O Lobo Um Dia Irá Comer A Lua é o álbum que marca em definitivo a metamorfose artística de João Maia Ferreira. Num disco “mais leve”, com uma escrita “mais simples”, dançável e com uma estética de néons — é nocturno mas luminoso, movido a sintetizadores, com uma grande influência do nu-disco e da electrónica francesa — o artista quis eternizar uma série de mensagens, do amor próprio à política.
É um disco marcadamente influenciado pela sua paternidade, processo que levou o artista a repensar e a questionar uma série de coisas, e o seu filho encerra a primeira faixa do projecto, a muito representativa “Ser Como Sou”.
É também um trabalho mais colaborativo do que os seus anteriores, reunindo um leque abrangente de convidados vocais e de produção ao longo das 14 faixas. Esses convidados estarão no palco do B.Leza, em Lisboa, esta quinta-feira, 17 de Outubro, para a apresentação oficial de O Lobo Um Dia Irá Comer A Lua, com João Maia Ferreira e a sua banda. O Rimas e Batidas antecipa esse momento com uma entrevista conduzida ao músico no estúdio da MUNNHOUSE.
Da última vez que falámos sobre o disco, tinhas uma lista com mais de 14 faixas, o número total que acabou por ficar no álbum. Ou seja, tinhas mesmo faixas completas que ficaram de fora?
Sim, e quem sabe um dia vejam a luz do dia. Ainda não tenho a certeza, mas gosto dos temas e pelo menos um ou dois hão-de surgir de alguma maneira.
Não querias que o álbum tivesse mais do que 14 faixas, ou não teve a ver com isso?
Não queria que o álbum se tornasse excessivo. Ou seja, preferi apontar para um número razoável — também não queria um álbum curto. Também queria quebrar o padrão dos 11 temas por álbum, que aconteceu aleatoriamente. Mas receei que 18, 19 ou 20 faixas já pudesse ser esticar um bocado a corda. Por isso foi um motivo até bastante simples: prefiro manter isto curto, eficiente, bom e certificar-me de que não se torna enfadonho ou, de alguma maneira, laborioso para as pessoas ouvirem.
E passou por escolheres aquelas que tinhas mesmo a certeza que tinham de estar?
Foi escolher as mais “fortes”. Tentei apontar para um disco que se mantivesse muito num registo mais dançável, e os temas que ficaram de fora já fugiam um pouco a essa estética. Estavam dentro da estética do álbum, mas já fugiam um bocadinho e senti também que, se as adicionasse, este álbum seria outra coisa. Isso também é um factor. Então mantive-me com estas que tenho agora e estou satisfeito.
Olhando agora para trás, o que é que sentes que mudou mais no teu processo criativo com este álbum, na forma como vês a tua música?
Tentei, em primeiro lugar, fazer algo que não tivesse feito antes. Em segundo, tentei fazer algo mais colaborativo do que foi o álbum anterior… Também poderia referir o SYSTEM. Embora seja um álbum 100% colaborativo, a produção recaiu largamente em cima de mim. E o ígneo também teve umas parcerias, mas acabou por também ser algo muito produzido por mim. Neste quis tentar introduzir mais elementos, também mais disruptivos, para tentar que surgissem coisas que não me surgiriam se estivesse sozinho. Embora o arcabouço das primeiras duas fases do projecto, digamos assim, tenha sido eu a suportar a coisa nos ombros… Mas agora para encostar a bola à baliza decidi tentar introduzir outras pessoas e ver de que maneira é que eles influenciavam os temas. Obviamente, com orientações minhas, mas sempre à espera de ver algo que, apenas por mim, eu não conseguisse fazer.
E foi muito um diálogo criativo com as pessoas que te rodeiam no núcleo da MUNNHOUSE.
Claro, embora também tenha, em termos instrumentais, dois temas com pessoas que não são membros da MUNNHOUSE. O Baco, que colaborou em quatro temas, se não estou em erro; e o Izzoh, que fez comigo a faixa com o prettieboy johnson. É uma faixa curiosa porque todos os intervenientes são de Torres Novas.
