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[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados
VULTO. e L-ALI lançaram hoje LISTA DE REPRODUÇÃO. O terceiro projecto colaborativo da dupla é servido, como já é habitual, com o carimbo COLÓNIA CALÚNIA e está disponível no Spotify, Bandcamp e YouTube (todas as faixas têm vídeo).
Quatro anos depois da estreia com SURREALISMO XPTO, VULTO. voltou a receber L-ALI no seu laboratório de beats para criar um novo trabalho que sucede a um CAFÉ partilhado na inauguração da discografia da COLÓNIA CALÚNIA. “’Tou no mesmo estúdio, mesma conta rota/ mesmo rumo, só mudou como eu vejo a coisa”, atira o rapper na abertura de “SELO”.
As mesmas duas caras e um setup numa sala de gravação caseira que pouco ou nada mudou. Um EP e um disco depois, com algumas mãos cheias de temas soltos pelo caminho, existe algo realmente diferente nos sete temas novos. VULTO. está mais agarrado que nunca a um cunho sónico só seu que, não perdendo a vertente de explorador dedicado, destaca-se entre os demais pela maturação e consistência. A meticulosa desorganização é calculada até à exaustão, com VULTO. a apresentar-se cada vez mais melódico, entorpecido pelos elevados níveis de acidez.
Também as rimas de L-ALI estão mais aguçadas que nunca: as variações de flow saem com a maior das naturalidades e LISTA DE REPRODUÇÃO é digno de nota positiva nesse capítulo, com o rapper a colocar em cima da mesa um alargado leque de novas opções que tão bem combinam ritmo e fonética. “São faixas sobre o que tenho andado a passar e a minha postura para com o movimento”, explica L-ALI. “Há devaneios, respostas e ironias nestes temas.”
Evitando tecer grandes explicações acerca do propósito de cada uma das músicas que compõem esta LISTA DE REPRODUÇÃO (“não consigo reduzir uma faixa a dez palavras”, confessa L-ALI), o Rimas e Batidas tentou, ainda assim, mergulhar um pouco na cabeça do rapper:
“LAURA” é o tema que arranca esta compilação de “devaneios”. Segue-se “SILNA”, rap de combate que visa a própria defesa perante algumas “carapuças enfiadas por engano”. L-ALI utiliza a maior arma do seu arsenal: “repito puns, nunca flows/ morri no beat, quando?/ nunca foi, era preciso muita folha”. “MOSA ROTA” serviu como aperitivo do projecto que recebemos hoje, uma espécie de maratona de talentos.
“‘SELO’ é um statement sobre a minha situação no movimento”, comenta L-ALI, que destaca “MICA”, o tema seguinte, como uma “ode ao sarcasmo”, na qual se denota o “porquê de fazer hip hop”. “‘REFRÃES DE BOLSO’ é “a faixa mais pessoal, no sentido que melhor fala da situação que estou a passar”, conta o rapper, que recorreu à música para falar da sua “brokeness”.
“PINGADO” encerra as conta desta LISTA DE REPRODUÇÃO, um tema que arranca carregado de saudade por um colega com o qual não tem tido oportunidade de trabalhar: “‘não vejo o mar há dias’ é uma referência a não colaborar com o Pesca há algum tempo”, remata. Prontos para carregar no play?
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