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Fotografia: Vanessa Rosa
Publicado a: 24/02/2022

Uma visão romântica e altamente personalizada do mundo.

Renato Cruz Santos (aka António Bandeiras): “Ficou para aí uma semana a cheirar a Axe no Tivoli. Fui proibido de voltar a entrar lá”

Fotografia: Vanessa Rosa
Publicado a: 24/02/2022

Renato Cruz Santos é fotógrafo em nome próprio e perfomer/DJ enquanto António Bandeiras. Um quotidiano diversificado que varia entre fotografar para o crème de la crème da cultura portuguesa e pisar alguns dos palcos mais icónicos do país (e outros mais pequenos, mas igualmente recompensadores, diríamos). 

Fascinado pelo mar e pela fotografia, o multifacetado apaixonado pela vida (?) das Caxinas preparou-se desde jovem para uma vida na pesca e chegou mesmo a estudar para tal. Mas foi no hobby que acabou por se destacar com uma galeria que viu publicada no P3 do jornal Público. Os trabalhos foram aparecendo e a aprendizagem, essa, é constante para um autodidacta que mais recentemente se estabeleceu também como performer ao serviço de David Bruno (e também Mike El Nite, na dupla David & Miguel) — esta noite, no ID_NOLIMITS, lá o encontrarão em palco.

Ao Rimas e Batidas, Renato mostra-nos complexidade descomplexada da pessoa e da personagem enquanto fala sobre o seu percurso, o desabrochar da amizade com o próprio dB, dando-nos ainda informações preciosas sobre o microclima criativo das Caxinas.



Tu és fotografo, DJ e ainda actuas com o David Bruno, mais recentemente também com o Mike El Nite, não sei o que queres chamar ao que fazes com eles…

Performer!

Parece-me apropriado, mas a verdade é que fazes ali parte de um grupo romântico poderosíssimo. Gostava que me falasses um pouco do teu percurso. Qual destes ramos de actividade é que veio primeiro? És fotografo antes de tudo, não é?

Sim, é a fotografia que me sustenta. A cena de trabalhar com o David só surgiu com o Miramar Confidencial. Eu já trabalhava com ele antes, mas só a fazer fotografia. Esta foi a primeira capa de disco que fiz com ele e entrei também num sketch do álbum, a “Pausa #3“, que se procurares na net encontras logo, estejas tu em Beijing, Glasgow ou Telheiras, aparece-te sempre isso, o que é óptimo. 

A partir daí a personagem cresceu. Fiz um DJ set no Musicbox em Lisboa e não sei como, mas o pessoal começou aos gritos, só queriam “mais música, mais música!”. Então repetimos depois no Hard Club, no Porto, em que o concerto teve de atrasar imenso porque estavam a ter problemas na porta. Então tive de fazer um DJ set de duas horas e estava tudo aos gritos.

E começou como uma cena para encher chouriços.

Para encher chouriços, sim. Mas sempre com muita classe. Aquilo funcionou muito bem e a partir daí comecei a ter mais tempo em palco.

Eu vi o teu DJ set no Iminente. Também fizeste ali uns 20 minutinhos e a malta estava a curtir.

Fiz um entertaining menos performativo, mas agora é mais fácil passar música nos concertos do David porque já há uma introdução à personagem. Naqueles primeiros gigs, no Porto e em Lisboa, eu era só parte do video-álbum — e ninguém via o video-álbum. 

A verdade é que se não fosse o apoio que o pessoal dá nos concertos, a chamar o meu nome — eu não tenho uma confiança assim tão grande quanto possa parecer –, a personagem já tinha acabado há muito tempo. Por isso é que eu, e o David também, agradeço sempre ao público por nos dar força.

Mas este é apenas um lado teu. Uma das tuas outras personagens é o Camembert Electrique, que associo mais ao teu lado fotográfico. Tu já eras fotografo quando começaste a passar música? Como é que começaste a passar música?

A cena de passar música vem mesmo de puto. Eu sou das Caxinas, em Vila do Conde, e tinha alguns amigos que jogavam à bola, mas sempre tive alguns amigos mais velhos. Havia lá um rapaz da idade da minha irmã mais velha, com 10 anos a mais do que eu, que já passava música electrónica à noite. Ele era pintor e às vezes passava tardes a vê-lo pintar quadros, e ele estava sempre a passar gesso. 