Como é que eles, que não são da MUNNHOUSE, se ligam a ti e entram neste álbum?
O Baco vem através do trabalho que está a fazer no próximo projecto do Mike El Nite. Eu também estou a trabalhar nessas coisas com o Miguel. Ou seja, só há dois intervenientes nesse disco até à data: o Baco e eu, em fases diferentes da produção. E através desse intermediário que foi o Miguel, conhecemo-nos. Achei que a estética em que eles estão a trabalhar não está incrivelmente distante da minha. Não é a mesma, mas também não é algo que tu digas que é “dia e noite”. Existem no mesmo universo. Então pensei: isto é mesmo a pessoa certa que pode trabalhar nalguns temas comigo e adicionar cores dentro da paleta com que já estou a trabalhar.
E o caso do Izzoh foi através do prettieboy johnson?
Foi, embora eu também o conheça pessoalmente. A faixa “Baú” é peculiar, porque foi um bocado o inverso do que aconteceu com a “éden”. Era uma faixa minha, que, através da influência do xtinto, se tornou numa faixa dele. E a “Baú” era uma faixa do prettieboy johnson que, através da minha influência, se tornou numa faixa minha.
Quereres adicionar outras cores à tua paleta, que já é bastante ampla, era algo que sentias como necessidade? Ou simplesmente achavas que iria originar resultados finais melhores, e por isso é que também querias um disco mais colaborativo nesse sentido?
Sendo 100% sincero, já sabia à priori que isto iria ter de acontecer. Até por um motivo de higiene. Mas já estou farto de ser eu a fazer tudo. Ou seja, produzo os instrumentais, escrevo as letras, gravo os sons, faço a mistura… É muito. É claro que é masoquismo, eu é que escolho isto e ninguém me obriga a trabalhar desta maneira, por isso também não me quero estar aqui a vitimizar. Mas é duro. E tendo em conta a dureza desse processo, sempre soube que iria precisar de pessoas para me ajudarem a pôr aqui um laço na coisa, para eu não dar em maluco. Se for só eu o tempo todo, vou enlouquecer. O primeiro passo foi esse. E o que também surge logo é perceber que outras pessoas poderiam adicionar coisas que eu não seria capaz, obviamente.
E a questão de conseguires fazer tudo e durante muito tempo o fazeres, até para outras pessoas enquanto produtor, tem a ver com seres um artista com uma natureza control freak, ou nem por isso? Pergunto-te isto também em relação a se foi simples, neste processo mais colaborativo, cederes mais, deixando outras pessoas entrar no teu processo criativo.
Para mim sempre foi fácil ceder. Sempre trabalhei de uma forma mais solitária por uma questão pragmática. Foi por poder trabalhar quando me apetecesse sem ter de recorrer a ninguém. Para funcionar única e exclusivamente pelo meu próprio relógio e calendário. Sem ter de estar à espera que alguém faça beats, e fazer beats demora… Ou seja, não me posso dar ao luxo de estar três semanas parado à espera que alguém faça alguma coisa por mim. Então, mesmo as colaborações… Por exemplo, no primeiro tema, “Ser Como Sou”, a intervenção do Baco foi feita aqui numa sessão de duas horas. Exactamente para não acontecer essa questão de ele levar aquilo para casa… Não é que eu não confie, porque confio a 100% e ele é um gajo muito rápido a trabalhar. Mas assim tinha a certeza de que ficava no meu tempo. Porque ele depois poderia ficar perdido noutros projectos e não sei quê… Houve duas faixas que puderam não entrar neste álbum por esse motivo. Como a terceira, a “Incandescência”, que é co-produzida com o Ned Flanger. Ainda estive para aí um mês à espera daquilo, que para mim é uma eternidade. Mas essa já foi por escolha própria, porque ele disse-me logo que estava muito ocupado. Outra faixa por que esperei muito foi o verso do Keso. Mas aí tentei tirar-lhe a pressão e disse-lhe: “Sei que já não fazes algo há algum tempo e sei que não vais querer fazer uma coisa de forma displicente, então toma mesmo o teu tempo, este álbum não sai sem a tua participação”. Também me aconteceu isso que eu não gosto que me aconteça. Mas foi por boas causas e valeu a pena. Agora, não conseguiria que isso fosse a norma. Isso, por defeito, não daria para mim.
