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Publicado a: 01/11/2016

#ReBPlaylist: Outubro 2016

Publicado a: 01/11/2016

[FOTO] Direitos Reservados

A playlist mensal do Rimas e Batidas está de volta depois de alguns meses de interregno, mas a premissa inicial mantém-se com o melhor que se faz na música internacional e nacional durante o mês de Outubro. A variedade é um dos principais ingredientes desta lista: Da Bélgica com Baloji até à Linha da Azambuja com 9 Miller, passando por Nova Iorque e a A$AP Mob, a #ReBPlaylist é um mix escaldante à espera de ser descortinado por vocês.

 


[Run The Jewels] “Talk To Me”

Rimas, rimas e rimas. Run The Jewels são caso único no rap internacional: dupla venenosa a destilar versos quentes atrás de versos quentes para pensar, desorientar e divertir. São um pacote único, disso não existe dúvida. O terceiro álbum está a caminho e “Talk To Me” é o primeiro avanço que só peca por ser tão curto.

A produção de El-P é irrepreensível, como já nos habituou, deixando sempre o ambiente totalmente corrompido para as suas próprias rimas (“You don’t get it, I’m dirt, motherfucker, I can’t be crushed/ Fuckers, open the books up and stop bullshitting the kid“) e as do seu parceiro de Atlanta (“Rhyme animal, pitbull terrier/ Rap terrorist, terrorize, tear it up/ Brought gas and the matches to flare it up“). RTJ3 está perto!

Alexandre Ribeiro

 


[Baloji] “Spoiler”

Tinha 7 anos, e  ainda vivia em França, quando li pela primeira vez Tintin au Congo. Adorei o livro, claro, que serviria de introdução às restantes aventuras do repórter belga e do seu cão Milou pelos quatro cantos do mundo. Algumas semanas depois, levei o livro para a escola para o emprestar a um colega e o artefacto chamou a atenção ao Sr. Gigot, o meu professor da escola primária. De imediato, dedicou toda a manhã a falar-nos da história colonial da Bélgica, e dos horrendos crimes do Imperador Leopoldo II, que no seu reinado terá mandado matar e escravizar qualquer coisa como 15 milhões de congoleses. Quando regressámos depois do almoço, havia na sala dezenas de exemplares do livro e passámos a tarde a analisar os inegáveis indícios de racismo e crimes ecológicos na obra de Hergé. Um verdadeiro desmancha-prazeres, este Sr. Gigot.

É para mim impossível ignorar este contexto sempre que ouço um tema novo de Baloji, o fabuloso rapper e cantor belga de origem congolesa. Começou a sua carreira no final da década de 90 como membro do grupo hip hop Starflam antes de enveredar por uma aventura a solo em 2008 que até hoje produziu alguns dos meus discos favoritos de sempre (com destaque óbvio para o seminal Kinshasa Succursale de 2010). Baloji regressa este ano às edições pela mão da Bella Union que editará em Novembro o EP Bits & Malachite, cujo single é este irresistível “Spoiler”. O tema junta de forma eufórica 4 gerações de músicos congoleses: dos Bakolo Music International a Malage De Lugendo, passando por Klody Ndongala, um grupo de bailarinos liderados por Papa Choré e a sua própria banda, na qual pontificam Didier Likend e Aurel Zola. O vídeo, que arranca com um delicioso falso anúncio ao Congorama Z-74 (o primeiro telemóvel com 4 cartões SIM), é irrepreensível na forma coloca em palco toda esta gente a tocar e a curtir o tema mais intemporal que ouvi em 2016. Não é world music, estúpido: é música do povo congolês.

João Pedro da Costa


[9 Miller] “Limonada”

Foi a faixa que abriu o mês de Outubro e uma das que mais o marcaram. Depois de várias participações e de uma passagem mediática pela Liga Knock Out, 9 Miller (finalmente) estreou-se em nome próprio com “Limonada”, um tema trap que repete a fórmula criativa, de sucesso e excelência que a Superbad já tinha trabalhado com Holly Hood. As comparações entre os dois foram inevitáveis, e os rappers até revelaram ao Rimas e Batidas que exageraram de propósito nalguns traços para funcionar como uma manobra de marketing.

A verdade é que as influências entre dois amigos do mesmo grupo são naturais e, que se lixe, podemos ouvi-la numa playlist entre “Fácil” e “Cobras e Ratazanas” que encaixa perfeitamente. “Limonada” é um hit viciante com mais uma produção estrondosa de Here’s Johnny e rimas habilidosas de um rapper que chegou em bom tempo para se afirmar. Ficamos à espera dos próximos capítulos na história de 9 Miller e da cada vez mais inigualável Superbad Records.

Ricardo Farinha


[Bones] “Track”

Dizer que Bones tem uma admirável ética de trabalho seria pouco. É quase certo contar com uma nova tape dele a cada 3 meses. E, se Chance the Rapper fez do seu modelo lançar música gratuita, Bones também adere há muito a esta filosofia, mas com muitos menos sponsors corporativos. Mesmo que o novo projecto, GoodForNothing, não seja dos melhores exemplos do trabalho dele, é em momentos como “Sterilized” que se confirma como muita prática e experimentação dão resultados. Embora nunca tenha achado que as faixas melodiosas de Bones fossem o seu forte, esta música abre espaço para a produção elegante e assombrada de VRSYJNES e não são precisos mais de 8 versos cantados para torná-la num dos momentos mais memoráveis deste disco.

Amorim Abiassi Ferreira


[A$AP Mob] “Telephone Calls” ft. Yung Gleesh, Playboi Carti, Tyler, The Creator & A$AP Rocky

A parceria entre os dois lideres empreendedores era inevitável e, também, a faixa que maior curiosidade me despertava do alinhamento de Cozy Tapes Vol. 1: Friends. Não contando com a pontual contribuição de Yung Gleesh e Playboi Carter, “Telephone Calls” é o partilhar de um trono onde Rocky e Tyler querem estar confortavelmente instalados perante o segmento alternativo do mercado do hip hop, onde ambos se impõem com as respectivas crews: A$AP e Wolf Gang;

A aproximação destes dois colectivos não é de agora mas este tema coloca agora a situação num patamar acima. O resultado recomenda-se e fica a sensação de que a ligação poderia funcionar num projecto de maior dimensão. Destaco um bom par de quotables:

“Killin’ niggas even though black lives mater”

“Goddamn, I’m hot man, I’m not scared to freeze /January, Hawaiian shirts /Boy this weather ain’t got a thing on me”

Gonçalo Oliveira

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