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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/08/2023

São precisos dois para haver balanço.

L-ALI & Lunn sobre Balanço: “Tem muito protagonismo de beat”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/08/2023

Recebidos na MUNNHOUSE para ouvir em primeira mão o novo trabalho de L-ALI e Lunn, os 15 minutos de duração de Balanço estenderam-se por mais de uma hora de conversa sobre o EP que volta a juntar Hélder Sousa e Manuel Morgado num curta-duração a meias, depois da primeira aproximação em Raramente Satisfeito — projecto que não é propriamente um antecessor deste que hoje nos é apresentado, mas sem o qual não teria sido possível trilhar caminho até aqui.

O percurso faixa-a-faixa, conduzido pelos dois autores em sede própria, levou-nos, assim, a entender boa parte do processo que deu origem a este disco assumidamente virado para as pistas de dança, que se vê editado, por isso mesmo, em pleno mês de Agosto como um trabalho que torna leve o que é pesado, que descomplica em direcção à simplicidade, que é coisa séria sem se deixar levar demasiado a sério. E o resultado leva-nos a crer que é no balanço que está o equilíbrio.



A “Brio” foi a primeira música que fizeram para este EP?

[L-ALI] Foi a primeira que fechámos, não foi a primeira ideia a surgir. Nós já queríamos fazer um álbum mais dançável, mas acho que foi a partir desta malha que ganhou pernas para andar.

[Lunn] O início do “Labirinto” foi a primeira cena que já estava a puxar para essa vibe e já estávamos a descair para o lado four on the floor. Depois, este beat surgiu — eu não estava cá, por acaso foi dos poucos que não foi feito in house com o Hélder presente — e depois fluiu tudo bué rápido. Para aí uns dois meses. O “Brio” foi o desbloquear disto.

[L-ALI] Continuo a achar que “Brio” foi num espaço de um mês, entre outras tentativas e outras demos, e as outras quatro diria que foram noutro mês. 

Não tendo sido a primeira ideia, como é que foi esta que desbloqueou tudo o resto?

[Lunn] Não foi a primeira na fase de produção inicial, mas foi a primeira que nós fechámos mesmo. 

[L-ALI] Foi a “Labirinto” a primeira e nem era assim, porque tinha um beat que levava um switch e virava para como a malha ficou — era uma cena mais híbrida.

[Lunn] Na verdade, o “Brio” é o único som dos cinco que tem a cena em half-time, em que o beat quebra para half-time numa cena mais hip hop — que o “Labirinto” tinha no início. Depois, nós despimos, tirámos essa cena e fomos full on club. Foi premeditado o resto do processo a partir do “Brio”.

Escrever para beats destes foi uma evolução natural do que já vinhas a fazer, ou sentiste uma grande diferença nesse processo?

[L-ALI] Acho que foi uma cena gradual, e o “Kilates” veio, também, por causa disso. Como o “Ciclo” serviu de statement para haver ali um twist, o “Kilates” veio, também, fazer isso com aquele falsete — nós já andávamos a testar coisas neste âmbito. Eu já tinha abordado beats desta maneira, mas não na forma melódica. E a parte melódica eu tenho andado a desbloquear nestes últimos dois anos — já tinha, mas agora sinto que estou a arriscar mais —, e isso veio complementar a parte rítmica, eu acho. E a cena de me desinibir um bocado mais e ir lá para cima.

[Lunn] Por isso é que eu acho que o “Kilates” foi um turning point, faz bem a passagem de um para o outro — e já o “Mariposa” também.

[L-ALI] Sim, o “Mariposa” já tem umas hints de sermos mais gingões, digamos assim.

A tua abordagem tem vindo a ficar progressivamente mais leve, sobretudo, desde o Raramente Satisfeito, mas estavas a dizer que só nos últimos dois anos é que começaste a desbloquear a vertente mais melódica…

[L-ALI] Dois, três anos. O Raramente Satisfeito já tem um bocado isso, o “Ciclo” foi um bom exemplo disso, eu acho — aquele refrão deu-me um gozo do caraças a fazer e deu para ganhar mais tentáculos, digamos assim. Continua a ser uma música pesada, não a nível de bass e bicho do mato, mas sinto que é tensa. 