Mas foi, então, muito mais uma questão de tempo e não tanto de controlo criativo.
Não, até cedo bastante bem. E normalmente quando passo algo a alguém a única coisa que digo é algo muito vago: “Tenta manter-te dentro disto, mas faz o que quiseres. Muda as coisas de sítio, tira os instrumentos se for preciso, mete outros… Se quiseres reestruturar a faixa toda, força, porque depois vou trabalhar por cima do que já fizeste e havemos de chegar a um ponto de equilíbrio entre as duas ideias”. Por exemplo, chamei muito o Baco para me gravar guitarras funky, muitos dos inputs dele foram esses. Também me ajudou com baixos para complementar o que eu já tinha. As intervenções dele foram pela excelência dele enquanto instrumentista. Sei que ele é muito criativo dentro do seu uso dos instrumentos, então quis muito utilizá-lo para esse fim. Todas as pessoas acabaram por ser escolhidas por eu ver que seriam as pessoas certas. À excepção da faixa com o prettieboy johnson, que foi um acaso do destino.
E no caso das participações vocais, dos rappers ou cantores com os quais colaboraste, também foi muito por quereres ter um álbum mais colaborativo e de acreditares que estes artistas acrescentavam algo a cada uma destas faixas?
Sim. Curiosamente, até dei faixas de escolha a alguns; a outros, já sabia quais eram as faixas certas para eles. Já sabia que o Alex D’Alva Teixeira ia participar na “Impala”. No caso do Conan Osiris, já lhe apresentei duas escolhas e disse para ele fazer aquela que ele curtisse mais. No caso da “Samsara”, penso que foi a única opção que mandei ao Keso. O xtinto foi quase auto-convidado. Ele ouviu o som, gostava bué… “Então, mete lá aí um verso.” E num dia em que não o incluir num álbum meu será porque as circunstâncias não o permitiram. Ou porque não nos saiu nada, ou porque estamos em calendários diferentes… Com o Mike El Nite também. Porque, além de amar o trabalho deles, são mesmo pessoas muito minhas amigas, com quem gosto de estar. Também tencionava meter o ProfJam neste álbum, mas acabou por não suceder dessa maneira. Não saiu nada que se enquadrasse dentro deste projecto, mas havemos de nos reencontrar no futuro, de certeza.
E essa parte do álbum, das pessoas que colaboram contigo neste disco, também retrata esta fase da tua carreira no sentido em que, por um lado, estás a jogar em casa, com os colaboradores e amigos de sempre; e, por outro, tens pessoas mais distantes, que representam um outro lado da tua música que neste álbum é notório.
Eu quero sempre, em algum ponto do álbum, adicionar algo de que não estavam à espera. No ígneo, foi o 9 Miller. “OK, acho que ninguém espera que eu faça uma faixa com o 9 Miller”. Então convidei-o para uma faixa. E neste há mais casos e acho que ainda são mais inesperados. Ninguém espera que eu faça uma faixa com o Alex D’Alva ou com o Conan.
Mesmo com o Keso…
Sim, embora não digas que seja uma impossibilidade, também não é o primeiro nem o décimo nome que dirias… Gosto sempre de atirar uma bola curva. E aqui até calhou atirar várias.
E como é que surge este título? Tem obviamente a ver com esta fase de transição artística, de assumires o teu próprio nome, a tua própria fase da vida… E está tudo até bastante explícito nas letras do álbum.
