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Fotografia: Matt Nelson
Publicado a: 19/04/2023

A terceira vez num dos maiores palcos do mundo.

Holly volta ao Coachella: “Vai ser muito freestyle, mas tenho sempre prontas músicas do Razat e do DJ Ride”

Fotografia: Matt Nelson
Publicado a: 19/04/2023

É como se a selecção nacional de futebol disputasse a final de uma qualquer competição: este sábado, dia 22 de Abril, vamos estar agarrados ao ecrã para voltar a ver Holly a distribuir jogo no Coachella.

Todos os anos, o Coachella leva os seus artistas para o domínio digital e transmite vários concertos através do YouTube. Pela primeira vez é possível ver em directo todos os seis palcos do certame e, se estiveram atentos durante o passado fim-de-semana, certamente que não perderam a oportunidade de assistir às prestações de Jai Paul, Frank Ocean, Bad Bunny, Björk, Paris Texas ou Kali Uchis. Dias 21, 22 e 23 há nova maratona de espectáculos por parte de alguns dos projectos musicais mais marcantes da actualidade, entre eles o de Miguel Oliveira, produtor de Caldas da Rainha que alcança a terceira presença no festival.

Nomeado para um Grammy (pela ajuda que deu a Baauer na produção de PLANET’S MAD) e homenageado com a Medalha Municipal de Mérito Cultural pela Câmara de Caldas da Rainha em 2021, os últimos dois anos têm sido de altíssima rotação para Holly. Entre os seus feitos mais recentes encontramos as edições de Minha Vida – Love ou de várias beat tapes para o Bandcamp, bem como as constantes colaborações com artistas quer da esfera nacional, quer internacional — desde Slow J, Wet Bed Gang e Papillon a Rich Brian, BIBI ou SLUMBERJACK.

Na sua nova apresentação marcada para o Coachella, o produtor português vai alinhar num back-to-back com o norte-americano Machinedrum, com quem chegou a dividir Berry Patch EP em 2020. Numa troca de mensagens com o Rimas e Batidas, avisou que vai estar munido de temas de Razat ou de DJ Ride atrás dos decks para uma actuação que se vai desenrolar em regime de freestyle.



Da última vez que falaste connosco tinhas acabado de ser distinguido com a Medalha Municipal de Mérito Cultural, por parte da Câmara de Caldas da Rainha, depois de uma história nomeação para os Grammys graças ao trabalho que desempenhaste no PLANET’S MAD do Baauer. Fazendo um balanço aos dois anos que se passaram, sentes que o teu telemóvel tocou mais vezes com malta a lançar-te novos convites?

O meu telefone está sempre em silêncio para ser sincero [risos]. Por isso não toca muito, mas vou-me mantendo a par das notificações regularmente [risos]. Sinto que a energia à volta do meu trabalho tem vindo a crescer, mas acredito que seja por outros motivos. Por vezes, acontecimentos como os que mencionaste passam naturalmente ao lado de muita gente. O meu foco é sempre trabalhar o máximo e o melhor que possa diariamente, e acho que essa é a melhor maneira de a energia se expandir e de estar mais envolvido noutros projectos! Sinto que embora possa ter tido esses accomplishments, nunca houve tanta necessidade de trabalhar e estar em hustling mode como hoje.

Coroaste 2022 com Minha Vida – Love, depois de teres passado os meses anteriores a preencher a tua página no Bandcamp com uma data de beat tapes. Fazendo rapidamente as contas, somaste cerca de 200 novos temas naquele que eu diria ter sido o teu ano mais produtivo de sempre. Foram as distinções de que falava há bocado que te inspiraram a elevar ainda mais a fasquia?

Eu em 2017 lancei por volta de 600 sons, pelo que me lembro. Acho que a nível de releases esse foi dos anos mais ativos, mas simplesmente tive saudades de lançar mais música. E sendo que crio várias ideias diariamente, tenho vindo a ter uma maior necessidade também de partilhá-las com o mundo e ajudar a vida de outras pessoas através da frequência que os meus sons trazem.

Apesar do teu inesgotável fluxo de edições, ainda arranjaste tempo para ajudar os Wet Bed Gang, Papillon, Prodígio, Slow J ou, mais recentemente, o WAZE nos seus respectivos projectos. Apesar de estares lançado no mercado internacional, continuar a empurrar a música portuguesa é algo que vai passar sempre pelos teus objectivos?

Sinto que sim! Para mim não há nem mercado internacional nem mercado nacional, ambos são o mesmo e sinto que isso é uma crença que só nos coloca mais numa caixinha de onde temos que sair. Mas sim, sou fã da minha cultura e da minha terra, embora por vezes tenha as minhas crises de identidade quanto à minha nacionalidade. É importante continuar a ajudar outras pessoas que vêm de onde eu venho com os seus sonhos e com a sua arte. À medida que vou caminhando no meu percurso, sinto também uma maior responsabilidade cultural para com Portugal, em ter a certeza que a seguir a mim vêm mais 20 artistas partir tudo a nível mundial. E se puder ajudar no sucesso de quem vem a seguir a mim, então aqui estarei. Sinto também uma responsabilidade em fazer com que a linha fronteiriça de Portugal com o resto do mundo seja menos carregada culturalmente.

E que artistas nacionais tens acompanhado com maior entusiasmo recentemente? Há por aí algum nome que gostasses de riscar da tua lista de colaborações?

Mannnn o Slow J e a Gisela João têm sido os artistas que mais ouço de Portugal. Pode ser influenciado com a relação pessoal que tenho com ambos, mas estes artistas têm vindo a questionar-me e a reflectir sobre inúmeros aspectos, principalmente sobre o que significa verdadeiramente ser português, assim como a arte de ambos os artistas me ajuda a encontrar as falhas na nossa história e de como as curar. Ouço muito Ana Moura por vezes, também. Quanto a nível de colaborações, quero muito fazer algo com o José Cid, Quim Barreiros, Mariza, Luis Trigacheiro… Estou a pensar em mais, mas sinto que esses são os primeiros que me veem à cabeça. Sinto que um álbum de Sam The Kid e HOLLY tem que surgir em algum ponto na nossa história, também. Adorava também produzir com a Príncipe um álbum para o Dino e trazer o Rui Veloso num som com o Regula.

Gostava de destacar a “froyo”, uma canção produzida por ti e pelo Chaso para a 88rising, na qual cantam o Rich Brian e a BIBI. Arriscaria dizer que estes são os nomes mais mediáticos com quem já trabalhaste, já que estabelecem uma ponte entre dois grandes mercados, o asiático e o norte-americano. Como é que surgiu esta oportunidade?

Tenho vindo a trabalhar com a 88rising nos últimos dois anos. Esse era um beat que eles tinham meu e acabaram por juntar o Chasu na segunda parte do beat e convidaram o resto dos artistas para fazer as partes deles.

No próximo fim-de-semana vais ter a oportunidade de voltar a repetir a experiência de tocar no Coachella. Que memórias guardas da tua estreia, em 2019, e que expectativas tens para este ano? No set que estás a preparar, planeias passar música de algum artista português?

As memórias que guardo são de muito nervosismo [risos] e de um fim de semana bem passado com amigos. Lembro-me de ver o Sunday Service, também, do Kanye, que foi das experiências musicais mais únicas que tive na minha existência. Para ser sincero, o meu set vai ser muito freestyle, uma vez que vai ser um b2b com o Machinedrum — não planeei ainda muito nem sei se o irei planear, mas tenho sempre prontas músicas do Razat e do DJ Ride para passar.


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