Raquel Martins, artista portuguesa radicada em Londres que tem cimentado a sua posição artística entre os dois países, regressa agora a casa para apresentar o seu EP lançado este ano, Empty Flower. A guitarrista, cantora e compositora vai actuar no Maus Hábitos, no Porto, esta sexta-feira, 16 de Junho; e no dia seguinte ruma a Lisboa para uma performance especial no Musicbox, já que será um concerto colaborativo com Janeiro, a convite do colectivo AVALANCHE.
Entre o jazz, a neo-soul e as influências hip hop — uma fusão tão em voga no ecossistema criativo londrino — Raquel Martins descobriu uma voz que tem tido ressonância e que começou por se expressar em 2021 com o EP The Way. Agora, o seu novo projecto é um trabalho mais vulnerável e íntimo, com uma componente mais experimental, como a artista descreveu em entrevista ao Rimas e Batidas em Março. Agora colocámos-lhe algumas questões a propósito do concerto a norte.
Que formação vais trazer para o concerto e o que vais fazer em termos de repertório? Tocas alguma versão?
Vou trazer quarteto e vamos apresentar o EP novo, Empty Flower, pela primeira vez em Portugal, bem como os temas do primeiro EP, The Way. Vou também tocar uns temas novos que ando a escrever (entusiasmada!) e uma versão.
Vais estar a jogar em casa numa cidade onde tens muitos amigos, o Porto. Haverá convidados da cena local?
Sim, vai ser a segunda vez a tocar no Porto assim como cabeça de cartaz. A primeira foi em 2021, em Junho, parece que foi noutra vida. E vamos ter um convidado, sim! Oportunidade de mostrar aos amigos e família o que é que ando a fazer com a minha vida [risos].
Tens, obviamente, farta experiência de palco, mas tens tocado muitas vezes música de outros artistas. O que significa assumir a dianteira e ter que também tratar da comunicação com o público? Implica um set de skills diferentes?
É super diferente. Quando tocava para outros artistas o foco era “como posso servir a música desta pessoa da melhor forma possível”, e percebes o teu papel num ecossistema bem grande. Não há lugar para ego e não é sobre ti necessariamente, ainda que haja bastante lugar para ser criativa e dares o teu input (se estiveres nos projectos certos). Com a minha música nem consigo comparar o quão mais pessoal é e o quanto mais me realiza. É uma posição tão mais vulnerável, mas onde me sinto bem mais “eu”, bem mais livre. E pensar que outras pessoas estão a escolher passar uma hora da vida delas comigo faz-me muito contente e é um privilégio que não tomo como garantido. Há um livro de Kae Tempest chamado In Connection (um dos meus livros preferidos neste tópico) que fala precisamente disto: música ao vivo é uma maneira de fazer as pessoas sentir algo de uma maneira colectiva, num mundo em que estamos tão isolados no nosso dia-a-dia. E espero conseguir sempre fazer as pessoas sentirem algo.
Planeias manter-te por Londres ou Portugal começa a figurar mais nos teus planos?
Boa pergunta! Não tenho planos de assentar em nenhum lugar específico, estou numa fase que vou onde a música me levar. Quero muito fazer música com artistas de todo o lado, ando a escrever muito e sinto-me muito livre nesse sentido. Mas quero manter Portugal presente na minha vida sempre, porque é uma parte muito grande de mim e adoro a cena musical que está a acontecer, e toda a gente é mesmo fixe e tranquila.
Depois do teu EP mais recente, há planos para algum novo trabalho antes do final do ano?
Estou a lançar versões acústicas mais intimistas do EP, e tenho umas colaborações alinhadas também para o final do ano. Mal posso esperar para lançar o material novo que ando a escrever!