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Fotografia: Tory Framez
Publicado a: 20/07/2023

O músico lançou um disco de beats lo-fi que marca o fim do seu percurso com um nome artístico.

O fim de benji price, o Baldio da travessia e o álbum que vai lançar como João Maia Ferreira

Fotografia: Tory Framez
Publicado a: 20/07/2023

Chegou há dias o primeiro volume de Baldio, álbum de instrumentais de benji price, que tem a importância acrescida de representar o último capítulo na discografia deste nome artístico. Depois de Baldio Vol.1, o músico natural de Torres Novas passa a assumir o seu nome próprio, João Maia Ferreira.

Numa esclarecedora conversa à distância, o artista explica porque resolveu abdicar do nome com que se tornou conhecido enquanto rapper e produtor; desconstrói este disco de beats lo-fi e explica que o projecto artístico que se segue já se está a materializar com um novo álbum, que deverá ser lançado no final do ano. 

Até lá, o nome benji price dissipa-se, embora tenha um lugar garantido na história do hip hop e da música portuguesa contemporânea. Pilar fundamental da Think Music, a editora que deu novos mundos ao mundo do rap português, autor de ígneo (2022) e co-autor de SYSTEM (2020) lado a lado com ProfJam , benji price tem neste Baldio a sua última partida à baliza, tornando-se a partir daqui, segundo o próprio, um artista mais transparente, honesto consigo mesmo, disposto a ser mais biográfico e a tratar outros temas sem constrangimentos.

Quanto aos beats de Baldio, podem (e devem) ser usados por rappers ou cantores que lhes queiram dar uma nova vida. “Mesmo que não haja nem uma pessoa a utilizar isto, simbolicamente o princípio interessa-me”, explica as suas intenções. “Paralelamente, também vou deixar disponível uma compilação de uns quantos sons, como drum kits, que usei neste álbum, para o caso de as pessoas os quererem usar nas suas próprias produções.” Vamos lá, então, descobrir o porquê da metamorfose artística e como é que este disco se enquadra nesse processo que está a decorrer.



Já querias fazer um álbum de instrumentais há muito tempo? E como é que isso se relaciona com esta nova fase da tua carreira, visto que vais abandonar o nome artístico benji price? É um disco que já estavas a idealizar antes ou que faz sentido precisamente por estares nesta altura de mutação?

É uma mistura. Sabia que fazer um projecto instrumental ou, se lhe preferires chamar, uma beat tape seria uma inevitabilidade na minha carreira. É algo que ponderei muitas vezes fazer, senti sempre que não era o timing certo, até que percebi que não há timing certo para isso. Foi uma realização lenta, mas lá cheguei. E pensei: já que vou abdicar do meu nome artístico em prol do meu nome real, por que não aproveitar para encerrar o capítulo na nota de produtor, que foi a mesma nota com que ele começa? Pareceu-me haver uma certa poesia nisso. Para não ser só uma despedida tipo “vá, até logo, o benji price foi-se”, pensei: aqui está um pequeno lacinho que por si mesmo é simbólico. A minha carreira, para todos os efeitos, começa enquanto produtor. Então queria trocar de capítulo dessa maneira.

E a estética mais lo-fi já te fazia sentido antes de começares a produzires estes beats? Os beats foram construídos a pensar neste disco?

Novamente, é uma resposta um pouco híbrida. A sonoridade gravitaria naturalmente mais para o lo-fi, fosse eu fazer o que fosse. Porque são os beats que gosto de consumir instrumentalmente. Ou seja, se eu for cozinhar ou assim, é possível que eu coloque algo dentro deste género a tocar. Ao invés de meter uma coisa mais trappy, à falta de melhor palavra. Nesse sentido, sabia que, quando enveredasse por um caminho de um projecto destes, a sonoridade seria essa. Acabei por repescar muitos instrumentais que fui fazendo ao longo dos tempos. Aquele tipo de instrumentais que muitos artistas me disseram: “eh pá, grande beat, deixa lá utilizar isso”. E beats que, por circunstâncias da vida, ou não os consegui terminar, ou porque acabei por passar à pessoa outro beat em substituição do primeiro. Basicamente, foram astros desalinhados. E peguei numa selecção de coisas que tinha feito, tanto que tenho aqui já material para um Baldio Vol. 2.