Mas a fazer o Raramente Satisfeito… eu tento sempre partir para um projecto — é clichê, mas é verdade — e fazer uma merda que ainda não fiz. E no Raramente Satisfeito olhei para trás e… “Tu estás a ser o pitch down boy há bué tempo, bora lá tentar fazer outras coisas”. E, a seguir ao Raramente Satisfeito, nós fizemos mais músicas e eu sentia que — e eu tive esta conversa com ele — havia músicas que faziam sentido terem saído no Raramente Satisfeito. Era aquela página, e acabaram por não sair. Porque eu sentia que aquela fase era aquela fase, e agora esta fase é esta fase.

Já não te preenchia continuar no mesmo registo depois disso?

[L-ALI] Não, porque já são algumas… E quero-me desafiar de alguma maneira. 

[Lunn] E eu acho que como havia muitas demos e coisas que ficaram na gaveta na mesma altura, quase de testes a ver se funcionava ou não, é exactamente o oposto disto porque nenhuma destas foi um teste. 

[L-ALI] E essas próprias que não saíram ainda cansaram mais esse registo em mim.

Pegando no termo “desbloquear”, já estavas a tentar fazê-lo há mais tempo? O que é que te impediu de o fazer mais cedo: insegurança, falta de oportunidade…?

[L-ALI] Insegurança, muito provavelmente. Tentativas houve umas quantas — tentativas de falsete na Superbad. que nunca chegaram a sair. O “Plenitude” teve assim um rasgo daquele adlibzinho, que foi a primeira coisa em que fui para cima no meu registo, embora o refrão não seja em falsete. Aí eu já estava a tentar, só que não me contentava com isso e sentia-me inseguro porque, se calhar, o produto também não me deixava seguro. Sou um gajo picuinhas, para mim tem de estar, tenho de me ligar com a cena. E só comecei a clickar comigo melódico neste registo. Porque entretanto, a seguir ao Raramente Satisfeito, havia um r&b ou outro que nós tentámos fazer, e não fomos para a frente com ele porque, lá está, não me bateu. Agora, simplesmente, estou mais desinibido nesse sentido e estou a divertir-me — sempre me diverti, mas, como é uma cena mais recente para mim, dá-me mais gozo, tenho mais drive e estou a ouvir-me de maneira diferente.

Esse processo é como ver a luz, na medida em que, a partir do momento em que desbloqueias, consegues experimentar coisas diferentes muito mais facilmente?

[L-ALI] Sim, sim, sem dúvida. É como se provasses a ti mesmo que consegues fazer isto, então, dentro deste caminho, quantas direcções é que posso tomar? Antes, o leque, para me surpreender a mim, já estava difícil naquele campo. Porque são anos a fazer esta brincadeira, e a brincadeira tem de continuar a ser uma brincadeira; porque, se eu vir isto de outra maneira, não me dá gozo. 

Escrever para este género de beats altera o processo? Agarras-te mais ao beat?

[L-ALI] Sim, sem dúvida nenhuma. Sinto que o processo é completamente diferente, sigo-me muito mais pelo que o beat me está a pedir, no sentido de complementar o beat em melodia. E, depois, por estranho que pareça, as palavras só aparecem. 

Moldam-se ao som?

[L-ALI] Moldam-se ao som e, curiosamente, este EP, diria que é o mais conciso a nível de temas que eu já tive na minha vida. Todas as malhas deste EP são sobre uma coisa. Este é o meu projecto mais “Meu querido diário” que eu já tive na vida [risos]. Daí chamar-se Balanço: eu precisei de largar isto, para lançar as coisas — e também “balanço” de groove, é por aí…

É como ter de escrever uma composição com limite de caracteres. 

[L-ALI] Ya, e se formos comparar a minha escrita do início com a escrita do Raramente Satisfeito ou daqui, eu antes dava beleza à coisa a complicar demasiado, mais técnico, mas agora sinto que simplicidade também exige técnica para aquilo encaixar.

Mas seria de esperar que uma coisa mais concisa fosse mais ambígua.

[L-ALI] Sim, mais vaga, percebo. Mas, como disse, isto foi um desabafo puro e duro. 

Um desabafo para dançar.

[L-ALI] Ya, para chorar no dancefloor, para rir no dancefloor… [risos]

[Lunn] É o departamento dele, muito mais do que o meu, mas no final do dia foi muito mais simplificado e eu acho que é esse “simples” que te dá mais abertura à interpretação liricamente. É um meio de termo, fazer as pazes e don’t overthink anything.

[L-ALI] Está a soar, estás a abanar a cabeça…

[Lunn] Exacto, deixa fluir. Estás num headspace diferente. 