Eu comecei a interessar-me por música electrónica e quando tinha 8 ou 10 anos — havia uma prima de um amigo meu, emigrante na Alemanha, que começou a trazer os primeiros CDs em MP3. A minha mãe comprou-me uma espécie de boombox na Worten para aí por 50 paus que já lia MP3 e comecei a ouvir música. Não tinha Internet, não tinha acesso a música em lado nenhum… ouvia pouca música electrónica, mas muito hip hop americano e também o rock mais comercial. Mas foi a partir daquele amigo da minha irmã que comecei a perceber como é que as coisas se mexiam à noite. 

Depois comecei a fugir de casa para sair à noite antes da idade que devia… e comecei a passar música pouco depois. Eu tenho 30 anos e passo música há mais de 10, pelo menos a contar da marca do meu primeiro DJ set “oficial”. Mas nunca foi uma coisa que levasse muito a sério. Nunca disse que era DJ, nem hoje o digo apesar de passar mais música do que nunca. É uma coisa em que tenho gosto, que faço e que se me pagarem pois melhor. 

A questão do dinheiro faz todo o sentido. Mereces uma recompensa por aguentar a noite toda sóbrio.

[Riso maroto] É que eu não tenho formação em nada, sou autodidacta. Tenho o 12º ano e esta coisa de ser fotógrafo, ou de ser DJ, mesmo qualquer profissão, precisa da validação de um certo pergaminho. E como eu não tenho isso nunca me me defini como nada. E continuo a ser assim.

E lembras-te onde foi esse teu primeiro DJ set?

Lembro-me bem. Foi uma noite em que passei o que o pessoal chamava de electro na altura, mas que não tinha nada a ver com o electro dos anos 80. Era electroclash e também drum’n’bass, foi na Casa das Artes, nas Caxinas. Mas aquela deve ter sido a última festa que lá deram… Houve lá depois um concerto de hip hop mas foi tudo roubado e partiram os vidros todos. Fechou o tasco. 

As festas de hip hop tinham um pouco essa reputação, de facto.

Sim, sim. Há bandas como os Undergredo, das Caxinas, que são uma grande referência para mim. 

Já não ouço Undergredo há demasiado tempo.

Se fizeres uma boa pesquisa és capaz de me ver lá nos videoclipes. Trabalhei com eles.



Pelos vistos passa-se muita coisa nas Caxinas. Não sabia que era um hub artístico tão bem desenvolvido.

Sai de lá muita coisa para além de jogadores de futebol [Varzim e Rio Ave são dois clubes das proximidades] e camionistas. Mas até é. Por ser uma coisa tão fechada, e embora tenhas poucos a rebentar para fora, sai de lá muita gente. Mesmo em ponto pequeno, porque existe aquela ideia de que ser grande é que é, mas também há espaço para os pequenos e são tão necessários quanto os outros. Há muita malta a sair de lá, mesmo de áreas como o teatro.

O ano passado estava lá numa loja de discos com um amigo da Póvoa que trabalha na Matéria Prima, no Porto, e ele contou-me que mora lá um gajo mesmo ao pé de mim, nas Caxinas, que tem uma label de black metal mesmo potente. Edita cassetes e o pessoal quer comprar as cenas dele em todo o mundo. Eu ainda não o consegui conhecer, mas fiquei deslumbrado.

Esse é um excelente cartão de visita para aquela zona. Mas, entretanto, a tua carreira como fotógrafo é uma carreira profissionalíssima. Trabalhas com a Culturgest, por exemplo. Estás muito bem estabelecido sendo autodidacta, e apesar de hoje existir a necessidade de ter um curso em praticamente tudo. 

Quando eu comecei havia muito essas opiniões de fora, mas como venho de um meio mais pequeno havia mais hipóteses de ser notado num tipo de profissão como esta, muito exposta. Mas quando há alguma coisa que fazes certa atiram-te sempre uma pedra. Das primeiras coisas que diziam quando comecei a trabalhar com imagem digital, além da fotografia pura, era: “faz só uma coisa, porque quantas mais coisas quiseres fazer mais medíocre vais ser em tudo”. 