Por isso é que assumes logo o facto de ser o primeiro volume.

Exactamente. Ele sairá, não sei quando, se calhar daqui a um, dois ou três anos logo se vê, depende do que fizer sentido na altura mas eu tive de polir os instrumentais. Porque eles eram só esboços inacabados, não eram coisas que estavam prontas para serem consumidas como música. Tive de os terminar. Ou seja, há aqui uma panóplia de anos em que eles foram rascunhados, mas eles são todos limados com a sensibilidade de 2023.

Quando produzes um beat a pensar que alguém o vai usar para cantar ou rappar, obviamente que é diferente de um beat que vive por si só. Como é que procuraste abordar isso, tendo em conta que até gostarias que estes instrumentais pudessem ser usados por vocalistas numa fase posterior?

É uma abordagem complicada, mas na sua essência queria apontar para aquela zona meio limbo, de algo que é bom o suficiente para ser ouvido, mas que não seja chamativo ao ponto de também ser demasiado busy… Ou seja, estes instrumentais também não poderiam ser grande “tcharam”, não poderia parecer que estavas a ouvir um projecto de jazz. E esse equilíbrio é muito difícil de alcançar. Porque, às vezes, quando estás a fazer beats para outras pessoas, se calhar até te consegues safar com um loop menos forte. Idealmente todos serão loops incríveis. Mas, por exemplo, e acho que isto se nota particularmente no SYSTEM, há lá beats que são só um bocado bons beats. Não são beats incríveis. Também existem lá uns que acho que são incríveis, mas há muitos que são só bacanos. E é a voz que acaba por os levar às costas é sempre uma colaboração entre voz e instrumental, mas há casos em que o instrumental necessita mesmo da voz. E para estes aqui pensei: eles aguentam bem por si mesmos, mas também não são tão extravagantes que, de repente, não possam ser consumidos como música de background.

E, lá está, até poderão ser usados por vocalistas.

Exacto, adorava mesmo. Até porque foi assim que comecei. As primeiras vezes que eu rimo e que vou experimentar produzir é com base em referências. E acho que é uma experiência extraordinariamente universal. Atrevo-me a dizer que, se calhar, 9 em 10 artistas em Portugal nomeadamente rappers começam com instrumentais da Internet. Não estou a dizer que não haja pessoal que não comece em beats seus ou de amigos, claro que haverá, e isto também é um fenómeno desta geração. Porque o Sam The Kid não pôde ir à Internet escrever, sei lá, “Wu-Tang Clan type beat”.

Ao longo destes anos, produziste estéticas sonoras diferentes, mas naturalmente especializaste-te nalguns elementos mais específicos. Com este disco também quiseste mostrar uma faceta um pouco distinta, para adicionar à tua palete de sons que já conhecíamos?

Claro. E eu também não creio ser um produtor a que ninguém associa a boom-bap, embora no meu espólio não tenha muitos, verdade seja dita. Mas também sei que as pessoas não me colocam nessa categoria. Talvez pensem em mim como alguém que pode fazer um álbum instrumental, mas não como alguém que vá fazer um álbum instrumental [risos]. Pode parecer uma picuinhice, mas acho genuinamente que não é. Também queria provar a mim mesmo, e às pessoas, que tenho dentro de mim as ferramentas para atacar uma sonoridade absolutamente clássica do mundo do hip hop e que sou capaz de o fazer de forma a que seja prazeroso ao ouvido.

E claro que também não tem uma estética de boom-bap dos anos 90, tem apenas uma cadência mais tradicional.

Claro, e tinha que ter mais alguma coisinha para que não soasse completamente a um type beat, não é? Mas queria que estivesse nesse limbo, nessa área difícil de definir: isto dá ou não dá para rimar? Estava um bocado preocupado com isso, mas sinto que até consegui cumprir aquilo a que me propus. 

Para um artista é sempre importante ter uma identidade, e reforçá-la em diversos momentos, mas para um produtor e estavas a mencionar os type beats também pode ser interessante não ser um type producer, no sentido em que consegues explorar várias coisas de forma diferente… Também pensaste nisso, ao fazer isto?

