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Fotografia: Marc Profanovic
Publicado a: 17/02/2020

O multi-instrumentista actua na edição deste ano do ID_NOLIMITS.

Jordan Rakei: “Eu quero que as pessoas entendam que os meus álbuns não são apenas alguns beats nos quais eu canto”

Fotografia: Marc Profanovic
Publicado a: 17/02/2020

O multi-instrumentista, cantor e produtor Jordan Rakei aterra em solo nacional no princípio do mês de Abril para marcar presença na segunda edição do festival ID_NOLIMITS. Esta não será, no entanto, a estreia do músico em Portugal — tocou no EDP Cool Jazz, em 2018, e no Nova Batida, em 2019 –, que agora regressa com o seu trabalho de maior densidade: Origin.

Wallflower, o álbum de 2017, já editado pela icónica Ninja Tune, afirmava Jordan como uma personalidade a atentar nos meios da soul e do r&b alternativo. As referências que tem vindo a enaltecer – tais como os lendários Stevie Wonder ou Marvin Gaye –, aliadas ao seu backgroundde bedroom producer – mais ligado ao hip hop e, mais recentemente, à música de dança (género que decide separar, e lançar sob o heterónimo Dan Kye), – colocaram-no como uma peça importante num certo ecossistema musical. Nos últimos dois anos esteve envolvido na produção de trabalhos de músicos como Alfa Mist, Loyle Carner ou Tom Misch, impondo-se no processo de arranjo e produção, mas também dando voz a vários temas. Origin, no entanto, marca assertivamente o relevo de Rakei e a sua intenção de conceptualizar fortemente a sua música, colocando-o numa posição avantajada relativamente a alguns destes seus pares. Não é invulgar que álbuns conceptuais e direcções artísticas demarcadas sejam mais resilientes ao por vezes ingrato teste do tempo.

A expressão de um futuro distópico e o estudo da interacção do ser humano com a máquina têm sido alvo de grande interesse na literatura, no cinema, e na música, em grande parte na música electrónica. Embora Origin seja um disco mais upbeat (de estética optimista e dançante), que demonstra uma produção que não se centra necessariamente em máquinas de electrónica – apesar de sonicamente os sintetizadores ganharem palco neste registo: a temática apela ao uso dos lendários Prophet ou Juno 60, como nos conta o produtor – os seus temas são pesados, profundos e produto duma reflexão maturada sobre o mundo (cada vez mais…) “black-mirorriano” que habitamos. “Nos anos 70, o Marvin Gaye fazia música com um som soul incrível, poderoso e positivo, embora a falar sobre problemas do mundo, sobre activismo e questões raciais. Portanto, é música soul muito positiva para fazer passar essas ideias; isso inspirou-me a fazer música feliz, colorida, funky e vibey para fazer passar ideias mais sombrias e distópicas”. Seguindo os passos do músico americano em What’s Going On?, no qual expôs temas fracturantes da vida social num mundo racista, Rakei é capaz de dançar a distopia sem ceder a soluções simples.

A mudança de hemisfério – nascido na Nova Zelândia e até há pouco tempo sediado na Austrália – trouxe também novas formas de trabalhar. Anteriormente mais isolado no processo de composição e produção, a estadia em Londres (cidade caracterizada pela forte dinâmica cultural) possibilitou a sua inserção numa rede de músicos que coopera consistentemente na produção e no arranjo musical de outros artistas. Assim, Rakei concretizou o objectivo de trabalhar na acepção clássica de produtor: o tipo que está sentado na régie, a ouvir as gravações, a fazer ajustes, enquanto outros instrumentistas executam as suas ideias.

Depois de vários meses a apresentar Origin ao vivo, é a vez de Portugal receber o álbum no Centro de Congressos do Estoril. Em conversa com o Rimas e Batidas, Jordan Rakei falou sobre o processo de composição do último disco, as suas influências e o porquê de ainda explicar a sua música numa cultura de attention span em decréscimo. Além disso, prometeu novos arranjos e jams alargadas em palco. Já sabem o que fazer.



Disseste numa entrevista, em 2017, que liricamente Cloak era “sobre introspecção e analisar o poder da mente”, e que Wallflower era “sobre lidar com ansiedade e ultrapassá-la”. Origin é uma narrativa lírica sobre um mundo distópico guiado pela tecnologia, está certo?

