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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Leonor Patrocínio
Publicado a: 23/11/2021

De 15/11/2021 a 21/11/2021.

Rap PT – Dicas da Semana #58

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Leonor Patrocínio
Publicado a: 23/11/2021

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.



[Harold, Lunn & xtinto] “Pontas”

Os encontros entre Harold e Lunn confirmaram-se num trabalho a meias (Mãe Um Dia Eu Ganho Um Diamante) e confirmaram também os novos caminhos que 2021 traçou para dois rappers: a parceria entre MC e produtor abriu ao membro do colectivo GROGNation um novo horizonte de abordagens, e “Pontas” — o último single do projecto revelado — é mais um mergulho de xtinto em águas desconhecidas, depois de se ter aventurado por rotas inusitadas ao lado de Vulto., Guire ou Stereossauro. 



[Mirai & Osémio Boémio] “Luffy”

Apesar de ser pelas canções melancólicas que Mirai mais depressa nos conquista, aquele em quem depositámos as fichas para ser um dos nomes a vingar no futuro da música portuguesa (aposta essa ainda firme) também sabe pôr gelo nas emoções e nas rimas. Da barba rija de Ever caem estalactites em forma de versos sobre as batidas gélidas de Osémio Boémio. E “Luffy” é apenas uma aragem do que se pode sentir em Bohemian Trapsody, mais um novo projecto do rap nacional entre rapper e produtor, e que remonta a uma bela canção de Logic com o mesmo título.



[Landim] “Intro”

Landim tem o seu primeiro disco de originais em vista e, para tal, vai contar com a produção integral de um parceiro recorrente: Progvid é o responsável pela parte instrumental de Programa, um álbum que promete participações de rappers como Mini God, Psyco, Nicholas, Pika, Rafa G, Top Boy, Primero G e Lord G (e ainda Drenaz e Piri na versão deluxe), e de gente a aperfeiçoar batidas, como Osémio Boémio, rkeat e Brainkilla. A “Intro” já está aí. Só falta o resto do Programa.



[LAIA] “O Jogo”

Ainda sobre duplas — umas inevitáveis, outras improváveis —, LAIA é mais uma entrada nesta edição semanal com predominância de parelhas. “O Jogo” introduz o duo formado por Beiro e Ângela Polícia, dois nomes incontornáveis quando se fala de inovação e identidade, ambos seres indefinidos (ou indefiníveis, melhor dizendo) no espectro musical português. É essa a vantagem que levam n’”O Jogo” em que são “ponta[s] de lança de uma geração”.



[YOUNGSTUD] “B.M.D.C”

Aquando da sua recente retirada, fazíamos figas, por aqui, para que essa nova pausa fosse temporária e não definitiva (e, lá no fundo, acreditávamos que o regresso acabaria por acontecer). Nunca subestimem o poder divino das figas. YOUNGSTUD voltou, o quanto antes felizmente. 

“B.M.D.C” surge como esse retorno à obra, já com um novo projecto na mira para dia 30 deste mês (que, como já se percebeu, ficar quieto não é com ele), de seu nome Blur; e o single cuja sigla significa “Baby Momma Don’t Cry” relembrou todas as razões pelas quais este rapper e produtor faz tanta falta ao hip hop nacional. Esperemos que tenha voltado para ficar, caso contrário a sigla “B.M.D.C” terá de ser traduzida para “Big Men Do Cry.



[WUGORI] “MANJA”

Os casos de talento e qualidade mais flagrantes são, também, os mais difíceis de explicar. A forma como Wugori monta versos e desmonta raciocínios líricos troca as voltas a quem se deslumbra por esta onda de rap contemplativo, experimental (em certa medida) e desregrado (com tudo o que de melhor isso alberga). É por isso que o vídeo de “MANJA” é indispensável aqui, e fundamental para ilustrar qualquer outro tema do “gorila”: é ver, ouvir e sentir o rapper e produtor a deslizar por entre rimas e batidas como poucos — ninguém, arrisca-se — e a escorregar devaneios adentro como quem tem queda para isto.

“Mal passado faço isto parecer canja” — sopa de letras é o que aqui se “manja”.


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

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