Sim, sempre quis não cair na cena do type producer. Não que eu ache que haja algo de errado com isso, mas pessoalmente gosto de tentar fazer coisas um bocado mais fora da caixa. Com isto não digo que também não tenha instrumentais meus que são coisas um bocado mais estilo fórmula. Às vezes, o simples e o eficiente também é agradável, e o funcional é aquilo que se pretende. Nem todas as coisas têm de ser uma obra-prima avant-garde da produção. Eu gosto de tentar fazer essas coisas avant-garde, sempre que posso, mas também sei que fui fazendo regularmente das outras. Mas, sim, a minha intenção foi e continua a ser e será sempre fazer algo que tu também consigas dizer: “Ok, isto tem um cunho desta pessoa e que só poderia ser desta pessoa.” Mesmo que tu possas identificar as influências. Porque, neste álbum, nota-se muito ou pelo menos eu próprio noto que as minhas referências de produção dentro deste género são os Flying Lotus, os J Dilla e os Nujabes desta vida… Mas também quero acreditar que os beats soam a mim. 

Colocando a sonoridade de parte, na tua perspectiva estes beats específicos que escolheste e poderias ter escolhido outros, como já disseste têm uma linha narrativa?

Têm q.b.. A maioria deles tem uma certa estética meio asiática, mais do ponto-de-vista de banda sonora de jogos. Acho que, em termos melódicos e harmónicos, há uns quantos que poderias dizer: isto dá-me vibes de poder estar no Final Fantasy ou de poder ser uma música de background de uma anime ou outra coisa do género. Porque é algo que eu adoro e que também queria fazer e queria fazer agora até porque, no meu próximo projecto, estou a fugir um bocado disso porque não estou muito para aí virado enquanto vocalista. Mas, enquanto produtor, continuo bastante para aí virado. Então sinto que eles têm uma linha de continuidade do ponto-de-vista abstracto, de como a minha abordagem foi feita. É claro que há uns que são um bocadinho de nada mais jazzísticos, por natureza. Mas, ao mesmo tempo, também dizes: “Ok, consigo vê-los colados aos outros, sem haver uma estranheza.” Queria percorrer um espectro largo de sonoridades, mas não queria percorrer o espectro total das sonoridades, para também não ficar um cadáver excessivamente esquisito. 

E estavas a falar do teu próximo projecto e obviamente também queria abordar isso. Porquê a mudança de nome artístico e o que é que isso significa para a tua música? Que novo projecto será este?

Este meu próximo álbum vai ser um projecto um bocado metamórfico. Porque sinto que a música que estou a fazer agora, principalmente a nível instrumental, já se está a tornar uma coisa mesmo muito distinta e algo que não consegues colocar tanto numa caixa de rap, seja mais ou menos tradicional. Acho que é uma sonoridade que — oxalá que as pessoas concordem comigo quando o digo — bastante própria. Ainda há uma certa abordagem mais de benji price antigo, do ponto-de-vista vocal, até porque gosto desse fasear, entendes? Gosto de poder ver a mudança. Também nunca quereria de repente vir com um álbum de country, algo que até pudesse alienar quem é meu fã e acompanha o meu trabalho. Ou seja, para mim dar o 180° total não seria interessante. Até porque tenho feito um caminho e gosto do que fiz para trás. Não estou a tentar desagregar-me disso. Também quero que se note essa parte, quero que as pessoas consigam ouvir isto e dizer: “ah, isto é o artista benji price mas com uma roupagem nova e é um artista mais fiel e sincero consigo mesmo”. Agora, com toda a transparência, a mudança de nome não sei se mudança é o melhor termo, talvez seja o “abdicar” de um nome também era uma inevitabilidade, tanto quanto este álbum de instrumentais. Eu até era para fazer esta mudança pré-ígneo

Também já estava a ser pensada.

No entanto, à medida que ia fazendo o álbum, senti que ele ainda era mesmo muito benji price. Então, pensei: Ok, vou manter-me aqui, e quando a música começar a fluir menos benji price, vou então fazer essa troca. Mas eu já sabia que isto estava no horizonte. Só que quis mesmo esperar que acontecesse naturalmente. Não queria forçar essa mudança a todo o custo, queria que o universo me dissesse quando é que eu deveria fazê-lo. E, agora, à medida que fui fazendo o álbum novo, sinto que o universo me disse: está na altura de tirar a máscara e já não faz mais sentido haver aqui uma persona artística, porque isto já sou mesmo eu a fazer música, 100% por mim enquanto pessoa e não tanto alguém que está a tentar construir uma ideia de um artista… Entendes?