Está certo, sim. Basicamente passa-se num mundo futurista onde a tecnologia é o governo dominante, e nós estamos a tentar perceber quem somos enquanto humanos e como existimos agora, se estamos no nosso caminho para o desaparecimento ou se conseguimos coexistir com a tecnologia.

Houve alguns livros, séries, filmes ou outros tipos de influências culturais para a criação deste álbum e da sua narrativa?

Houve muita pesquisa. Basicamente começou por eu ouvir o Elon Musk a falar sobre muitas teorias diferentes, mas maioritariamente a da simulação, na qual ele pensa que há a possibilidade de o mundo ser uma simulação e que podíamos estar como que num videojogo. Esta eventualidade de que estamos efectivamente numa simulação fez-me pensar. Quem somos enquanto espécie? Será que a história existe? Quem somos? E comecei a debruçar-me sobre isso. Li uma série de livros escritos pelo Yuval Harari sobre o sapiens e espécies de humanos; como a história, as [nossas] projecções e como vais existir com a tecnologia no futuro, e depois com a inteligência artificial… Mas é engraçado. Sou realmente fascinado por todos estes elementos da ficção científica, e tento pensar em como posso fazer soar [estes temas] acessíveis num álbum de música soul, porque muitas vezes esta música é sobre conhecer uma miúda ou o que seja, algo simples [risos]. Como tal, estou sempre a tentar falar sobre ideias bastante abstractas através deste domínio da tecnologia.

É curioso que menciones isso. O conceito é algo tão assustador como a tecnologia e o seu efeito em nós e, quase paradoxalmente, este é um álbum mais upbeat que o Wallflower, por exemplo. Quase como se esta fosse a tua maneira optimista de ver a distopia.

É engraçado porque, quando o estava a fazer, sabia que liricamente seria algo… negative e assustador, por aí fora. Por isso achei que seria porreiro se conseguisse “enganar” as pessoas com música feliz, colorida e enérgica. Nos anos 70, o Marvin Gaye fazia música com um som soul incrível, poderoso e positivo, embora a falasse sobre problemas do mundo, sobre activismo e questões raciais. Portanto, é música soul muito positiva para fazer passar essas ideias; isso inspirou-me a fazer música feliz, colorida, funky e vibey para fazer passar ideias mais sombrias e distópicas. Eu queria fazer isso. Foi uma decisão consciente fazê-lo, sem dúvida.

Eu li que desta vez preparaste um pouco mais à priori as partes de  composição e de conceptualização do disco. Este conceito mudou o modo como arranjaste tudo? Consigo sentir, pelo menos, alguma influência no que toca a escolher alguns sons para os sintetizadores, não achas?

Sim, totalmente. Basicamente eu escrevi tudo no piano. Queria que isto soasse como soava no passado, como em técnicas de escrita de canções da velha guarda, porque sou muito inspirado no Stevie Wonder, no Marvin Gaye ou em Steely Dan, artistas assim. Mas ao mesmo queria o disco soasse sonicamente futurista, para que houvesse um cruzamento entre mundos. Portanto, por exemplo, escrevi uma música no piano. Quando comecei a gravá-la no meu estúdio, pensei: “vou só trocar este piano por um sintetizador Prophet, ou talvez um Juno”, que é um sintetizador com um som mais velho. Colocá-lo num espaço diferente – porque isso mudou mesmo a cor e o mood da música –, a partir daí, ajudou a ditar como o resto da produção se iria dar. Mas usualmente começava claramente num piano e, tendo uma ideia de paisagem sonora na minha cabeça enquanto escrevia, ia pensando, “entra uma bateria pesada aqui, talvez uns sintetizadores entrem aqui, outros sintetizadores estranhos arpejados”, ao estilo Stranger Things [risos]. Tinha essas ideias todas na minha cabeça antes de começar a fazê-las.

No teu documentário sobre o álbum disseste que tiveste mais inputs externos com os arranjos, no sentido de chamares outros músicos para tocar diferentes instrumentos. As músicas eram mais difíceis de tocar, ou querias sair da tua própria bolha de produção?