E, se calhar, a diferença é que num projecto destes a letra deixa de ser a parte mais importante, porque no rap o beat está mais ao serviço do rapper.

[L-ALI] O foco, sim. Põe muito o rapper na frente. 

[Lunn] É curioso estares a dizer isso porque eu acho que depende muito do beat e da entrega da pessoa que vai cantar por cima. Mas, por acaso, eu acho que o Hélder sempre foi muito de deixar o beat falar e de comunicar directamente com ele — e o Balanço também faz sentido nessa óptica. Mas isto tem muito protagonismo de beat; quase todos os beats acabam com muito tempo de instrumental.

Como se fosse a tua vez de fazer um solo.

[Lunn] Tal e qual, é um bocado isso.

[L-ALI] E mesmo em DJ sets faz sentido, como isto é uma cena mais para dançar, vamos fazer jus à cena: vais ter o final para puxares a tua passagem e para loopares.

[Lunn] E, por acaso, tem piada teres usado o termo “solo”, porque solo parte bué de improvisação — e tu tens muita produção aqui que é de improviso, de quase freestyle em tempo real.



A “Malmequeres” tem muita coisa diferente a acontecer. Foi um processo contínuo?

[L-ALI] Por acaso, esta malha tem a parte de fazer o beat, que é engraçado, e depois tem um easter egg a nível de conteúdo.

[Lunn] Nesse sentido, foi bué simples. Já tínhamos três malhas feitas e eu estava numa de “bora sacar mais uma”, porque, na verdade, este EP era para ser três sons. E, por acaso, estava aí o benji [price] sentado e disse: “Saquei aqui um soundpack de um gajo que tem grandes percussões”, e a partir daí foi fazer o beat. E fluiu mesmo nessa direcção em que o surpreendente, que é o refrão — é o mais diferente, a cena disco —, nem foi… eu olhei para ele e foi só: “Bora para aqui?” E isto foi uma cena de 10 minutos, foi super rápido.

[L-ALI] Saquei a letra ainda o benji estava aqui, uns 15 minutos, este texto só saiu de mim. Por isso é que eu estou a dizer, este é o meu projecto mais “Meu querido diário” de sempre. 

Quando acabas de escrever uma letra assim tão depressa, não estranhas teres escrito o que escreveste?

[L-ALI] Foi um bocado impulso, sim. Foi vómito. O refrão, como eu já sabia que estava na cena disco, fui pela melodia, mas tentei contextualizar ao máximo com este EP. Porque este EP gira muito à volta deste universo de heartbreak. E o primeiro verso e o refrão foram feitos numa sessão, e o segundo verso foi feito noutra sessão. E o segundo verso foi: eu mandei o primeiro verso e o refrão à dita-cuja, que inspirou esta brincadeira, e ela torceu o nariz — adorou a malha, mas não adorou a intenção da malha. E o segundo verso foca isso: eu ter mandado isto e tu reagiste dessa forma. Então, o segundo verso só é feito com a reacção dela ao primeiro e ao refrão.

Mas, quando fizeste o primeiro verso e o refrão, já tinhas um segundo verso em mente antes de enviares?

[L-ALI] Não, não. Só sabia que não queria algo muito colado ao primeiro, queria uma cor diferente. E assim que tive a resposta, deu-me a resposta para o segundo verso. Cheguei aqui com o verso, nem escrevi aqui. 

Nunca te preocupou a reacção dos teus fãs ao longo dos anos em relação ao L-ALI estar em constante mutação?

[L-ALI] Isso são as minhas duas normas para fazer isto: soar a mim e surpreender sempre. Mas isto desde o início, desde Surrealismo XPTO — não é suposto estares à espera daquilo; O Conto vem um bocado mais ortodoxo, e por eu estar naquela mixórdia electrónica, não estás à espera que vá aparecer um “BangHello! (O Gesto)” [com Mike El Nite]. Eu sempre procurei isso, é o que me dá mais gozo. Eu nunca estou no mesmo sítio, literalmente, metaforicamente, sonoramente — até em casas, eu nunca estou no mesmo sítio, viver em Lisboa também tem disto [risos]. Mas eu digo sempre isto: eu não quero repetir um projecto duas vezes.

Ainda assim, sinto que a curva tem sido mais acentuada nos últimos anos.

[L-ALI] Há mais ferramentas, há mais escola. Já consumia música, agora consumo tanta ou mais do que antes e a bagagem vai aumentando. Eu oiço muito rap ainda, mas diria que não é a maior mancha do que tenho ouvido nos últimos anos. 

