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Depois de terem lançado Se Eu Acordar em Abril, a dupla mais romântica de Gondomar lançou no passado mês de Outubro Se Eu Acordar (Deluxe), uma versão estendida do álbum que ontem trouxeram à capital, mais concretamente ao Musicbox. Num espetáculo de uma hora — também ele deluxe — ouvimos os principais temas do trabalho original e algumas das adições mais relevantes da reedição, que acrescenta indubitavelmente qualidade a um trabalho já de si emblemático.
A sala estava bem composta e ocupada por um público bastante heterogéneo no qual se destacavam os casais. Afinal, estes dois compuseram alguns dos hinos românticos em português mais recentes, e parecem agradar a homens e mulheres de igual género ao combinar o sentimento na voz de João Não com as produções plug, trap ou jersey club de Lil Noon, com quem faz dupla dede 2021, ano em que em conjunto lançaram Terra-Mãe.
Em palco, a dupla apresenta-se de forma muito simples, munida de microfones, um teclado operado por Lil Noon e apenas algumas pequenas máquinas ligadas a um computador. Simplicidade essa que apenas peca pela falta de elementos live no concerto, que não vão para além da voz e de alguns refrões de piano ou sintetizador tocados ao teclado pelo membro mais encarregue da produção. Tudo isto enquanto João Não, o protagonista vocal da dupla, se concentra apenas em cantar e em manter a garganta húmida. Ficamos com a sensação de que poderia fazer mais.
Essa é, aliás, uma das coisas que mais rapidamente salta à vista: apesar de o nome de João Não vir primeiro, em palco Lil Noon sobressai mais entre as vozes de apoio, o teclado e as danças que já lhe são características. Ainda assim, cabe ao primeiro liderar o palco e a plateia, e perante a timidez que lhe reconhecemos em alguns momentos — sobretudo entre temas — fá-lo sem prejuízo.
Quanto ao alinhamento que tivemos o prazer de escutar sob um dos melhores trabalhos de luzes que já vimos no Musicbox — é que aos tradicionais focos de luz, aqui em rosa e azul, junta-se uma gigante bola de espelhos bem no centro do palco que reflete em todo o espaço para um efeito singular — começámos por escutar alguns dos temas da versão mais recente de Se Eu Acordar, como “Entras Na Minha Mente”, mas também material da edição original como “Coluna Bate o Coração”.
A atuação rapidamente subiu de tom e culminou na interpretação dos temas mais antecipados pela plateia, no qual destacamos uma virtuosa e quase acústica performance em torno do tema homónimo do álbum. “Se Eu Acordar” teve direito a uma curta versão acompanhada somente de um teclado que soava a piano, antes de que pudéssemos escutar a versão final de um dos temas de destaque da dupla. Por sua vez, “Purpurina”, “Carta de despedida” e, claro, “Dacenteria Love” foram interpretadas com o apoio do público a fazer de coro e perante um Musicbox rendido e apaixonado.
No final, apenas deixar uma nota para a ausência de convidados em cima do palco. Nem Joint One, Extrazen, ou algum dos outros colaboradores se apresentaram ontem no Musicbox, para decepção do público. É que apesar de não constar no alinhamento de Se Eu Acordar, “Daceteria Love” continua a ser o cartão de visita desta dupla, e o conhecimento de que Mike El Nite pisara aquele mesmo chão no dia antes (enquanto convidado de L-ALI) fez subir as expectativas.
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