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Publicado a: 03/10/2017

#ReBPlaylist: Setembro 2017

Publicado a: 03/10/2017

[ILUSTRAÇÃO] Jonnyxrsvp

O calor não nos abandonou em Setembro – nem neste início de Outubro, ao que parece… – , mas a música que apresentamos aqui é uma mistura de “temperaturas”, por assim dizer.

Da sujidade sónica de WESTSIDEDOOM, a dupla composta por Westside Gunn e MF Doom, à nostalgia dos Injury Reserve, passando pelo novo rei do hip pop, Lil Uzi Vert, a caminhada no nono mês do ano fez-se, como tem sido habitual, com diversidade, quantidade e qualidade. Por aqui, 5 sugestões para adicionarem às vossas playlists:

 


[Leyland Kirby] “Tinseltown”

A partir daqui, há exactamente zero rimas e quase zero batidas. Esta será, talvez, a “recomendação” mais estranha deste mês. E, muito possivelmente, dos outros todos. Mas é-me meio complicado ficar indiferente ao mais recente registo do britânico James Leyland Kirby. Nesta andanças do largo universo ambiental desde 1999 – ora como The Caretaker, ora como The Stranger, ora como Leyland Kirby – à sua conta são quase duas dezenas de registos das mais inspiradas, soturnas e até irónicas composições ambientais. Editado há uma mão cheia de dias, We, so tired of all the darkness in our lives está disponível para download gratuito no Bandcamp do artista. Quanto a esta “Tinseltown” que destaco aqui, não tenho bem a certeza se é o momento mais alto do álbum. Mas parece-me ser uma das mais capazes de aguçar curiosidades. Se estão aborrecidos, enterrados em discussões sobre o Aeroporto Internacional de Coimbra e o meio-campo do Benfica, deixem-se de preconceitos, coloquem-se em posição fetal e deixem-se embalar.

Diogo Santos


[WESTSIDEDOOM] “Gorilla Monsoon”

A série de singles do MF Doom pela Adult Swim estava a mostrar-se interessante, e foi com enorme surpresa que vimos a plataforma norte-americana a cancelar todos os lançamentos, inclusive os temas que já haviam sido lançados.

Mas o homem da máscara pode não se despedir de 2017 de mãos a abanar. Doom juntou-se a Westside Gunn e o primeiro resultado soa-nos a uma dupla que foi feita à medida dos deuses do subsolo. Rap sujo que combina com a poeira dos samples desencantados por Daringer e The Alchemist, envolvido num doce sabor gerado pela combinação das melhores colheitas da nova e velha escola. “Gorilla Monsoon” faz crescer água na boca e WestsideDoom será certamente um projecto a ter em conta. Se o papel do rapper da Griselda na Shady Records não parece ainda bem claro, parece que o irmão de Conway foi finalmente de encontro ao projecto que a sua carreira necessitava.

Gonçalo Oliveira


[IAMDDB] “More”

As siglas bizarras comportam este efeito estranho nos descobridores assíduos de novos artistas: conquistam-nos antes do primeiro acorde. IAMDDB, artista que actua na edição deste ano do Vodafone Mexefest, esmaga a putativa resistência à primeira audição, ao ponto de podermos facilmente escolher qualquer outra faixa do seu recém-lançado Hoodrich Vol.3 para destaque. Porém, este “More” atira-nos sem misericórdia ao vórtex soul em que a rapper/cantora/artista insiste em nadar. E fá-lo tão bem.

O instrumental é leve como uma bigorna, mas não pesa nem um pouco, antes se encaixa perfeitamente enquanto dita o registo da faixa, obrigando a uns minutos do mais intenso chill. Como se não bastasse, adocica (ainda mais) o tom meloso dos versos vários de IAMDDB – ora lestos, ora lentos – que nos chegam como rajadas.

Claro que a adjectivação abunda, já viram a vibe desta miúda?

Samuel Pinho


 [Lil Uzi Vert] “Neon Guts” (feat. Pharrell)

A imagem é poderosa: “tenho uma aura colorida como se tivesse entranhas de néon”. De facto, a música de Lil Uzi Vert, a que apresenta no álbum Luv is Rage 2, parece ser feita dessa luz artificial que é a luz da pop desde pelo menos que Elvis evocou a energia de sábado à noite com os logos dos diners e dos bares reflectidos no pára-brisas do seu Cadillac (também a luz captada pelos Beatles nas ruas carregadas de clubes que atraiam soldados com anúncios coloridos em Hamburgo ou por Madonna mergulhada nas pistas de dança da Manhattan de Nova Iorque dos anos 80, etc…). Ele também flutua como se fosse “reefer” e de facto esta música soa como algo de imaterial, luminosa mas intangível, quase como fumo ou vapor, um som decididamente urbano, mas fantasioso ao mesmo tempo, banda sonora para contos de fadas carregados de tecnologia e urbanidade? Algo do género. E desfaz-se nos ouvidos como algodão doce na boca, deixando-nos com uma estranha energia. A mesma que alimenta certamente as suas entranhas luminosas…

Rui Miguel Abreu


[Injury Reserve] “North Pole”

Lembram-se dos Injury Reserve? Bem, eu lembro-me. E bem. O trio do Arizona vinha ligado à corrente em Live From the Dentist e Floss, mas, sem aviso prévio, decidiu entrar por caminhos diferentes no primeiro single do seu mais recente projecto, Drive It Like It’s Stolen.

“North Pole” é feito de dor – o verso do Ritchie With a T é completamente transparente sobre o que fala – e o instrumental de Parker Corey, que utiliza uma voz manipulada para controlar os acontecimentos, não poderia ser mais adequado, juntando ainda o refrão com a voz de Austin Feinstein, músico que já colaborou com Frank Ocean ou Tyler, The Creator.

A música é de Setembro, mas já veio embrulhada para meter debaixo da árvore de Natal. Em Portugal ou no Pólo Norte.

Alexandre Ribeiro

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