pub

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/09/2021

De 20/09/2021 a 26/09/2021.

Rap PT – Dicas da Semana #50

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/09/2021

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.


[MURA] “Desabafos Pt.2” x “É só Bulir”

A inauguração da Godsize Records, a nova label encabeçada por Sensei D., deu-se através da estreia discográfica de Mura. O Álbum do Desassossego é o primeiro longa-duração do rapper de Almada e conta com a mais fina gama de participações, desde Catalão, Pibxis, Darksunn, DJ Algore, Meta4us, KYRA, YOUNGSTUD (antes da retirada), José de Arreaga, saraiva ou Wugori — este último foi quem produziu o duplo single de apresentação do projecto, entre “Desabafos Pt.2” e “É só Bulir”.



[E.se] “Desgaste”

O regresso de E.se em nome próprio, no pós-Serotonina, foi feito com “Desgaste”, algo que o rapper (também) de Almada não acusou no seguimento de uma estreia discográfica intensa e exaustiva. Trafulha tratou de preencher os silêncios deixados pela introspecção lírica de Carlos Alves, que tem acentuado na sua escrita o carácter enigmático e, simultaneamente, revelador do “eu” artístico que fervilha no sangue do doutor do rap.  


https://www.youtube.com/watch?v=TCAh8wtUcMU

[Tchapo] “Cada bez maz só”

A Turbuléncia não amaina e Tchapo continua a navegar em círculos, a seguir a direcção do seu último e único longa-duração, editado em 2020, e a redobrar os cabos atravessados no seu primeiro projecto de originais. Desta vez voltou “Cada bez maz só” para recordar os que se cruzaram com ele na grande jornada e que já não estão cá para a partilhar.



[Otto x Sina de Orbita] “Peter Parker”

As cordas melosas e as batidas secas de “Peter Parker”, coladas por Otto e Sina de Orbita, só podiam vir dos confins do SoundCloud; já as teias líricas desenhadas pelo primeiro prendem quem lá cai à espreita. Ainda assim, metam o nariz aqui, onde não foram chamados.



[Deau] “Não Queiras”

À pergunta “onde é que ‘tá o Maradona desta merda toda” a resposta, fundamentada em “Não Queiras”, não podia ser mais explícita: a Cabeça A Prémio é de Deau e está cada vez mais próxima a sua divulgação, lançado o terceiro single do próximo álbum do rapper do Porto. Estamos todos juntos nesta contagem decrescente? Bambora!



[Rygz] “R.E.M.”

A atractiva componente visual pede emprestados cenários à pop mais alternativa, mas Rygz assume-se inequivocamente por rimas e batidas assinadas pela própria, ao pedir aos boys desta vida que não travem o seu “R.E.M.” — nem o seu rap.



[CHYNA] “Wasabi”

É de rimas picantes e flows agressivos que o rap de CHYNA se diferencia. Quando o rapper com raízes em Queluz, Massamá e na Costa da Caparica carrega no acelerador e cerra os dentes, pouco há a fazer para travar a sua língua afiada. “Wasabi”, com produção de FreddyBoy, é uma amostra dessa intensidade que se adivinha para o próximo EP do MC, Chyna Town.



[Pofo] “Supernova”

Temos uma “Supernova” para anunciar: o álbum LostFiles, de Pofo, já pode ser encontrado nas plataformas de streaming habituais, e “Supernova” é precisamente o tema que fecha o disco, entre sonhos e desabafos.



[Xeg] “Escolhas” feat. G.One

Xeg é um dos grandes exemplos de maturação no rap nacional. O tempo apurou-lhe as valências e cimentou-lhe o estatuto de pilar do hip hop tuga. “Escolhas”, um tema dividido com G.One e produzido por Chicote e Senes para o próximo trabalho do rapper, o EP A Temperança, transparece a melhor forma de Rui Constante numa arte que o distingue como um dos pioneiros-referência.



[Phoenix RDC] “Morte do artista”

A sentença proclamada por Luís Jardim no Posto Emissor da Blitz, ditada pelos rappers e DJs, teve um impacto reactivo para lá das fronteiras do hip hop, uma cultura que acumula décadas em estofo no que diz respeito à descredibilização deste género face à música propriamente dita nestes termos.

A resposta de Phoenix RDC foi a melhor que se podia esperar: a “Morte do artista”, com instrumental de Noizemakers, é canção de corpo inteiro, concebida por um rapper em quem a musicalidade galopa nas veias. Valete apoiou e aconselhou o parceiro de uma luta que, por incrível que pareça, ainda não se deu por vencida, e Phoenix não perdeu tempo em defender a sua nobre causa. A sair por cima com uma classe imaculada. Conhecem algum jardim com um buraco bem fundo para alguém se esconder?


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

pub

Últimos da categoria: Rap PT - Dicas da Semana

RBTV

Últimos artigos