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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[Nex Supremo] “Gáz” feat. Lee Ofg
Rola a fita, passa o mesmo filme. Sozinho e a passo lento, Nex Supremo caminha pela rua fora contrastando com a vertigem de “Gáz” e dos seus figurantes. É esse o ritmo de Dispara Ku Menti, novo trabalho do rapper do Bairro do Fim do Mundo — uma das vozes mais preponderantes do rap crioulo feito em solo português.
[Subtil] “Íntimo”
“Íntimo” é a primeira das cinco faixas que compõem C’auge, o novo EP de Subtil inteiramente produzido por Mike Ghost — um projecto que já vinha a ser projectado (também por aqui) em 2020, aquando da edição do último longa-duração do rapper algarvio. Na altura definido por Fantasma Subtil, o disco rege-se pela bateria de Mike Ghost, que guia o sempre admirável traquejo de João Fontes, aqui confortável fora da sua zona de conforto.
[Real GUNS] “CROCODILO”
ODB continua em rotação por aqui, até porque, como é seu costume, Real GUNS faz questão de marcar os seus temas com um complemento visual — mesmo depois da edição dos respectivos trabalhos. “CROCODILO” pertence ao último projecto do rapper são-tomense sediado em Portugal, que no mês passado se juntou aos 404Soundlab para apresentar Original Dirty Bastards no seguimento do álbum de estreia Escrevo Com Sangue.
[Fizz Escobarra] “Santuz”
Não nos cansamos de assinalar os poucos mas valiosos casos diferenciados no panorama do drill cantado quer em português, quer em crioulo. O acima mencionado Real GUNS é um desses exemplos por excelência, mas não o único: Fizz Escobarra, alguém que, por sinal, anda nestas andanças há já bastante tempo, continua a marcar pela diferença ao reinventar-se constantemente, sem fugir à sua identidade. E “Santuz, santuz, santuz” é coro que faz eco do Reino Unido até Portugal.
[Harold] “Widas Freestyle”
Deste lado, há em Harold registos que nos cativam mais do que outros. Mas quando o rapper que fez escola com a turma GROGNation se agarra ao formato freestyle, o resultado costuma ser certeiro. E neste, soube conjugar uma primeira parte mais apetecível a uma segunda de “barras reais” com aquele toque especial de “Widas”.
[Monsta & João Pina] “Bela Fantasia”
À boa moda da Força Suprema, a “Bela Fantasia” de Monsta é feita de cenários bem reais. A tónica da superação sempre foi o mote da turma que mudou o paradigma do rap nacional a partir da Linha de Sintra. Num tema de retrospectiva, a consagração é ostentada da melhor forma: em família e do topo da montanha que tardou em ser escalada — “Música intemporal leva tempo”.
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