É exactamente isso que disseste agora. As músicas não eram mais difíceis tecnicamente, mas pensei que se tocasse tudo outra vez ia soar como outro disco do Jordan. Apesar de querer que o meu álbum soe a mim, num certo sentido, queria ter essas cores de outros músicos. Por isso toquei os acordes todos, tinha uns arranjos, mas depois chamei alguns dos meus pianistas favoritos de Londres para virem tocar as mesmas coisas, porque eles tinham o nível seguinte de cor ou de tecnicidade; chamei baixistas – há cerca de cinco baixistas diferentes no álbum; e guitarristas houve uns quatro ou cinco Mas haviam tantos músicos diferentes que eu estava a só tentar tirar um bocadinho de cada um enquanto fazia o álbum.

É normal, porque temos sempre o nosso modo de tocar, seja numa guitarra, num sintetizador, num piano. Mas ter uma outra mente, um outro par de mãos é sempre diferente no resultado final… E se tens outra pessoa a dar-te ideias é quase como “ah sim, não tinha pensado nisso!”.

Sim, completamente. E isso fez-me crescer muito mais naquele sentido de produtor clássico old school, que fica na cabine e dita a todos para onde ir, em vez de trabalhar da mesma maneira que os novos produtores, que fazem beats no quarto e tocam tudo… As pessoas fazem tudo por elas, numa caixa. [Mas estamos] sempre a voltar àquela ideia clássica de estar na régie, a ver o guitarrista, e depois a dizer ao mesmo exactamente como tocar… Eu senti que cresci muito como director musical e enquanto produtor.

Claro, como o nível seguinte na produção para ti mesmo, não é? A crescer como um bedroom producer, e depois sentir “ok, agora sou o produtor na régie”.

Exactamente!

Trabalhar com uma editora como esta, imagino que escolher músicos óptimos não foi uma tarefa difícil no processo…

Não, não foi. Mas também o facto de estar em Londres nestes últimos cinco anos, desenvolvi uma rede em que eu consigo chamar… por exemplo, se eu quiser algo caótico e rítmico na bateria, posso ir ter com o Richard Spaven, porque sei que ele vai fazê-lo para mim; se quiser um piano emocional, vou falar com o meu amigo Alfa Mist, porque sei que ele vai fazê-lo para mim. Se quiser algo rápido, umas guitarras malucas… Tenho cada tipo de  mood e cada músico preferido em cada estilo em Londres que posso contactar.

Portanto foi uma grande diferença, vir da Nova Zelândia e da Austrália… é um grande salto, em termos das dinâmicas culturais e musicais de Londres, certo?

Sim, imensa. Tem sido uma enorme curva de aprendizagem e, como eu disse antes, tudo o que eu fazia era por minha conta, e de repente, conhecer toda a gente, e todos estão na sua jornada para tentar e fazer crescer a sua carreira também. Portanto, é muito inspirador rodeares-te de pessoas que estão a tentar fazer coisas que lhes dão prazer, e é por isso que é estimulante estar aqui, a usar as skills de cada um. É sempre bom, creio.

No Wallflower disseste que tinhas as músicas praticamente finalizadas – assinaram-te com o álbum já quase feito. Qual foi o envolvimento da Ninja Tune na feitura do Origin?

Eles estiveram muito envolvidos, na verdade. Tu apercebes-te que quando estás numa editora, toda a gente faz parte de uma equipa de trabalho inteira, e tentam todos desenvolver o som em conjunto – é dessa maneira que penso. Eu basicamente escrevi à volta de 20, 25 canções no piano. Enviei as demos a todos, as demos puras de piano e voz, para todos na minha equipa (os meus managers, a minha editora…). Escolhemos todos as nossas favoritas e então fui embora e pré-produzi todas as favoritas. Enviei-as de volta para a editora, numa de “quais é que pensam que [se destacam]? A editora tinha as suas ideias e as suas críticas. Eu fui embora de novo e gravámos todos os músicos e depois voltei. Portanto, eles são parte de todas as etapas do disco. Penso que saímos dele, duma maneira estranha, como se de um álbum colaborativo [se tratasse] – eu sinto que é como um álbum do Jordan e da Ninja, ao contrário de como é às vezes. Outros músicos dizem só “este é o meu trabalho final, é pegar ou largar”, e eu não creio que essa seja uma relação adulta para se construir com pessoas que estão a tentar vender a tua música por ti.

