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Fotografia: Eva Fisahn
Publicado a: 28/06/2021

Canções tristes para gente feliz.

Rita Vian: “Tive que arranjar uma causa para esse lado caótico das coisas”

Fotografia: Eva Fisahn
Publicado a: 28/06/2021

Lançado de surpresa na passada sexta-feira, CAOS’A é o EP de estreia de Rita Vian. Editado pela Arraial (braço editorial da Arruada), o primeiro projecto da artista lisboeta é totalmente produzido por Branko e conta com cinco faixas que a apresentam em nome próprio como uma existencialista-romântica que se encontrou, pelo menos por agora, no casamento entre a música electrónica e o lado mais afadistado de se cantar.

O seu nome não é totalmente desconhecido no meio, mas só agora Rita começa realmente a reclamar o seu lugar ao sol. O piano foi onde se iniciou, mas a experiência musical em família ia muito para além disso, tornando-se parte crucial na sua formação enquanto criadora:

“Os meus pais sempre tocaram instrumentos de ouvido, toda a minha família toca e canta alguma coisa. A minha avó também tocava piano e eu comecei a imitar as músicas que ela tocava. A minha mãe também compunha e cantava mas não tem nada a ver com a profissão dela — ela é professora. Sempre foi uma coisa muito natural e nunca foi uma coisa muito séria para ninguém à nossa volta. Portanto, para mim e para os meus irmãos, tocar sempre foi normal. Era uma maneira de se estar em família, tanto que eu acho que isso tem muito a ver com a minha relação com a música. Sempre dei muito tempo e espaço a esperar que chegasse algo em que eu me sentisse bem.

Havia em minha casa algumas canções que a minha avó tinha em partituras que eu nunca encontrei em lado nenhum. Não eram músicas que se cantasse na altura na rádio e que eu acabei por nunca encontrar mais tarde em adolescente no YouTube, então acabaram por ficar as músicas que se cantavam lá em casa e nunca ninguém questionou nem falou sobre isso. 

Quando comecei a escrever as minhas primeiras músicas, percebi que havia ali um caminho que tinha muito a ver com essas canções antigas. Fui à procura delas e não as encontrei. E durante a escrita deste EP pedi a um tio meu que me enviasse aquelas partituras, que ele estava lá a viver nessa casa por causa da quarentena. E as músicas eram fados. Só que todos esses fados que nós sempre cantámos, para além de nunca terem tido uma guitarra por trás — de vez em quando tinham um piano –, eram todos em acapella. Eu nunca associei aquilo a fado, para lá da melodia, obviamente. Nunca associei o fado a uma coisa tradicional com uma guitarra por trás ou que era assim que se ouvia o fado. Tenho um primo meu que também canta fado — um outro lado da família que canta fado –, mas como o meu lado nunca passou por aí depois transportei isso para a minha vida cantando sempre fado acapella.

Vem dessa história familiar, mas também de eu nunca ter tido um nome para aquilo. E isso deu-me sempre muita liberdade para fazer tudo, em todo o tipo de música que eu fiz a minha maneira de cantar foi sempre a mesma. Mas as melodias que eu trago na cabeça já vinham com esse registo que para mim não tinha um nome mas que naturalmente tem uma conotação fadista. Apesar de eu achar que depois a simplifico de alguma maneira, tem sempre esse lado fadista nas melodias que eu encontro. 

Apesar de actualmente a encontrarmos perto de um dos co-fundadores da Enchufada, a verdade é que a sua descoberta enquanto cantautora solitária faz-se ao lado de dois membros da Think Music, benji price e Mike El Nite, um dos seus melhores amigos. “Carmen“, que fez parte do EP Inter-Missão (2018), dava-nos uma primeira amostra de onde poderia ir Vian.

