem conta do seu corpo. Um instrumental luxuoso que não passou despercebido: 1 milhão de plays no SoundCloud. Merecido.


[azul-revolto] “Palingenesia”

O único exemplo nacional nestas escolhas pertence ao projecto azul-revolto. “Palingenesia”, do EP Ouija, repesca “Wonderful”, faixa que venceu um GRAMMY em 2003, e inclui a voz de Aretha num instrumental que explora um universo pós-dubstep e onírico.


[Rapsody] “Laila’s Wisdom”

De Nina Simone para Aretha Franklin e de Aretha Franklin para Rapsody. Neste caso, Nottz, o produtor de “Laila’s Wisdom”, faz a ponte entre as duas últimas, servindo um instrumental superlativo que, como é óbvio, assenta que nem uma luva à rapper da Carolina do Norte.


https://open.spotify.com/user/spotify/playlist/37i9dQZF1DX6bJVMtDYJHx?si=aImTGjXuTRW8T793WRrafA

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