Primeiramente, sim, acho que consegui que isso ficasse explícito. Mas o título deste álbum vem da mitologia nórdica, em que uma das coisas que assinala o fim dos tempos é um lobo que come a Lua e um lobo que come o Sol. Acabei por só escolher uma das partes até para não ficar com um título gigantesco. Não que ele seja curto, mas seria ainda mais longo. Mas gosto desse conceito, de saber que as coisas um dia vão terminar. Não é que ache que devamos viver a vida com medo da morte, nem nada disso, não há aqui fatalismo, mas acho importante vivermos o momento ao saber que ele, eventualmente, passa. Então fazia muito sentido ter um título que fosse um lembrete para mim mesmo — e também para as outras pessoas, por consequência, oxalá se revejam nisso — da minha própria mortalidade, da minha própria finitude. As temáticas do álbum são coisas que quis deixar eternizadas para que, quando inevitavelmente morrer, esse legado fique cá. Há uma consciência… Não está esparramada de uma forma muito directa no álbum, mas sei que está lá e gosto de o explicar às pessoas.
Acabaste por escolher a Lua em vez do Sol para o título, que remete para um ambiente mais nocturno e escuro, mas este álbum é muito feel good. É muito dançável, num sentido mais optimista.
Achei que o Sol me forçaria a fazer um estilo de música excessivamente alegre. A noite é muito associada ao clubbing, então faz algum sentido.
Mas, ao mesmo tempo, é um disco luminoso.
Exactamente, mas também é um disco meio néon em termos de estética. Queria muito que fosse um disco mais leve. Não é que ache que os outros dois álbuns fossem incrivelmente pesados, mas aqui é assumidamente mais carefree. Musicalmente fui por caminhos mais ligeiros. Tirando a “Pé na Porta” que é uma faixa um pouco mais heavy, não acho que possas dizer que haja alguma faixa super não dançável. É um álbum muito assente em sintetizadores, em baixos reais, em baixos sintetizados, em guitarras, tem muitas cordas. É um álbum em que a escolha dos timbres e dos instrumentos é importante. Enquanto, noutros projectos, eles se calhar são apenas o que são, os instrumentos; este álbum precisava muito que eu utilizasse Junos e Prophets e esse tipo de instrumentos para isto me fazer sentido e para chegar à sonoridade que queria.
E essa vontade de chegares a esta sonoridade veio de algum sítio específico? Tinha a ver com condizer com as mensagens que querias transmitir?
Um pouco, também. Mas o motivo principal acho que é mais simples, que é a exploração. É uma sonoridade que me agrada muito, então já a queria explorar há muito tempo. E agora tive o pretexto para a poder explorar. Mas já queria muito fazer coisas extremamente alicerçadas por synths.
Houve algum imaginário ou géneros musicais que te tenham inspirado particularmente?
Muito o nu-disco, também o disco antigo, muita electrónica francesa… Todo o álbum é muito permeado por essa sensibilidade de anos 70 e revivalismos dos anos 70. Não é só a origem, são também as reinterpretações da coisa. E acho que isto já é uma reinterpretação da reinterpretação, já estou a recontextualizar. Ou seja, atrevo-me a dizer que, embora seja um disco de hip hop, é simultaneamente um disco de uma segunda vaga de nu-disco. Enquanto a primeira foi numa baliza entre meados dos anos 90, quando surgem os Daft Punk e essas coisas todas, e dura durante uma década com Justice e Kavinsky e esse tipo de cenas, e depois desaparece um bocado; eu agora estou a tentar trazer isso um pouco de volta. E não sou o único. Cá em Portugal tens outros projectos que curiosamente também vão buscar um pouco disso, como o caso do Filipe Karlsson. Embora seja num lado muito diferente do espectro.
Claro, também vens de outro sítio.
Exactamente, mas acho que o imaginário é similar.
Voltando um pouco ao lado mais conceptual, a tua paternidade claramente também influencia este disco. Até tens o teu filho gravado na primeira faixa e também será por isso que quiseste ter esse pormenor importante.
Claro, queria muito que ele fizesse parte do álbum.
Porque influenciou muito a tua mentalidade para fazeres este disco?