Na verdade, eu não acho que isso seja bem assim. Acredito que de quantas mais fontes diferentes beberes mais interessante será o teu trabalho — é uma coisa que julgo ser transversal a todas as artes. Isto e o facto de ser autodidacta levam-me a crer que o meu trabalho vai ter um princípio muito diferente do de alguém que está ou esteve na faculdade. Eu sinto, com distância, que o meu trabalho de fotografia aos 21 anos era muito mais interessante do que o que o pessoal estava a fazer na faculdade. Entretanto parei de fazer esse tipo de trabalhos porque comecei a trabalhar a sério e tive menos tempo para investir na fotografia documental, mas é um bocado por aí — não precisas de ter formação a sério, o que viveste vai tornar tudo muito mais interessante. É isso que se pretende transmitir no que fazes, seja fotografia ou música. 

E, claro, será sempre preciso algum talento à mistura. Precisas de ouvido para a música e olho para a fotografia.

Sim, mas eu punha o trabalho antes disso. Eu sei bem o que fotografava quando comecei e foi tudo querer ser melhor. O talento até podia existir, mas foi mesmo muito trabalho.

Voltando ao António Bandeiras, estou curioso para saber como é que conheceste o David Bruno.

O David… por acaso não te sei dizer muito bem, mas tem a ver com umas festas que havia chamadas Suave Geração. Começou cá no Porto, somos um colectivo que vai variando entre os 3 e os 10, e fomos organizando umas festas aos domingos à tarde, sempre às 4h20, exatamente. E foi com a cena de que não se passava nada ao domingo, então bora juntar um pessoal, fumar uns cigarros, comer fruta e beber vinho Espadal e coisas assim. 

Costumamos fazer festas em Lisboa, no Porto, Beja… já fomos aos Açores e cenas assim e o David era amigo da parte dos músicos. Eu era só DJ e ajudava com umas cenas. Tenho ideia que ficámos mesmo amigos foi num S. João em que estava a passar música na Batalha e passei de um grande fado do Tony de Matos para Tupac, o “I Get Around“, que começa com um pianinho a descer. Aquilo ficou mesmo bem e o David olhou para mim e pensou, “fogo, quem é este gajo” [risos]. Começámos a falar, ainda passei mais uma malha do Steve Hillage de 1977 e ele depois disse-me que já sabia o que queria para o disco dele e que tinha sido fixe termo-nos conhecido. Começámos logo a trabalhar juntos, mesmo não sendo uma coisa directa — eu não passo a vida a mostrar-lhe música nem ele a mim, mas vamos tendo experiências juntos que nos fazem crescer artisticamente.

Isso é engraçado, até porque o impacto que pareces ter no projecto David Bruno não é uma coisa propriamente musical, é mais numa perspectiva física… és performer, como disseste. Mas, realmente, faz todo o sentido trocarem sugestões e gostos musicais.

Eu não perco tempo com ele em estúdio. Vou lá às vezes quando ele está a fazer os discos, mas não interfiro. Ele faz tudo muito bem sozinho e livre, não precisa de ninguém a chatear. Depois há as participações em skits e outras tentativas.

Para aí 70% dos meus amigos são músicos e quantas oportunidades já tive eu de fazer uma banda e se não tenho é porque sou mesmo fraco… não vale a pena estar agora a tentar outra vez [risos]. Mas vou dando o mesmo input.

Hoje em dia dia com uns pratos e uns pads já se faz muita coisa.

Já tive isso tudo…

Parece-me mais claro que o Renato Cruz Santos, fotógrafo, está mais separado das outras personagens que criaste: o Camembert Electrique e o António Bandeiras…

Sim. Há bocado nem te respondi bem sobre o perfil do queijo eléctrico, eu só tinha o perfil do Renato há muitos anos e eu sou muito reservado — aquilo era praticamente o meu trabalho. Então senti a necessidade de criar uma outra pasta onde pudesse mostrar algo mais de mim, um perfil social mesmo onde pusesse referências, fotografias de coisas que curto… Mas aquilo foi voltando para a mesma coisa e acabou por se tornar artístico outra vez e deixei de mostrar aquele meu lado mais perto das ondas do mar. É só um pouco de tudo o resto. 

