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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[Goose08] “Intro (Sextou)”
“Canto sozinho, eu não gosto de feats.” confirma o que Goose08 planeou para a sua nova mixtape: o rapper da Linha de Cascais apresentou serviço em Não mata a minha vibe, trabalho em que se vê sozinho nas rimas numa dúzia de faixas a ultrapassar a barreira de um curta-duração — com tempo suficiente para experimentar diferentes registos.
[Smélio] “Mato”
Se a última aparição de Smélio se traduzia por uma demonstração de fragilidade, a resposta que agora nos traz vem na forma de manifesto de resiliência. O rapper do Porto apresenta o “Mato” como a selva urbana que o moldou, para o bem e para o mal, nos anos de formação. E essa crueza de espírito sobressai não só nos versos, por sinal bem explícitos, mas sobretudo no tom com que são reproduzidos.
[GANGARVE] “ATCHIM”
Não faltam dinâmicas impulsionadoras do rap algarvio com Uzzy à cabeça. O rapper de Portimão é incansável na hora de reunir os seus homólogos conterrâneos (desde as iniciativas “Oito Cinco Stilo” e “PELO SUL”), e GANGARVE é mais uma manifestação dessa união promovida lá para baixo. Composto em “ATCHIM” por Baqui, Páchá, Pachico e o próprio Uzzy, o novo tema do colectivo móvel vem à imagem do cabecilha — um braggadocio ao seu estilo inconfundível.
[NastyBee Collective] “Língua Portuguesa”
A abelha espetou o ferrão no cão e tomou de assalto a casota. Na estreia discográfica dos NastyBee Collective, o grupo de Setúbal figura no telhado de Snoopy: A Cultura de Pi é o trabalho de apresentação do quarteto formado por ZO2, Fidas, _Polaz e Cri$e, que entra em cena com deixas como “O rap tuga é uma treta”. Em bom português.
[Epic 131] “SILÊNCIO”
Independentemente do “silêncio” alheio, Epic 131 é dos que mais acredita no seu próprio valor. Isso vê-se não só pela forma como o reivindica em cada tema avulso, mas também na cadência consistente com que os divulga. Com “SILÊNCIO” assinala o regresso aos singles depois de editar Custa a Acreditar em Março passado, o seu primeiro longa-duração de estúdio para todos os efeitos.
[Uno] “Energia a Dispersar”
“Energia a Dispersar” encerra o primeiro capítulo de Entre Vivos, um projecto em forma de série (ou filme ou álbum — o que lhe quiserem chamar, conforme deixa em aberto o próprio autor) realizado por Olga Ramos e Ricardo Rezende, com Uno, com Pika e TK em contra-cena nas vozes e produção de D’elements. O quinto episódio mantém o fio narrativo conduzido pelos devaneios líricos dos dois MCs, sob as deixas melódicas da voz feminina que contrabalança um universo mais denso com uma atmosfera mais suave.
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