Sentes que essa evolução, no teu caso, coincide com as diferentes fases da tua vida?

[L-ALI] Não tinha pensado nisso, mas é provável. Estou definitivamente noutro sítio.

Que, neste caso, até faria mais sentido ao contrário: quando somos mais novos queremos sair mais, e à medida que crescemos as coisas podem ficar mais pesadas. No teu caso tem sido o contrário, pelo menos na música.

[Lunn] Era o que eu ia dizer [risos].

[L-ALI] Nem sei o que te diga em relação a isso… [risos] Eu estava mesmo na cave; não é que não saísse à noite, mas gostava mais de caves. E não é que eu agora adore discotecas — eu nem vou a discotecas. É só a cena da música, de explorar isto e querer tocar isto de alguma maneira. Agora, não sei se eu fui mudando mais nestes últimos anos pessoalmente, e se isso afecta a minha música — provavelmente, sim. Mas não sei, nem tinha pensado nisso.



A participação da JÜRA no “Labirinto” é um feat. que eu não estava à espera. Como é que surgiu?

[Lunn] Isto foi o tal som, a primeira ideia. E a JÜRA, por acaso, veio aqui a uma sessão, não sei se era para este som especificamente…

[L-ALI] Eu acho que lhe mandei. E queríamos pôr um verso dela aqui — e um refrão, na verdade; que não é este, era uma coisa completamente diferente. Eu conheci a JÜRA por causa do círculo de amigos. Porque eu vivi há uns tempos com o Murta e esse círculo aconteceu organicamente, e eu curto do trabalho dela e foi bué natural. Eu queria trabalhar com ela, acho que ela soa mesmo a ela e, lá está, são as duas normas que eu sigo: soar a ti e surpreender. 

Passar da ideia original para esta final também foi rápido?

[Lunn] Mais ou menos. Nós deixámos a marinar, e a cena fixe de ter este espaço [MUNNHOUSE] é ter várias cabeças diferentes a dar inputs que te deixam a pensar doutra forma. E fiz as pazes com a ideia de assumir isto; eu curtia bué da primeira parte, mas assumimos só o final mais clubby — e mesmo com ela aí sentada, quando lhe disse, “Olha, bora então começar assim”, ela riu-se no sentido de “era mais isto que eu queria”.

É difícil largar essas primeiras ideias que surgem?

[Lunn] Eu acho que depende mesmo muito do beat, e não depende da pessoa que me diz — é tão relevante como o primeiro gajo que passa na rua como uma observação técnica de uma pessoa que sabe o que se passa, são ambas relevantes. Portanto, eu tenho sempre em consideração, mas, depois, é como bate comigo próprio ou, neste caso, com a pessoa que faz parte do projecto. 

E isso não abre uma espiral de auto-dúvida?

[Lunn] Eu acho que isso faz parte de ser artista. Tens de cagar nisso, não podes deixar que isso seja uma cena. Mas, lá está, esse respeito pela opinião das outras pessoas cabe-teti, és tu que defines, tomas as decisões de acordo com o que tu achas mais sensato. 

[L-ALI] Eu acho que é uma cena de gut feeling.

Quem é que, deste núcleo debaixo deste tecto, participou, não directamente, mas que teve na bolha criativa do projecto?

[Lunn] Na bolha criativa do processo de produzir isto… Isto é tudo misturado e masterizado pelo Kidonov. A única pessoa que teve mais mão nisto para além de mim e do Hélder foi o Alley

[L-ALI] Dos Double Trouble.

[Lunn] Que faz co-produção do “Brio”. 

[L-ALI] Houve sempre… nós mostrávamos as malhas ao pessoal, mas acho que no processo de fazer…

[Lunn] Nós temos um grupo grande em que partilhamos as cenas, mas, lá está, tu aí é que tomas a decisão de se aplicas ou não a ideia.

[L-ALI] Desde benji, Kidonov, Beiro, Alley… 

[Lunn] Excluindo amigos que não estão tão activamente na cena.

[L-ALI] Qual foi a que o benji estava aqui…?

[Lunn] A “Solo”.

[L-ALI] Não, não. Foi a “Retina”.

[Lunn] Ah, pois foi! Eu troquei o kick da “Retina” por causa do benji, exactamente. E, na verdade, o “Retina” foi o som mais limado porque eu não estava contente com as drums desde o início. 