“Nenhum dos meus amigos teve alguma coisa relacionada com fado; eram todos rappers ou assim. Eu, às vezes, cantava de madrugada para eles. Pediam-me para cantar um fado e eu cantava fados que aprendia sozinha de fones — sei muitos fados mas todos aprendidos sozinha e em acapella. Houve um dia em que o Miguel veio ter comigo à Praça da Figueira e perguntou se eu não queria fazer umas vozes para um novo disco, porque um dos fados que eu canto muito é a ‘Carmencita‘, e acabei por fazer aquela parte toda”, conta-nos em conversa no quiosque localizado no miradouro de Santa Catarina, em Lisboa. “Eu fiz a ‘Carmen’ com o Miguel e já estava a começar a escrever algumas dessas músicas, mas depois demorei muito tempo na minha cabeça a definir por onde é que ia. Apesar de já conhecer muitas pessoas na altura, eu queria escolher bem as pessoas com quem ia trabalhar. E só comecei quando o Miguel disse que o benji price seria uma boa pessoa e que ele gostaria de falar comigo. E eu fui lá ter com ele e foi mais ou menos aí que começou. Foi em 2018, para aí.”

João Ferreira seria fundamental para dar o passo mais complicado:

“O benji masterizou a ‘Carmen’ e foi a primeira pessoa que me disse que queria trabalhar comigo e que me sentou para fazer as ‘Diágonas‘. Eu fui para lá para a Think Music e ele disse-me uma coisa bastante importante e que me ajudou: “eu quero que te sentes ao computador e me expliques o que é que tu farias se conseguisses produzir uma música tua”. Ele não fez a produção da música, eu é que lhe fui dizendo… depois passava uma semana e eu mandava um voice a dizer, ‘olha, estou a ouvir uns tambores’. E ele, ‘ok, vou-te dar uns exemplos’. Dava-me isso. Eu ia lá noites e noites a fio — trabalhávamos à noite depois do meu trabalho. Ele ajudou-me a produzir a minha própria música e isso deu-me super força, não porque chegámos a uma conclusão brilhante, mas só por ele ter essa fé. Depois teve para masterizar a ‘Sereia‘ mas entraram outras pessoas pelo caminho — o Franklin Beats, etc. É uma questão de tempo, às vezes. Eu segui outro caminho, mas o benji foi uma pessoa que me deu muita força ao longo do tempo.”

Enquanto os seus temas mais contidos, “Diágonas” e “Sereia”, estavam em processo embrionário, a cantautora crescia dentro de uma banda, os Beautify Junkyards, que, tal como a sua música, vive num plano diferente:

“Eu conheci o João Pedro [Moreira] numa aventura que tive num programa de televisão. O João acabou por me convidar para ir cantar… na altura começaram a surgir convites para experimentar ser vocalista de algumas bandas, mas o João convidou-me para ir lá ter com ele a Alcântara e havia um lado muito experimental nos Beautify que na altura me seduziu muito. E eu acabei por ficar, criei uma relação com eles todos e fui-me descobrindo — aquilo que fazia parte de mim e aquilo que não fazia. Fiz algumas experiências de composição e escrevi uma [‘Pés na Areia na Terra do Sol‘] das músicas de todas as que lançámos. Fazia sempre as minhas próprias melodias, mas sempre foi um projecto muito direccionado e muito estruturado.

Tive outras propostas na altura e todas elas eram muito estanques e essa era uma coisa que não me interessava muito. Eu sempre quis procurar um caminho e nunca tive muito receio do tempo que passasse. Lembro-me de falar com amigas minhas que já estavam a meio de uma carreira musical na altura e me diziam que achavam que eu tinha sorte de ainda não ter encontrado esse caminho porque estava-me a dar mais tempo para lá chegar. E eu sempre tive muito esse cuidado. Nem se trata de paciência, foi mesmo cuidado. Sempre soube que era isto que eu queria fazer e isso sempre me deu muita segurança. Então deixei-me estar até escrever a ‘Diágonas” e a ‘Sereia’, que foram mais ou menos na mesma altura, mas saíram com um ano de diferença.”



A sua contenção em termos rítmicos terminou, para nós, quando escutámos a remistura de Branko para “Sereia” — logo depois ouvíamos “Purga” e pensávamos que havia uma mudança definitiva de direcção causada directamente por essa versão, mas a história era outra:

“Eu comecei a fazer a ‘Purga’ um dia antes de lançar a ‘Sereia’. E lancei a ‘Purga’ depois do remix do Branko. Mas eu não conhecia o Branko quando acabei de escrever a ‘Purga’. Nunca tinha falado com ele. E o [Pedro] Trigueiro [o chefe de operações na Arruada e na Arraial] falou comigo a perguntar, ‘então, fizeste coisas novas?’ Eu enviei-lhe a ‘Purga’ e ele enviou ao Branko.”