Vindo dum álbum mais introspectivo e melancólico para este mundo distópico mais vivo e upbeat, deparaste-te com novas e diferentes reacções da audiência ao vivo?

Sim, tivemos a noção que o disco é mais funky, e muito do set é muito funky, mas quando eu ia para os elementos mais soturnos, como por exemplo faixas do meu álbum como a “Mantra”, estendemos muito isso e fizemos uma viagem muito longa e lenta, uma balada emocional. As pessoas tiveram uma noção diferente de quem eu sou enquanto artista, que eu creio ser importante: não queres ir para um concerto e, de certo modo, não ser surpreendido por nada do que o artista faça. Queremos sempre trazer um elemento misterioso. Então, o concerto é bastante como uma revelação de todos os meus sons diferentes. Portanto, por exemplo, mesmo tendo o som rock subtil que tenho a meio [do concerto], tens as baladas lentas r muito emocionais de sintetizador, e as coisas clássicas mais funky – pela qual sou normalmente mais conhecido. Mas ter todos estes tipos de sons diferentes torna para mim entusiasmante, para partilhar com os meus fãs que não sou um só bom numa coisa, por assim dizer.



Tens feito vários tipos diferentes de concertos, em termos de instrumentação e de elementos. Banda completa, sessões de piano ou de guitarra a solo, ou mesmo tocar com amigos teus, tais como o Loyle Carner ou o Tom Misch. Qual é a tua maneira favorita de tocar ao vivo neste momento?

Penso que a minha favorita é sempre de tocar com a banda na íntegra, com todos os vocalistas de coro… É o meu som mais genuíno. Quando chegar ao ponto no qual consigo viajar pelo mundo com essa banda completa, isso será a situação ideal

Sempre com a tua wall of sound, não é?

Sim, exactamente. [Risos]

Tens tocado ao vivo desde o lançamento deste disco, portanto, desde Junho, não é? Como foi estar na estrada durante este tempo todo? Estavas a gostar da vida da tour ou já sentias falta do estúdio? Ou de casa, talvez!

Foi mesmo divertido. Creio que foi a maior quantidade de tour que fiz em qualquer álbum, [e está] definitivamente a chegar ao fim também. Como quando fazes uma tour tocas sensivelmente o mesmo set, estava a começar a ser um bocadinho entediante, porque estive fora durante seis meses, basicamente, e já tinha saudades de escrever música outra vez. Tinha saudades de estar em casa e da rotina da vida. Mas sim, penso que, no geral, aproveitei. É uma experiência incrível.

Pensei, sendo a tua primeira vez a fazer uma tour tão longa, que tivesse sido mais… cansativo, acho eu.

Não! Foi cansativo, mas ao mesmo tempo eu aprecio muito que possa tocar música ao vivo para as pessoas, e tenho isso como o meu trabalho, por isso acho que… o vou continuar a fazer. Naturalmente, se gosto de o fazer!

Arranjas tempo para escrever ou compor na estrada, ou são ambientes de trabalho diferentes e separados?

É difícil escrever na estrada porque quando estás num autocarro não consegues estar… num estúdio. eu trabalho melhor sozinho, onde consigo tocar os instrumentos e assim. Normalmente separo as duas coisas. No passado, eu costumava escrever na estrada, quando tinha mais espaço. Mas agora eu quero definitivamente [trabalhá-los] como elementos separados, para que consiga estar concentrado neles no seu devido tempo.

Produzir como Jordan Rakei ou como Dan Kye: são dois espaços mentais completamente separados ou apenas diferentes maneiras de trabalhar? Ou apenas diferentes géneros, no fim de contas?

Eu penso que são espaços mentais totalmente diferentes. Quando estou a fazer as coisas de Jordan, eu gosto de muito de pensar sobre todos os momentos e sobre todas as letras, e pensar sobre tudo isso dessa forma. Mas quando faço Dan Kye, só quero ser divertido. Se não vai ser divertido, eu meio que paro o resto do dia. Se começa a ficar sério, não continuo a trabalhar nisso. Portanto, destina-se tudo a ser apenas algo como registar coisas pela diversão.