E o que é que o António Bandeiras tem de Renato, e o que é que o Renato tem de Bandeiras? Onde é que acaba a personagem e o que é que é ficção?

Acho que se eu não tivesse tido outro tipo de interesses para além do futebol e se tivesse ido para o mar [seria alguém próximo do Bandeiras]. É que antes de ser fotógrafo eu tirei um curso de pescador. O meu pai é pescador, o meu avô era pescador, os meus tios são todos pescadores… E eu comecei a tirar o curso numa de “é para aqui que eu vou”, nem valia a pena [pensar o contrário]. Na altura já tirava umas fotografias e tirei umas fotografias ao curso numa de me divertir. Só que essa galeria foi parar ao jornal Público pelo P3 e passado quatro meses estava lá a estagiar.

Foi um salto bué grande. Passei de pescador a fotógrafo. A partir daí nunca mais aceitei a ideia de que o mar viria a seguir. Não coloco o mar de parte, mas a partir dali fui-me afastando dessa ideia. Portanto, se eu não tivesse começado a fotografar no Porto, poderia ser hoje o António Bandeiras, embora sempre me tenha interessado por mais música além de Scorpions. 

Mas o Bandeiras é aquele tipo de pessoa muito popular em cada um dos sítios. É aquele gajo melancólico que sofre bué por amor mas ao mesmo tempo é um malandro. É um estereótipo fácil no qual me revejo em algumas atitudes. Depois há o acting e tenho muitas referências visuais de gajos que eu conheço que realmente são assim: a fumar cigarros e a beber gin com fanta todos os dias. Não vou dizer que é uma mímica porque a coisa sai demasiado natural. Eu sou um bocado aquele gajo.

Depois tenho outras referências também do cinema. Aqueles bigodes mega farfalhudos vêm de qualquer filme americano de 1970… Passas 10 anos à frente e tens o bigode do Bandeiras de agora. Eu já trabalhava a minha imagem antes de surgir esta cena do Bandeiras. A cena do cabelo grande e bigode comprido acabou porque eu já estava farto de esperar por alguma coisa do David que desse para mudar o visual. Depois veio o “Inatel” e o vídeo com duas miúdas e pensei que tinha de estar em grande. Cortei o cabelo, pus-me todo fresco e a partir daí surgiu uma personagem nova. Foi mudar para uns fatos de treino mais estilo Sopranos — e isso é mais influência do David.

E é facil para ti, sendo fotógrafo, estares depois à frente da câmara nestas situações? Já agora, participas na idealização e rodagem dos videoclipes?

Nos novos videoclipes em que já há um director de fotografia a sério sou um bocado mais chato e às vezes faço umas perguntas ou dou umas sugestões. Mas tento fazer pouco porque odeio que me façam o mesmo a mim. 

Nos antigos, em que eram gravações praticamente caseiras, era mais activo. No Raiashopping fui eu que fiz a luz, que também não era nada de especial porque era com tela verde. Dei também umas dicas em relação ao outfit, e vamos tentando vestir o Marco [Duarte] também consoante o disco. A verdade é que é sempre tudo muito partilhado entre os três.  



Realmente, David Bruno é o nome de apenas um num colectivo de três. Acho que já nem faz sentido vermos um concerto de David Bruno sem um grande solo de guitarra do Marquito e onde estivesses também tu a fazer umas cenas…

Sim, eu concordo muito com isso. Houve uma entrevista qualquer, acho que para a Antena 3, em que o David respondeu muito bem quando disse: “a personificação da minha música é este gajo que está aqui, o sentimento que eu passo em palavras é este gajo fisicamente”.

Os próprios movimentos do corpo, as posições, tudo isso. Eu quando estou em palco estou a pensar no que estou a fazer, embora às vezes beba um bocado demais.

Isso parece-me algo que o próprio personagem faria.

Tal e qual. Sempre a mais e nunca a menos.

