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Publicado a: 01/12/2016

#ReBPlaylist: Novembro 2016

Publicado a: 01/12/2016

[FOTO] Direitos Reservados

 

Novo mês, novas escolhas. A #ReBPlaylist está de regresso com as escolhas do mês de Novembro e a diversidade é, mais uma vez, o prato principal. O Canadá é o local de descolagem com a popularidade de The Weeknd – bateu o recorde de mais streams num dia – em “True Colors”, mas descemos imediatamente à terra com o Conjunto Corona – em topo de forma, Childish Gambino a procurar novas paisagens sónicas ou A Tribe Called Quest a quererem chegar ao coração das pessoas.

Sem mais demoras, Novembro em canções pela equipa ReB:

 


[The Weeknd] “True Colors”

“True Colors” é o nome do álbum de Cyndi Lauper de 1986, assim como do primeiro – e famosíssimo – single daí saído (curiosidade: foi a única canção do álbum escrita por Lauper). Phill Collins fez-lhe uma pindérica cover para o seu …Hits de 1998, oferecendo, assim, uma das mais irritantes músicas que nesse ano passou na rádio portuguesa (já agora, grande lata: fazer uma compilação de hits supostamente seus e depois enfiar lá o hit de um terceiro. Hita-se!). Mas não é por nada disto que escrevo, antes pela “True Colors” que integra Starboy, o novíssimo álbum de The Weeknd. Nos álbuns que vem lançando, o canadiano nunca me preenche totalmente as medidas, ou, dito de outra forma, é alguém que sempre ponto sem nó. Explicando: é capaz de fazer música que aprecio muito e, depois, borrar a pintura toda com coisas chungas e de mau gosto. Este Starboy não foge à regra: aos momentos mauzinhos de “Die For You” ou “All I Know” (entre outros, são vários) contrapõem-se chocolatarias como “Sidewalks” (Kendrick Lamar a destrambelhar o beat todo com a sua métrica selvagem de uma forma que me lembrou a sua participação na “Blessed” de Schoolboy Q), “A Lonely Night” ou, Guylian dos Guylian, “True Colors”. À data que escrevo, a máquina promocional por detrás de Weeknd tem-se encarregado, muito diligentemente, de apagar todos os clips da faixa no YouTube, pelo que, caso o estimado leitor não possua Spotify (é o meu caso), ficará lamentavelmente afastado desta preciosidade ultra-romântica. Balada do R&B contemporâneo, sem dúvida, mas com um inegável sabor desse mesmo género nos anos 80, com toda a irresistível pieguice da época. “Bem piroso e lamechas como o amor deve ser: verdadeiro” – lembram-se do Pacman dizer isto? A letra de “True Colors” concentra a essência da melhor e mais intemporal pop: a capacidade de, em poucas e simples palavras, falar, com um alcance profundo e genuíno, sobre um assunto que, desde os primeiros hominídeos, nos apoquenta e nos causa as mais dissonantes emoções. No caso, o momento em que nos apaixonamos e, por curiosidade, obsessão ou medo, queremos saber o passado, a “verdade” (as tais true colors) da pessoa que amamos. Sabemos todos que isso é um erro, que todos têm direito ao seu passado (por mais negro que seja), que há coisas que, invariavelmente, não iremos gostar de saber – “Every saint has a past and every sinner has a future”, foi o Oscar Wilde que o disse. Mas a curiosidade é, para citar muito descontextualizadamente o Jorge Palma, “uma besta que dá cabo do desejo”, e, por isso, não aguentando o mistério do desconhecimento, o curioso bem pode estar, sem o querer, a colocar os primeiros pregos no caixão daquele amor. “These are confessions of a new lover” é, talvez, a melhor linha da canção. Chapeau, Mr. Tesfaye.

Francisco Noronha


[The Cool Kids] “Connect 4”

A fórmula dos The Cool Kids sempre foi simples, mas isso não significa que não transborde de groove e estilo. Em “Connect Four”, Sir Michael Rocks e Chuck Inglish trocam barras sobre um beat bastante mais sombrio do que a dupla nos tem dado até hoje. A produção neste single e no anterior, “Running Man”, parece ter ganho profundidade face ao som retro de percussão 808 entregue pelo duo até aqui. Esse resultado deve-se ao longo caminho percorrido em separado por cada um deles desde 2011, que por momentos pareceu significar uma separação definitiva. O resultado deste álbum de reunião mostra-se difícil de prever e, por isso mesmo, têm a minha atenção garantida para o lançamento.

Amorim Abiassi Ferreira


[Conjunto Corona] “Fruta da Ilha”

Há coisa de um ano, nesta mesma rubrica, sublinhava um outro tema dos Corona – “Pontapé nas Costas”. Estávamos a 4 de Novembro. Ora, um ano depois – dia 7 de Novembro – chegou o terceiro trabalho do Conjunto Corona, a prova de que dB e Logos trabalham que se fartam e estão num riquíssimo momento criativo. O Corona já esteve mais para lá do que para cá; já tomou comprimidos no “Sheraton dos Queimadinhos”; mas hoje é um homem de negócios – abriu a Cimo de Vila Velvet Cantina, uma casa no Porto dedicada à diversão noturna com varões e tecidos de veludo.