Achei engraçado porque faz sentido haver essa separação, mas o teu projecto mesmo como Jordan Rakei é já por si só muito variado, e tem um âmbito largo de géneros, por isso achei interessante!

Eu penso que começou quando fiz o meu primeiro álbum e pensei, “eu gosto de música de dança, mas não posso lançar isso agora porque é tão diferente do meu disco”. Depois lancei o meu segundo álbum e era completamente diferente do primeiro [risos]. Eu acho fixe [assim], acho que nunca vou lançar música de dança sob o meu nome porque… não sei, não é bem quem o Jordan é. É por isso mesmo que [Dan Kye] funciona.

Já trabalhaste com Alfa Mist, Loyle Carner, Tom Misch, Nile Rodgers ou Disclosure. É uma palete bem colorida e variada de músicos – que acredito reflectir a tua extensão estilística abrangente, musicalmente falando, a tua capacidade de trabalhar em diferentes mundos. Sentes que mudas de espaço mental para cada um destes inputscolaborativos?

Sim, definitivamente. Quando trabalho com o Loyle, por exemplo, canalizo o meu conhecimento de produção old school, mais focado no hip hop, em que tudo é baseado em loopse é tudo mais simples – não queres distrair [o ouvinte] da voz; enquanto que com o Alfa podemos explorar compassos mais esquisitos, e eu posso cantar sobre coisas mais emocionais. As coisas dele são muito diferentes, aquele tipo de som; e eu trabalho com produtores de música de dança, eu sei que há um algoritmo para se fazer esse tipo de música. Há uma estrutura que funciona. Portanto, eu entro em diferentes espaços mentais. Mas sim, sempre que trabalho com alguém… é um pouco como: eu não sou um som. Eu estou a tentar usar o meu conhecimento para ajudar o som deles. É o que penso disso.

Disseste no Twitter que fizeste recentemente um NPR Tiny Desk Concert [à data da entrevista ainda não tinha saído]. Como correu? Pela foto que colocaste no Instagram, parece que tentaste a tua típica wall of sound naquele “palco” minúsculo.

[Risos] Foi incrível, foi tão divertido. Era um objectivo de vida meu fazê-lo. É uma pena porque nunca podes fazê-lo mais do que uma vez, e eu gostava mesmo muito de repetir. Espero que as pessoas gostem, estamos muito orgulhosos do que fizemos, sem dúvida.

Não há muitos músicos nos nossos dias que façam este tipo de documentários e vídeos de making of sobre os seus projectos, tais como os que tens feito. Isso vem da forma como cresceste a aprender sobre música e sobre discos, ou duma vontade espontânea de explicar os teus conceitos a ti mesmo e aos outros? Não sei se a pergunta faz sentido para ti, mas consigo explicar a razão pela qual a faço.

Faz sentido, sim! Mas penso que o que tento fazer é: eu quero que as pessoas entendam realmente que os meus álbuns não são apenas alguns beats nos quais eu canto, e que não queiram saber o que se está a passar liricamente. Eu preocupo-me mesmo sobre como soa, todo o processo é mesmo interessante para mim, e toda a temática lírica costuma ser alinhada e forte. Todos têm um tema consistente, eu quero que as pessoas entendam mesmo o conceito da música. Por isso, no meu próximo álbum, se fizer um documentário pequenino outra vez, quero que as pessoas entendam realmente de onde venho, para que quando ouvirem a música da vez seguinte, possam digeri-la na cabeça muito mais facilmente.

Faz sentido, ainda mais porque tens falado sobre attention span, sobre álbuns e como as pessoas os ouvem e “deitam-nos fora”, portanto acredito que tem muita razão de ser que queiras que as pessoas percebam que é algo maior que apenas umas faixas, como disseste. Concordo contigo a 100%.

Obrigado, meu!

Vais ter uma breve pausa antes de voltar aos concertos, antes de vires a Lisboa, particularmente. Podemos esperar novos arranjos ou músicas para Abril?

Totalmente! Quer dizer, é essa a ideia. Agora que tocámos a tour inteira, será um início novo como o de há seis meses, mas vamos sempre mudar [o set]. Mas normalmente num festival as pessoas querem divertir-se, por isso vamos provavelmente explorar arranjos diferentes, secções de jam estendidas, esse tipo de coisas, para ter a certeza que o público aproveita ao máximo!


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