Digital

FBC & Iza Sabino

BEST DUO

Amigo do Peito é Colete, O Resto é Bala / BEST DUO / 2020

Texto de Núria R. Pinto

Publicado a: 01/07/2020

pub

Os últimos três anos têm sido para lá de produtivos para FBC: em 2018, lança Sexo, Cocaína e Assassinatos e conquista a merecida atenção de uma franja mais alargada do rap/trap BR, que o leva além das fronteiras de Belo Horizonte. Em 2019 repete a fórmula com Padrim, num registo mais pop e brilhante que o antecessor, ao lado do produtor Go Dassisti e, este ano, volta à carga com BEST DUO. Três álbuns em três anos poderiam indicar não mais que uma capacidade de trabalho invejável, não tivesse o “padrinho” mostrado que é profícuo a criar álbuns cheios de bangers, com faixas capazes de alimentar o club da meia-noite às seis (“Frank & Titão”, “17 anos”), encher as medidas aos mais puristas (“Contradições”, “Cimento e Lágrimas”) ou criar baladas de aquecer os lençóis e os corações (‘Se Eu Não Te Cantar’). 

Em Abril deste ano, no entanto, Fabricio não chegou sozinho. Ao terceiro trabalho, aposta numa colaboração que o coloca lado a lado com a conterrânea Iza Sabino. A MC de 21 anos, uma das promessas do rap mineiro, pode ter um currículo mais curto que o seu colega de estúdio mas nem por isso menos interessante e merecedor de atenção. Em 2015, Iza junta-se ao colectivo Original GE, vinda directamente das batalhas de rap, e em 2019, apresenta o EP Augusta para além de se apresentar ainda com o grupo FENDA, com Paige, Laura Sette, Mayi e DJ Kingdom. 

Se de FBC, mais experiente e feito aos ouvidos dos fãs, se esperava uma entrega sólida, na onda dos últimos trabalhos, Iza chega com irreverência e versatilidade, consagrando-se como a verdadeira surpresa deste BEST DUO. A colaboração entre os dois eleva BEST DUO a um terceiro álbum mais interessante (e uma aposta definitivamente mais inteligente) para FBC e a um primeiro trabalho sólido (e importante breakthrough) para a rapper mineira. Dona de um timbre grave e um flow apressado, Iza entra em BEST DUO oscilando entre diferentes personagens vocais, ora num registo mais agudo, às vezes cómico e irreverente, ora com o seu típico registo mais grave e sério. É à “sua mãe” que cabe o verso de abertura de BEST DUO, numa potente “vale grana” cheia de autoconfiança onde Djonga surge como primeira convidado a entrar em acção. 

Abençoada a união, o trabalho apresenta 10 faixas que se sucedem em beats trap envolventes e irrequietos de ouvir de uma assentada só. É um álbum de bangers, pronto para o “bate cabeça”, embora ao “padrinho” lhe sirva bem o rótulo do pai do “trap maduro”, no qual a “sua mãe” se encaixa com uma certa infantilidade bem construída, sem espaço para ingenuidade. A importância de monetizar a arte, viver e aproveitar-se dela ou ainda o orgulho feminino, negro e homossexual pelas lentes da periferia, adensam a conversa.

BEST DUO é uma festa a dois, com produção a cargo de SMU e participações de Djonga, X Sem Peita e Paige. À semelhança dos seus trabalhos anteriores, FBC volta a disponibilizar todos os beats, num lado B de BEST DUO, depois de, em mais uma das suas jogadas de marketing, ter deixado o álbum para escuta prévia em grupos de WhatsApp, três meses antes do lançamento. 


pub

Últimos da categoria: Críticas

RBTV

Últimos artigos