“Plana” foi a primeira canção original que Vian e Branko fizeram juntos, uma faixa inicialmente pensada para um projecto do DJ e produtor. A essa juntaram-se mais quatro:

“Eu fui sempre procurando pessoas que achasse que pudessem fazer este casamento entre a música electrónica e o lado mais afadistado/mais português de cantar. Deixava-me sempre com a sensação de que era para uma música e depois? Tinha sempre essa frustração escondida de não saber o que é que se seguia porque precisava de alguém que estivesse um bocado ao meu lado — estares completamente sozinho, que foi sempre o meu processo, a fazer uma coisa é estares a atirar ideias contra a parede e elas voltam iguais. Não tens retorno de opinião. E o Branko apareceu porque ouviu a ‘Sereia’ e gostou muito. Convidou-me para ir ao estúdio um dia para fazermos uma música. Acabámos por fazer a ‘Plana’, que é a primeira música do disco, e ele convidou-me para ir à Serra da Estrela, de onde saiu esse remix. E depois ficou com curiosidade. Às tantas eu enviava-lhe coisas a meio do trabalho que me lembrava de ouvir de conversas de clientes, muitas frases de clientes — coisas que, quando tu apanhas conversas durante dois segundos, parecem ideias brilhantes. Eu ia escrevendo essas ideias, ia musicando essas frases e havia umas que ele gostava mais do que outras, havia umas que ele tinha mais fé que se desenvolvessem — eu enviei muitas. E, de repente, tínhamos um conjunto bastante grande de músicas de onde era suposto terem saído três, mas eu era um bocadinho mais ambiciosa, até queria que tivessem sido mais.

Como eu lhe enviava as coisas vindas da minha cabeça, nunca existia uma rede de referências, houve simplesmente um trabalho de pesquisa de: para onde é que pode ir sem ir para nenhum sítio que já seja mais conhecido. Mas foi um processo natural, nunca pensámos muito nisso, as coisas foram rolando.”

O trabalho foi feito recentemente, mas o título já estava guardado há muito tempo, desde que pensou pela primeira vez na criação de um disco:

“A minha vida nunca foi muito organizada, não tive um trajecto muito comum, tanto na vida tradicional que toda a gente tem em termos de trabalho e o que nos acontece a crescer — pagar contas, arranjar uma casa, tudo isso –, como também na minha vida pessoal. Foi sempre um pouco complicado, apesar de ser um lado sobre o qual eu me abro pouco, são coisas sobre as coisas escrevo e é muito por isso que eu escrevo: tive que arranjar uma causa para esse lado caótico das coisas, e é uma sorte poderes escrever e cantar e teres essa capacidade — é muito importante saberes racionalizar as coisas que tu sentes e teres a capacidade de as transpor para alguma coisa física em que quase que as resolves de alguma forma na tua cabeça. Em vez de teres aquelas coisas clássicas que se dizem sobre arrumar ideias, pensamentos e emoções em gavetas para as resolveres, tu consegues mesmo arrumá-las de uma forma mais bonita, e embelezas uma coisa que para ti é complicada. Muitas vezes é até a escrever que chegas a alguma das conclusões sobre coisas que pensas diariamente e sobre as quais nunca chegas a lado nenhum.

Dentro desse caos, houve um dia em que estava a pesquisar coisas na Internet e vi duas palavras juntas, uma ao lado da outra, que era ‘caos’ e ‘casa’. Era sobre uma loja de tatuagens algures no mundo. Sabia que inevitavelmente um primeiro projecto em que eu me abrisse e escrevesse sobre mim teria que ter esse sentido. E por mais caóticas que sejam as minhas decisões e aquilo que vivi, eu sempre tive uma causa ligada a isso que me ajudou a percorrer este caminho e a chegar a casa com um alento de pensar, ‘este dia não foi bom, mas eu vou escrever sobre isto e tirar partido disto’. Conseguires usar tudo o que tu tens de mau e de bom para seguir em alguma direcção, mesmo que não o uses para escrever, eu acho que isso é a conjugação perfeita de qualquer forma artística: tu saberes trabalhar as tuas emoções a um ponto em que até já se torna uma terapia, uma coisa saudável para a tua vida, e eu resolvi-me assim. Resolvi-me nesse título.”

