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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/02/2024

De 29/01/2024 a 04/02/2024.

Rap PT — Dicas da Semana #173

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/02/2024

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.


[Stay Real] “MASK OFF”

Perdoem-nos o recurso ao jargão técnico fácil, mas recorrer à futebol mania em contextos nada equiparáveis, por vezes, acaba por ser a forma mais fácil de nos fazermos entender. Isto para chegar ao conceito de “hat-trick”: traduzido, não tanto para aqueles que não são propriamente fãs do desporto apesar de terem algumas luzes, mas mais para os que não estão nem aí virados para a futebolagem, serve o termo para caracterizar uma prestação em que um único jogador marca três golos na mesma partida. Ou, neste caso, quando a estreia de um rapper como Stay Real se destaca por três lançamentos consecutivos em cheio. É daí que vêm, depois, os epítetos de “jovem promessa”, “homem do jogo” e outros que tais. A diferença é que, no hip hop, os nossos não valem milhões. Por enquanto…


[Subtil] “RSFL”

Podem ainda não valer milhões, mas também não é pelo valor em cima da mesa que a nossa liga se move. E Subtil é um bom exemplo desse espírito amador de quem tem veia artística de calibre profissional. “RSFL” lê-se, assim, por “Rap Sem Fins Lucrativos” por quem faz isto mais pelo amor à camisola do que pelo preço na etiqueta. Isso é que é de valor.


[Dillaz] “Hello”

“Hello” chegou como vislumbre de um novo capítulo na discografia de Dillaz, mas por esta altura já se sabe quando há-de estrear o próximo longa-duração do rapper da Madorna. Revelados título, capa e data de edição do novo disco do MC que pôs o seu código-postal na boca do povo, sabe-se a partir de hoje que O PRÓPRIO chega dia 16 deste mês, com o pequeno André a responder à chamada. Resta-nos — e, nessa medida, “Hello” não nos tira as teimas — saber se do outro lado da linha não estará alguém preso ao seu próprio passado.


[Mura x Stereossauro] ADAMAS

“Novos Fardos” serviu de anúncio oficial ao que nem chegou a tardar em chegar. Poucos dias depois do primeiro grande single do álbum, Mura e Stereossauro disponibilizaram ADAMAS na íntegra como quem quer mesmo a coisa. Não fosse a escola de um o boom bap puro e duro, e a do outro a conceptualização de cada projecto em que se envolve, e talvez tivéssemos direito a mais temas preliminares antes da grande revelação. Mas nesta matéria quer-se o produto de corpo inteiro, sem amostras diluídas ao longo do tempo nem falsas partidas. Eles que o digam.


[Raul Muta] “Vassalagem”

É com absoluta propriedade que vemos Raul Muta reivindicar o seu valor na arte da rima, mas em especial sobre a particularidade do flow. Nesse aspecto, vassalagem lhe seja feita. Mas é também a partir daí que a nossa visão encontra outra perspectiva, designadamente no que diz respeito ao tom acusatório dirigido a quem quer que sirva a carapuça: parece-nos que, como mais do que uma vez vem à baila nesta nova faixa do autor d’As Aventuras Bizarras do Muta, replicar a sua identidade não será tarefa nada fácil. Pelo menos deste lado ainda não demos por quem tivesse tentado tal proeza. Prova de que Raul Muta só há mesmo um — e chega.


[Instinto26] “Free”

Julinho continua a ser um fenómeno, e Trista, Yuran e Kibow mantêm-se boas promessas. Mas, juntos, a força motriz é outra, como, regra geral, acontece com os grupos cujos elementos se desenvolvem, paralelamente, a solo. Mesmo que, por força das circunstâncias — e de algum talento diferenciador à mistura —, o sucesso de uns seja desproporcional ao dos restantes, é quando os quatro se reúnem que emerge uma energia que cada um não consegue imprimir de igual forma em sede própria. “Free” é expoente máximo dessa envolvência em que os quatro se vêem quando, volta e meia, se reúnem. Arriscamo-nos, até, a antever que o futuro de cada um dependerá necessariamente da longevidade do grupo enquanto tal. Nessa medida, estão presos à própria liberdade que se permitem. E daí — não estamos todos?

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