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Este sábado, dia 2 de Outubro, uma ideia ganha vida no Jardim Botânico, em Coimbra: o JazzNãoJazzPT passa de palavras a evento, erguendo-se assim aquela que se espera que seja a primeira sessão de muitas — e uma primeira reunião oficial de mentes que andam a pensar, de formas diferentes, as mesmas ondas sonoras.
Antes de irmos ao que realmente importa, deixamos algumas informações úteis: o número limite de pessoas atingiu o seu máximo, mas abriu-se nova lista de espera e far-se-á hoje a confirmação daqueles que se inscreveram para se ver se existem desistências; a festa começa às 16h30 e termina às 21h — só com lugares sentados; quem estiver presente terá direito a alguns brindes como uma tote bag, garrafas “ânforas” reutilizáveis e, a cereja no topo do bolo, a gravação em vinil das actuações, que será entregue posteriormente, logo que estejam produzidos — e também irá para o YouTube para aqueles que não conseguirem lá estar.
Em Dezembro de 2020, Rui Miguel Abreu, director do Rimas e Batidas e co-mentor desta iniciativa, deu o seu take sobre que música é esta, mas quisemos ir falar directamente com os “actores” da cena, focando, neste caso, naqueles que vão actuar este fim-de-semana. Deixamos, assim, o microfone do lado dos Mazarin, YAKUZA, AZAR AZAR e Bardino:
[Mazarin]
“É um fenómeno bastante recente, pelo menos em Portugal, mas que acaba por se encontrar alinhavado com uma modernização específica do jazz que já se manifesta há algum tempo, especialmente no mercado norte-americano e britânico. Como tal, definir uma vertente ‘tuga’ deste novo jazz acaba por apelar a um público-alvo sedento desta linguagem musical, sem que este tenha a obrigação de se restringir a projectos fora de Portugal, existindo um ponto de referência ao que se faz a nível nacional dentro desta linguagem.”
[YAKUZA]
“Obviamente o JazzNãoJazz consolida estas bandas de novo jazz em algo concreto, uma pegada que vai permanecer ao longo da história da música portuguesa. Porém, considero que o evento em si é algo mais que isso, é uma oportunidade de dar a conhecer ao público e aos músicos as diversas bandas que residem em diferentes partes do país. Nós, por exemplo, nunca ouvimos AZAR AZAR ao vivo e estamos entusiasmados com isso.”
[AZAR AZAR]
“Creio que o movimento está a colocar a descoberto o som de uma nova geração de músicos, que tanto podem ouvir e dançar ao som de músicas de pendor mais electrónico como escutam/estudam jazz em diversas academias e escolas que já existem em diferentes pontos do país. Parece-me algo extremamente saudável, porque permite que imensos músicos tenham voz, enquanto retratam o momento sónico em que nos encontramos.
Acho que o movimento pode e vai evoluir, até porque não é estanque a um género, mas sim a um não-género, a uma mescla de diferentes cores, às quais se podem ir adicionando novas texturas à medida que os tempos correm!”
[Bardino]
“Este movimento tem desde já proporcionado momentos de partilha entre algumas bandas, tem sido importante para nós ir descobrindo alguns projetos deste grupo com os quais nos identificamos precisamente por partilharmos algumas influências basilares. Isto é por si só de extrema relevância, sobretudo quando nos encontramos neste momento a regressar a uma certa normalidade, depois de um ano em que o isolamento foi mais do que expressivo e que fez com que estivéssemos desapegados de toda a comunidade. Por esta razão tivemos vontade de materializar tudo isto num evento, que esperamos que ganhe forma em eventuais edições futuras.
Parece-nos que a partir do momento em que se encontra um espaço-comum, este pode ser lugar para eventuais colaborações ou simplesmente como mais uma fonte de referência. E portanto, sim, achamos que tem pernas para andar!”
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