Entendo, sim. E teve mais a ver com isso do que deixares de gostar do nome artístico?

Nada contra o meu nome artístico. Ou seja, não houve aqui um processo de: já não me revejo nisto. Houve um processo de perceber que já não fazia sentido, que já não é suficiente. Sou eu que me estou a encaixotar a mim mesmo. A progressão da minha vida e da minha carreira levou-me para um sítio em que já não consigo encontrar o porquê de ter um nome artístico. E é um sentimento que continuo a ter alguma dificuldade em expressar, porque é mais uma emoção até do que um pensamento 100% lógico e racional. Há aqui uma larga parte disto que também é movida por um feeling, apenas. De estar a ouvir a música e pensar: isto se calhar já não faz muito sentido para o projecto benji price. Porque o projecto benji price é fundado como se calhar alguém criaria uma banda. Se eu e tu criássemos uma banda de metal, se calhar se eu te viesse sugerir que fizéssemos um álbum de funk, poderia já não fazer sentido para ti e, por consequência, poderia já não fazer sentido para a banda. E eu teria de criar um projecto distinto para o dito álbum de funk. E eu apliquei um pouco isso a mim mesmo. Eu crio a marca benji price com a intenção de ser um rapper-produtor. Pensava que iria ficar aí. E, com os anos, tenho-me vindo a aperceber de que não e chegou o momento de fazer acontecer. De não pensar nisso e simplesmente seguir. Sei todos os riscos que acarreta, mas prefiro viver feliz com as minhas decisões, do que estar a fazer algo com o qual já não me sinto super feliz.

Também é um reflexo da tua maturação enquanto pessoa e artista. E estavas a falar da parte vocal, que naturalmente não se vai alterar repentinamente a 180 graus, mas isso significa que irás explorar coisas mais cantadas e menos rappadas? Ou não necessariamente?

Ainda não sei. Nas faixas que tenho de momento ainda há uma boa dose de rap, mas acho que há uma abordagem muito mais melódica. Já não há tanto tiki-taka. Já não estou a tentar fazer tantos flows diversificados e marados. Estou a ir por uma linha um bocado mais simplista e o caminho também passa por começar a cantar mais e se calhar não rimar tanto, por defeito. Mas nada temam, que este projecto ainda tem uma boa dose de rimas, até porque sinto que estou a entrar numa fase boa da minha caneta, em que também estou a ser mais aberto e explícito e a falar de coisas que me preocupam enquanto pessoa. Os temas neste projecto estão a ficar um pouco mais políticos, mais biográficos… E também é uma preocupação que me vem à cabeça. De repente, benji price é um rapper político? Não estou a dizer que tenho um álbum tipo Immortal Technique ou KRS-One, não é um álbum político. Mas é uma pessoa que já dá mais opiniões e coloca mais perguntas dentro desse tema. 

E em termos instrumentais, estás a explorar coisas muito distintas? Obviamente, tens experiência e versatilidade. Eventualmente estarás a tocar instrumentos, ferramentas diferentes?

Estou, estou. Agora tenho estado muito mais ao piano e trabalhado muito mais com sonoridades orgânicas talvez à exceção de um pequeno momento em que ainda estou a trabalhar, então não quero prometer muito. É provável que não surja nenhum momento trappy no álbum. Quer dizer, de momento há uma parte narrativa de um som que ainda me faz sentido ter isso, ainda estou a tentar trabalhá-lo, então não quer dizer que vá desaparecer a 100%, mas que vai desaparecer a 90%, vai. Este álbum está muito mais carregado de sintetizadores e baterias acústicas. Continuas a sentir que é hip hop, na sua abordagem, mas já não sentes tradicionalismo nisto. As pessoas que me rodeiam já dizem que isto está mesmo outra coisa e eu espero que estejam a ser sinceros comigo [risos]. E também acredito que está, de facto, outra coisa. Não estou a fazer promessas de que estou a reinventar a roda da música, nada disso, de todo. Simplesmente estou a fazer música que é mais, distintamente, eu. 

Independentemente de géneros musicais, categorias ou caixinhas.

Exactamente, tal e qual, é só esse o ponto.