Exactamente, foi a minha paternidade que me levou a repensar imensas coisas e que me levou às conclusões que, por consequência, levaram a este disco. Então sabia que era importante para mim deixar um símbolo disso — para mim mesmo e com esperança que outras pessoas depois consigam também estabelecer essa conexão. E perceberem: “Ah ok, o filho dele teve um papel muito preponderante em como este álbum veio a ser”. Este álbum é 100% dedicado ao meu filho no sentido em que: “Olha aqui as coisas que o teu pai pensou nesta altura da vida dele. Se alguma vez quiseres ter acesso a isso, está aqui para ti.”
E as próprias letras, ao serem escritas com a consciência de que eram coisas que iriam ficar, também terá sido por aí… Mensagens que quiseste transmitir para ficarem — sobretudo para ele.
Tal e qual. Por isso é que também tento abordar um espectro mais amplo de temas, para pintar um quadro mais abrangente. Tenho temas de amor; temas um bocadinho mais politizados, com uma língua mais afiada; temas sobre perseverança…
E temas que falam da tua auto-estima, sobre valorizares aquilo que realmente importa.
Exactamente, também falo um pouco sobre o meu caminho. E todas essas coisas eram importantes de eternizar, fragmentar este pedaço de tempo e deixá-lo aí para sempre, cristalizado para ele um dia ver.
Em termos temáticos, foi muito natural? Ou seja, as faixas foram-te levando organicamente para os temas? Ou houve um pensamento mais consciente e organizado sobre quereres abordar várias coisas e teres esse cuidado enquanto escrevias?
Houve muita artificialidade na coisa. Talvez seja uma palavra um pouco pejorativa, porque parece que não é autêntico, mas houve uma intenção. Quando fazia uma faixa, decidia que ia abordar “este” tema. Enquanto, se calhar, noutras alturas escrevia uma frase e a partir daí logo vejo para onde é que isto me leva, vou descobrir a meio do que é que estou a falar… Nestas foi muito mais: vou falar disto, então vou escrever já a pensar que vai ser acerca disto.
Isso mudou a tua forma de escrever?
Mudou, essa intencionalidade mudou muito a minha forma de escrever. Acho que a escrita deste álbum está mais simples — embora num tema ou outro possa usar palavras mais obscuras, mas isso é também porque gosto, é diversão, gosto de usar um léxico largo. Se calhar usar palavras um bocadinho mais recônditas… Na “Titã” digo “alumbrar”, que é “encher de luz”.
Sim, não é uma palavra muito comum em letras de música. Nem no geral.
Exacto, foi um pouco rebuscada, essa foi sacada da arca. Mas tudo bem, tento não ter demasiadas dessas. Mas no geral há muito mais simplicidade e tentei encontrar beleza nisso.
Também achas que isso vem do lado mais pop do disco?
Vem. É claro que o rap, para mim, nunca poderia ser descurado. Também nunca iria rimar o bê-â-bá, teria sempre de ter alguma profundidade, mas ao mesmo tempo pensei: o som é muito leve, deixa-me tentar ter as letras um bocadinho mais acessíveis, à excepção de um momento ou outro em que é mais para mim, mais para a minha diversão do que para outra coisa qualquer. Mas em geral estou preocupado com manter a coisa coesa e legível para o público.
Vais agora apresentar o disco ao vivo no B.Leza. Vais manter a formação com que tens estado? Vais contar com convidados no concerto?
Vou ter os convidados do disco. A não ser que algum parta uma perna ou qualquer coisa assim, em princípio estarão lá. Vou manter a mesma banda, é claro que o concerto que vão ver não será a versão do álbum, será uma versão de concerto, que eu acho que também é interessante — porque, se não, ia para cima do palco, carregava no play e as pessoas ficavam a ver. Se fosse para fazer isso, estávamos lá só a curtir. E gosto desse desafio de recontextualizar as coisas, de pegar nos mesmos ingredientes e tentar sacar uma receita nova.
E num disco como este, que tem mais instrumentos…
Ainda mais necessidade existe de os instrumentalizar para o formato ao vivo. Estou um bocadinho nervoso, confesso, porque há aqui faixas que são genuinamente desafiantes de transformar ao vivo. Mas vamos conseguir, vou-me manter positivo.