Aliada à entrega vocal que vai buscar traços de expressividade ao fado há também um lado poético que se destaca. Neste primeiro conjunto de músicas, Vian conseguiu atingir o que pretendia artisticamente através de um processo em que se desligou do meio que a rodeava:

“Quando estou metida numa coisa, eu isolo-me muito de tudo. Mais depressa vou à procura de coisas que me ajudem a chegar a uma escrita — ver um filme, folhear um livro — mas ir buscar ideias a coisas soltas. Dar um passeio sem razão nenhuma. O mais desligado de coisas em concreto possível. Acho que não estar em lugares que me sejam comuns, ir para sítios novos, descobrir um sítio novo que não relaciono com nada para escrever. Isso ajuda-me a estar comigo sem estar a pensar nas coisas que eu vivi naquele sítio. Gosto de estar em sítios neutros e espaços onde não sou influenciada por nada nem ninguém para conseguir chegar a um caminho que eu depois vou ouvir as músicas e penso, ‘ah, fartei-me de ouvir aquele disco durante isto e agora sinto que vou estar aqui neste caminho’. Gosto muito de chegar à conclusão de que estou a ouvir uma música e não sei onde é que eu a fui buscar, mas vou continuar nessa curiosidade.

Tenho muito esse cuidado porque não é uma coisa que eu pego na guitarra e dali, daqueles três acordes, veio alguma coisa. É algo que de repente vem-me um flash e chegou-me uma melodia e se eu tiver a trabalhar tenho que ir a correr a algum canto cantar para o telefone. Depois espero três ou quatro dias para ver se aquilo me lembra alguma coisa ou se é algo que eu posso continuar a trabalhar para chegar a algum sítio fixe.”

Os meus pais tocavam e cantavam muito mas eles nunca escreveram assim tanto. A minha adolescência teve muito de gostar de ouvir hip hop, pela questão fonética e pela questão da rapidez de pensamento e de eu gostar desse ritmo — se pensares muito e se ouvires uma música com uma palavra mais acelerada, isso a mim ajuda-me, gosto do som das palavras rápidas, de tudo o que está por trás de uma música que tu ouves em quatro minutos e que não pensas na quantidade de texto que está ali metido dentro. Isso interessa-me muito no hip hop. E depois o lado mais português, mais fadista, mais saudosista, tentar reconstruí-lo um bocado, que é uma luta que eu tenho comigo muitas vezes, de escrever duas ou três coisas e só a quarta é que eu consigo tirar um lado positivo das três músicas tristes que fiz. Gosto muito dessa superação. Acho que as minhas melodias saem automaticamente muito tristes e eu vou sempre à procura de um lado luminoso nisso. Gosto desse desafio. As melodias têm sempre um lado mais dramático, mais fadista. E eu acho que o lado electrónico compensa muito e equilibra muito esse resultado final.

Eu fui, durante a produção do EP, ter com dois amigos meus para ouvir guitarra portuguesa e viola em cima de algumas músicas e acabei por decidir que não fazia sentido. Senti que entornava tudo para um lugar comum. E perdia aquilo que me faz reconhecer-me numa canção. Eu adoro ir a uma casa de fados, sentar-me a ouvir uma guitarra portuguesa — tudo isso é, obviamente, mágico. Mas, e de certeza que um dia vou ter guitarra portuguesa ou viola nalguma canção, se ouvir um primeiro projecto meu prefiro que ele tenha esse lado meio despido da maneira como eu faço as canções. Até foi assim que as canções foram todas parar ao Branko, em acapella. Eu acabei sempre por construir a música no silêncio e enviar.