Pelo que percebi, estás algo avançado no álbum. Tens uma previsão de quando é que o gostarias de o lançar?

Tenho. De momento, acredito que sairá no último trimestre do ano. O álbum está na iminência de estar completo. Ainda há aqui dois temas com os quais me estou a debater e vou permitir-me aqui um certo distanciamento para saber como é que me sinto em relação a eles, mas antes de o verão acabar estará terminado. Depois, o que tornará o álbum mais para hoje ou mais para amanhã, por assim dizer, tem a ver com questões logísticas e burocráticas. Quantos videoclipes é que vou fazer? Se consigo encontrar uma semana menos ocupada para lançar isto… Todas essas preocupações naturais em torno do lançamento de um álbum.

Já tens título para o disco?

Tenho título, mas prefiro não dizê-lo já, não vá eu acordar amanhã e ter um momento “eureka!” e diga: afinal, é outra coisa. Não quero muito dar para Kanye West nesse sentido, de dizer que o álbum é A e afinal é B ou C. Prefiro resguardar-me. Tenho uma grande certeza sobre qual será o título, mas vou esperar para que eu o envie para a Sony e eles façam a label copy e digam: olhem, já enviámos. Aí já não dará para voltar atrás.

E estavas a falar há pouco de público: independentemente de que público novo atraias com este projecto e qual seja a percentagem de pessoas que te segue há muito tempo e que irá continuar, já sentiste uma mudança entre as coisas que fizeste na Think Music e o SYSTEM e, depois, o ígneo?

Senti. Senti que passei a estar menos exposto, mas mais focado. Obviamente, fazer um álbum com o ProfJam dá-te uma montra gigantesca. E, por mais sucesso que o álbum possa ter, o sucesso do Mário não é o meu. Ou seja, mesmo que corra extremamente bem para mim, isso não me garante que me vá colocar ao nível de reconhecimento em que ele está nem era essa a minha intenção. E também estou a apanhar menos fama por tabela, por ricochete, por assim dizer, porque, não sei se tens reparado, mas tenho estado a fazer menos coisas com artistas de maior projecção. Tenho estado mais entretido a trabalhar certas sonoridades que me interessam mais, como, por exemplo, o álbum da Rita Vian, que acabou de ser anunciado. Estive a trabalhar muito nesse álbum, da mesma maneira que tenho estado a trabalhar noutros projectos. E, francamente, desinteressei-me um pouco pela correria do hip hop. Não é do hip hop enquanto género, atenção.

Estás a falar do game.

Exactamente, desinteressei-me um bocado pelo game e deliberadamente fui tentar vender o meu peixe para outras bancas. Mas estou contente como estou publicamente agora. Tenho fé que o meu nome seja reconhecível. Talvez não seja o nome mais badalado dentro do género, mas acredito que seja minimamente familiar e estou sempre grato por quem me descobre agora, da mesma maneira que estou sempre grato por quem tem acompanhado a minha carreira até hoje.

Só para terminar, reparei que no Instagram mudaste a handle para @joãodoribatejo, e sei que és de Torres Novas. Queria só perceber se neste novo projecto acabas por resgatar um pouco essas raízes ribatejanas ou se nem por isso.

Tematicamente, sim. Mas confesso-te, aqui, que acabei por optar por esse nome porque não consegui resgatar @joãomaiaferreira. É curioso porque essa conta foi minha durante anos. Quando criei a conta @benjiprice, deixei para trás a outra e agora quando a quis ir repescar, não consegui [risos]. Tentámos entrar em contacto, mas não conseguimos. Então, não querendo eu ser o @joãomaiaferreiraa ou usar várias outras letras, decidi só optar por @joãodoribatejo. Mas também estou deliberadamente a tentar reconectar-me com as minhas raízes. Sou um residente lisboeta há muitos anos, já vivo em Lisboa praticamente há tanto tempo quanto vivi em Torres Novas. Então, funcionalmente tenho sido mais lisboeta do que ribatejano na última década e pouco. Então também está aqui a necessidade de me reaproximar um bocadinho mais das minhas raízes, porque eu adoro o Ribatejo. 

Portanto, é mais algo temático do que sonoro?

Exacto, mas não quer dizer que um dia mais tarde não possa puxar de uns adufes, quem sabe.


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