Este projecto foi feito a dois também na produção?

[L-ALI] Diria que o Raramente Satisfeito foi mais a dois do que este. Este foi uma questão de bitaites, não foi mão na massa. 

[Lunn] Sim, ele tem bué mão na massa no Raramente Satisfeito.

Daí ter pensado que neste tinha ainda mais.

[Lunn] Por acaso, neste não, o que é ainda mais curioso. É quase o oposto…

[L-ALI] Eu não toquei em nada, estava na sala a dizer: “Gosto, não gosto” — DJ Khaled type beat [risos].

Mas fora deste projecto têm trabalhado mais juntos nesse âmbito?

[L-ALI] Sim, até pré-Raramente Satisfeito: foi viver juntos e era a nossa Playstation. Acabaram alguns por sair para outras pessoas, outros estão por sair, se tudo correr bem. E nos últimos tempos abri definitivamente mais o espectro do que estava a fazer. Desde com instrumentos à caneta. Parecendo que não, escrever para outras pessoas dá-me outras abordagens para fundir com a minha.

Dá-te mais liberdade porque não estás “preso” aos teus parâmetros.

[L-ALI] Sim, nesse sentido é mesmo liberdade máxima e tentar fazer a camisola perfeita para aquela pessoa. Mas isso, fazer a camisola perfeita para a outra pessoa, desbloqueou coisas em mim que…

A camisola também te serve.

[L-ALI] Ya, se calhar aquela manga ficava-me bem a mim também. 

[Lunn] Isto é completamente idem-idem na produção — estéticas diferentes, mas é completamente igual. 



Então, a “Solo” foi mesmo a última a ser feita?

[Lunn] Foi. Antes de irmos de férias — onde fizemos os visuals, depois —, este som tinha uma demo; literalmente, um dia antes, estávamos aqui em estúdio, eu comecei aqui uma cena, ele gravou o primeiro refrão e o primeiro verso, e eu fiquei: “Bro, este quinto som tem de entrar.” 

[L-ALI] Eu já estava numa de, “Bora acabar isto para depois dar seguimento ao EP”. Eu estava com medo de comprometer o projecto para o Verão.

[Lunn] Isto antes sequer de o benji entrar na equação.

[L-ALI] E faltava o segundo verso.

[Lunn] Convenientemente, faltava o segundo verso [risos]. Mandámos para o nosso grupo e estávamos prestes a bazar do estúdio, porque o benji ia ocupar o bloco a seguir, e ele liga-me logo a dizer: “Deixa-me lá entrar nisto, isto tem de ir para o EP”.

[L-ALI] Saímos daqui às nove horas, fomos ao Cais do Sodré, subimos às onze, ele tinha o verso escrito, fechámos a sessão aí e ainda voltámos para fazer a ponte. 

[Lunn] Já completamente contra-relógio.

E, voltando ao “Brio” para fechar o círculo, toda a gente com quem falei sobre esse single mencionou a questão do visualizer. 

[L-ALI] Isso é bom sinal porque vêm aí mais quatro.

[Lunn] E foi feito pelo meu primo, Santiago Caiado, que também fez a capa do Latência do Chico [xtinto] e outras cenas. Isto basicamente é uma tecnologia que dá para fazer scans 3D, e acho que os novos iPhones conseguem fazer isso com uma aplicação. E, quando fomos de férias, eles já iam com esta ideia de fazer os scans lá nas dunas, e eu lembrei-me de quando fazia o percurso de casa até à praia em puto, em que brincava com cenas nas dunas e imaginava que era tudo gigante, porque os bonecos eram pequenos. Então, nós fizemos os scans e nós éramos os bonecos. 

Para fecharmos, com um EP completamente virado para as pistas de dança, estão a pensar apresentá-lo num ambiente de club e fazê-lo de forma mais regular, como tem acontecido, por exemplo, com o Bar Dançante do João Não e do Mike El Nite?

[L-ALI] Adorava, era lindo. Não sei se se vai realizar. Sei que tenho, pelo menos, um gig em Lisboa e um no Porto que quero fazer até ao final deste ano — mas que engloba isto, porque são 13 minutos de EP, e já lançámos coisas e ainda vamos lançar mais este ano. Se surgirem datas, melhor. Mas sei que quero puxar dois em meu — nosso nome, inevitavelmente, porque ele está nas minhas últimas produções e vai ser onde eu me vou focar mais.


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