Em Maio passado, falávamos por aqui de um grupo de nomes que, a partir de sítios diferentes mas com um pendor semelhante, parecia estar a alavancar a música portuguesa para outras paragens — Rita Vian era, obviamente, destacada. Pedro Mafama, João Não, Ana Moura, e Conan Osiris também faziam parte desse artigo a que demos o título “Os desfados da nova pop“, e último foi o responsável por uma espécie de epifania para a autora de CAOS’A:

“O Miguel, o Mike El Nite, sempre trouxe muitos artistas para as nossas festas de amigos que para nós eram mindblowing, do tipo ‘onde é que tu foste buscar isto?’ E ele, ‘ontem estava no SoundCloud e descobri…’ Eram o ‘1Ovni‘ e o ‘QMD‘ do Conan Osiris. Nós ouvíamos aquilo de madrugada aos saltos na rua. E ele a dizer, ‘pá, ontem mandei-lhe uma mensagem mas o gajo não dá concertos’. E nós todos muito tristes. Houve um dia que ele mandou mensagem a dizer ‘vem ter ao Teatro da Trindade’. Eles fazem anos no mesmo dia ou com um dia de diferença. ‘Estou aqui eu e o Conan Osiris’. E eu, ”tás o quê?’ E fomos todos a correr para lá.

Eu vejo muita libertação ali, liberta-me imenso, foi das primeiras vezes que eu senti que aquela voz e aquela maneira de cantar eram portuguesas e estavam num sítio completamente diferente. E isso libertava-me imenso. Fossem quais fossem as músicas daquele disco, que até eram bastante diferentes umas das outras, ritmicamente falado, e havia coisas que nem sequer se sabe que língua é que estava a falar. Para mim era super libertador estar a ouvir aquilo e a pensar, ‘fogo, ainda bem que isto existe, mesmo que ele não toque ou não faça nada, ainda bem que isto existe, isto tinha que existir algum dia’. É impossível tu estares em Lisboa e não seres directamente influenciado por tudo o que acontece à tua volta e isso não resultar numa flor qualquer.

Mas isto para dizer que esse lado do Conan deu-me um alento que eu ainda não tinha tido, por exemplo. Foi uma coisa de ‘porra, isto existe, isto faz-se’. E na altura foi: de que mais formas é que isto vai surgir? Eu tenho curiosidade de saber mais sobre isto. De ouvir mais disto. Não foi nada consciente, quando dei por mim estava a construir as minhas músicas e não me estava a ver a ir no caminho do Conan Osiris, estava a ver-me a encontrar um caminho em que eu me sentia à vontade para escrever, em que eu não tinha receio de escrever coisas pesadas e estar a trabalhar ao lado do benji, em que eu não tinha receio de fazer essas experiências porque todos os caminhos são válidos. Associo muito essas músicas do Conan a uma fase da minha vida em que eu estava super descontraída e a descobrir coisas que me diziam bastante musicalmente.”

A maior exposição mediática pós-ida à Serra da Estrela garantiu-lhe uma série de convites para cantar e escrever — e provavelmente mais surgirão depois deste EP ganhar tracção. Porém, Vian ainda está a descobrir o que fazer com esta sua forma ultra-pessoal de abordar o processo de escrita de uma letra para ser cantada por outros:

“Escrever para outras pessoas ainda é um exercício que eu estou a fazer porque não sei até que ponto é que não me estou a afastar muito daquilo e não considero aquilo tão bom quanto poderia ser se fosse escrito para mim e se tivesse com essa dedicação em saber o que é que eu estou a sentir sobre aquilo. Não sei até que ponto é que isso me faz sentido, mas vou descobrindo.

As músicas e a exposição têm aberto bastantes portas mas, para mim e para a minha maneira de ser, eu preciso de me reconhecer durante uns tempos num espaço musical. E gosto de ter essa paciência, deixar assentar um bocado a poeira. Se agora tivesse dito que ‘sim’ a três pessoas, eu não faço ideia onde é que estaria daqui a seis meses. Nesta fase inicial, eu estou a adiar um bocado esse processo por uma questão pessoal de posicionamento e de me dar tempo a mim própria para desfrutar deste momento em que só ouço a minha voz nesse espaço musical.”


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