Há pouco dizias que o Bandeiras era mais confiante do que tu realmente és, e acho que quem já te viu ao vivo num concerto pode testemunhar isso. Eu, por exemplo, já levei com Axe na cara das tuas mãos…

Opá, desculpa, [foi] no Tivoli, em Lisboa. Fui proibido de voltar a entrar. 

Foi precisamente nesse concerto de David Bruno.

O responsável disse que ficou para aí uma semana a cheirar a Axe no Tivoli todo. Aliás, quando voltámos para o segundo concerto fui expressamente proibido de utilizar o Axe. Mas já não uso, já cresci. 

Mas até dava um efeito porreiro. Tinhas um isqueiro e fizeste ali um belo lança-chamas.

Sim, sim! Uma pirotecnia barata. Dava uma quarta dimensão à cena. A quantos concertos é que tu foste que tinham cheiro? Os concertos de metal e os mais pesados de hip hop devem cheirar um pouco a suor… Mas achei que trazia uma nova dimensão ao espectáculo.

Se tivesses que escolher só um destes ramos, entre passar música ou fotografar, qual preferias?

Eu sinto-me bem a fazer os dois, mas há vezes em que estou a fotografar e não me apetece nada — completamente. Nem tudo o que faço em fotografia tenho o gosto a fazer, porque já não sou eu a escolher os trabalhos que faço.

Tu trabalhas para a Culturgest, não é?

Trabalho com muitas instituições, na verdade. A Culturgest é uma, mas também a Lovers & Lollypops (L&L), a editora do Porto para quem já fiz umas capas; trabalho com a CM do Porto, com a Galeria Municipal do Porto, a Bienal de Design do Porto, isto activamente . Quase tudo o que é do ramo da cultura no Porto sou eu que faço. E volta e meia vou a Lisboa fazer algumas coisas que a Culturgest me chama, no Teatro do Bairro Alto, etc…

Mas isso é o trabalho que eu faço para os outros, o que faço para mim demora sempre mais um bocado e não é sé chegar e fotografar. Requer bastante indagação e que me perca nos meus pensamentos, o que é um bocado o lado António Bandeiras em que vou buscar outra personagem. Preciso mesmo de estar aqui sem fazer nada a reflectir e a aperceber-me de algumas coisas que vão mudando. 

E queres contar-nos no que tens andado a trabalhar?

Estou a preparar um projecto para lançar até 2023/2024 sobre a movimentação das areias na costa litoral portuguesa. Esta peça é uma mistura de técnicas, quero trabalhar som, vídeo… mas ainda é tudo muito embrionário. 

Tenho um livro que gostaria que saísse este ano sobre a erva das pampas, são umas plantas muito peludas em cima que se vêm muito à entrada das auto-estradas. São plantas naturais da Bolívia que foram trazidas para a Europa para ornamentar quintais, mas as pessoas não têm noção do perigo destas plantas. Tu podes cortá-la que ela vai crescer sempre para baixo na mesma. É preciso arrancá-la e queimá-la, se não o vento espalha as sementes por todo o lado e esta espécie sobrepõe-se a todas as outras, e acaba por prejudicar as espécies autóctones. É uma coisa interessante porque acaba por ser uma metáfora colonialista natural revertida ao nosso país. E depois tens um twist na história. Por exemplo no Reino Unido colocavam-se estas plantas no quintal para mostrar que se estava disponível para fazer swing. 

Tenho ainda mais um projecto embargado, uma exposição nos Açores a propósito de todo aquele conceito do Inferno e do carácter vulcânico da ilha com todas as reentrâncias na terra que a lava faz e todas aquelas caves… Fiz todo um trabalho visual e imaginário do que seriam essas reentrâncias e o submundo com o Duarte Ferreira que faz som, e expusemos isso no Festival Tremor, mas queria que isso saísse. É uma peça cujo formato não posso revelar, é formato “mistério” mas o objecto é muito bonito e gostava de continuar a fazer isso pelo resto das ilhas dos Açores.

E na música?

Na música não posso adiantar muito mais, mas há uma ideia com o David e mete gangsta rap. E é tudo o que vou dizer. [Entretanto, a dupla lançou “Labotins” no canal oficial de António Bandeiras].


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