“Fruta da Ilha” é um dos gomos mais sumarentos de um disco que, aos ouvidos dos dois músicos, é considerado um dos mais psicadélicos do Corona, mas que, por ser o terceiro e ter uma consistência conceptual tão grande, soa-me como o disco mais “pop” do grupo. Não há aqui hinos de estádio nem nada que se pareça. E muito menos estou a imaginar a Rádio Comercial a passar no programa da manhã este “Fruta da Ilha”.

“Só não sabe o sobe-e-desce
quem não ouve o sol-e-dó,
quem não usa o palitó,
Enche o bucho à Badaró,
Chucha o micho em dó menor,
pinhca a ficha ainda é melhor”
Numa espécie de storytelling à moda do canal Viver/Vivir – às sextas-feiras e aos sábados, depois da meia-noite, para quem se lembra – Logos, 4400 OG (o produtor dB) e o convidado de sempre Kron Silva levam-nos numa viagem que imaginamos nós que começa na pista de dança da cantina e que só acaba no primeiro andar, em três quartos diferentes. “Concubinato, lá no quarto. Chouriço em cima. Arroz de pato.”

Bruno Martins


[A Tribe Called Quest] “We The People”

18 anos depois, Novembro marcou o regresso dos lendários A Tribe Called Quest, já sem Phife Dawg, que nos deixou em Março. “We The People” foi o single perfeito para ser lançado poucos dias depois da eleição de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas. “All you black folks you must go/All you mexicans folks you must go/And all you poor folks you must go/Muslims and gays/Boy we hate your ways”.

“We The People” é um tema com rimas poderosas e interventivas, entregues pelo flow hipnótico de Q-Tip, e acompanhadas por um instrumental assombroso que só nos pode deixar a todos com dores na coluna (e nostálgicos com o passado, vá, os ATCQ sobreviveram à exigente travessia pelo tempo).

Pelo meio, também ouvimos os versos de Phife Dawg — não de gravações antigas de arquivo, mas recentes, feitas a pensar neste álbum, We Got It from Here… Thank You 4 Your Service. Veremos se o regresso em peso da tribe e a politização do discurso vai contagiar o resto do meio hip hop norte-americano. Talvez a América precise deles mais do que nunca.

 

Ricardo Farinha


[Jabbar] “Magnolia Shorty” (ft KeithCharles Spacebar)

‘Bad Blood’ é o disco que assinala o regresso de Jabbar após uma forçada pausa de contornos judiciais. É por lá que surge uma das memórias trap deste ano. Denso, paranóico, desorientador, “Magnolia Shorty” é um auto-retrato sonoro e vocal ao melhor nível. Quem se encontra familiarizado com o rapper reconhecerá aqui pontos perfilares, contudo parece que o terreno se encontra aqui mais fértil que nunca – e sempre dentro de uma linguagem filiada a um género que tem desenvolvido. Esta que é uma novidade da brilhante Awful Records (casa de Father e em franco highlight em 2015) e acreditem que esta é só boa razão para explorar o que mais paira na mente de Jabbar.

Nuno Afonso


[Childish Gambino] “Redbone”

Actor, musico, comediante, rapper ou cantor. Os talentos que Donald Glover vai revelando à medida que a sua carreira evolui deixam qualquer um indiferente. A série Atlanta é um sucesso, a sua chamada para fazer parte do elenco do próximo Star Wars abanou a internet e, agora, foi altura de espreitar o que o multifacetado artista californiano nos reserva no campo musical.
Apesar de ter no rap a sua génese, Childish Gambino é um daqueles casos sérios que ultrapassam todas as barreiras que um género musical nos possa impor. Depois da rockalhada do primeiro single “Me And Your Mama” – ao estilo Leny Kravitz psicadélico com o devido piscar de olho aos OutKast -, “Redbone” embala-nos numa doce canção perfumada com o melhor do r’n’b.
Parece Prince. Tem tanto de rock como de soul. Tanto de hip hop como de pop. Dia 2 chega-nos o que resta de Awaken, My Love!, com a promessa de que pode muito bem vir a ser outro ponto alto de 2016.

Gonçalo Oliveira


[NxWorries] “Suede”

Sim, é verdade,”Suede” já se conhecia do single Link Up & Suede, mas agora que agarrei o álbum Yes Lawd! em que os talentos de Anderson .Paak e Knxwledge surgem em perfeita sintonia o tema voltou a renascer nos meus ouvidos. O produtor desacelerou o sample do incrível “The Bottle” com que Gil Scott Heron ao lado de Brian Jackson documentou o inverno americano dos anos 70. Gerações depois, aquele groove erguido no cristal do piano eléctrico continua a fazer estragos no meu coração, desta vez com o veludo áspero da voz de .Paak e os cortes instintivos de Knxwledge a traduzirem o presente. Mel puro, pois claro, A simbiose telepática destes dois pequenos gigantes é absoluta. E todos ganhamos com isso. Yes lawd!

Rui Miguel Abreu

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