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Fotografia: Mike AK
Publicado a: 17/03/2023

A saborear o sucesso de forma precoce.

[Estreia] YeezYuri: “Tinha experimentado várias coisas na vida e nenhuma pareceu tão meant to be como música e beats

Fotografia: Mike AK
Publicado a: 17/03/2023

É com um novo EP a ferver na panela que YeezYuri lança “rolling loud”, o seu primeiro avanço, cozinhado em conjunto com os XROOTZ e Schemes. A faixa saiu hoje à meia-noite e o videoclipe acaba de estrear no YouTube.

O momento para dar este passo não podia ser mais adequado. Aos 20 anos de idade, o produtor natural de Rio de Mouro está a cultivar ainda mais o seu conhecimento na área da música através de um curso ligado à engenharia de som, que está a frequentar no Reino Unido. Na verdade, quase nem precisava de o completar, tal é a frequência com que volta a Portugal para trabalhar com alguns dos nomes mais badalados da nossa praça, onde começa, também ele, a estar cada vez mais em evidência.

Entre o instrumental que vendeu a Vado MKA quando tinha apenas 15 anos (que se veio a tornar no êxito “Brincar é no Parque“) e as suas mais recentes colaborações com T-Rex (depois de ter estado em CASTANHO, voltou a distribuir jogo em Cor D’Água), são muitos os artistas da esfera lusófona que já arriscaram em soltar versos em cima das suas batidas. Frequentemente associado aos universos dos seus colegas de editora WAY 45 (nome artístico do futebolista português do AC Milan, Rafael Leão) e de Léo Stunna, está também creditado em lançamentos de Prodígio, Mobbers, Mike11, Timor YSF, Minguito ou Rafaell Dior.

Com tantos MCs e cantores a requisitar os seus serviços, é normal que a edição do seu próximo EP, YEEZ, tenha estado a sofrer alguns atrasos. Em conversa com o Rimas e Batidas, YeezYuri (que apesar de produtor é, talvez, o principal rosto da 608 Records) promete que a espera pelo projecto já não vai demorar muito mais tempo e faz-nos um balanço do seu considerável percurso, ele que é um dos talentos mais precoces que alguma vez vimos a despontar no país.



Como é que se deram os teus primeiros contactos com a produção?

Os meus primeiros contactos com a produção foram com 9 anos de idade, quando o DJ/produtor Deejay Poco ensinou-me a trabalhar com o FL Studio e a fazer beats de kuduro e afro-house. Mas esse passatempo não durou muito, era muito novo para levar isso a sério, porém nunca parei de ouvir instrumentais. Sempre fui muito fã de instrumentais e, devido a isso, pesquisava muitas versões instrumentais de músicas famosas.

Se tivesses de apontar algumas das tuas referências, que nomes colocarias em maior evidência?

Eu tenho um gosto muito aleatório, ouço um pouco de tudo, literalmente. É possível encontrar-me a ouvir Playboi Carti e Travis Scott; noutra hora, SZA, Chris Brown e Summer Walker; uma hora depois, 2Pac e Notorious B.I.G; duas horas depois, Drake e Kendrick Lamar; noutra hora, muitos artistas ainda underground, como os da minha gravadora, 608 Records (Allis, MEGGY, WAY 45, Léo Stunna) e outros estilos como pop, house e EDM.

Acho que a música mais antiga que encontrei com um instrumental teu foi a “Brincar é no Parque”, do Vado MKA, de 2018. Foi este o teu ponto de partida ou já tinhas feito outros trabalhos antes disso?

“Brincar é no Parque”, do Vado, foi o meu primeiro trabalho lançado. Aos 15 anos de idade voltei a fazer beats, simplesmente porque vi um vídeo do Deconstructed, da Genius, que mostrava como tinha sido feito o instrumental da “Gucci Gang”, do Lil Pump. Inspirou-me. Tinha experimentado várias coisas na vida e nenhuma pareceu tão meant to be como música e beats. Depois de 7 ou 8 meses, o Vado comprou-me o instrumental e, um mês mais tarde, lançou a faixa.

Disseste-me que te estavas a formar nesta área da produção em Inglaterra. Mais do que aquilo que estás a aprender a nível técnico, de que forma é que essa experiência, ainda por cima fora de Portugal, está a influenciar aquilo que hoje consegues fazer em estúdio?

De momento estou num curso undergraduate de Music Technology, que abrange vários aspetos da música, a nível histórico e tecnológico (captação, mistura, masterização, sound design, etc). Influencia o meu conhecimento na área, como posso atacar os meus trabalhos e é uma maneira para que possa partilhar [o que estou a aprender] com a comunidade onde estou inserido, para que exista uma evolução na indústria musical portuguesa.

O teu novo single chega num momento de maior fulgor na tua carreira, já que surges creditado num dos álbuns mais marcantes do hip hop português dos últimos tempos — o Cor D’Água, do T-Rex. Como é que foi trabalhar ao lado de um rapper tão talentoso?

Trabalhar com o T-Rex é, naturalmente, fácil e difícil ao mesmo tempo. É difícil agradar-lhe, porém, quando as coisas começam a encaixar, a situação inverte-se de uma maneira impressionante, mas há sempre uma aura boa que torna tudo mais fácil e nós somos bem parecidos no que conta a estúdio e música — somos muito atentos, temos bons ouvidos e sabemos bem o que queremos; somos ambos ratos de estúdio, ambos produtores e ambos engenheiros de mistura e masterização. Devido a isso, as outras pessoas no estúdio ficam um bocado perdidas nas nossas conversas [risos]. Ainda é mais fácil trabalhar com ele por gostar realmente da pessoa dele. Isso é importante.

De que forma é que o sucesso desse disco se tem reflectido no teu dia-a-dia? Sentes que o teu telemóvel já toca mais vezes com novos convites e propostas?

Sinto que o Cor D’Água é uma peça de arte que já é um clássico. E cada vez que o ouço, tem mais impacto em mim e nas pessoas, acredito. É simplesmente um pacote completo, como o nome indica — a água reflete-se em qualquer sítio, pessoa, mood, e por aí fora. Daqui a 5 anos, as pessoas vão ouvir do início ao fim e vai atingir ainda mais o coração das pessoas. Já é possível sentir isso com o Chá de Camomila. E sim, tenho tido mais oportunidades para trabalhar com outros grandes artistas nacionais e internacionais, graças ao meu irmão, que também é meu manager e CEO da 608 Records, Leandro Twix.

Fala-me então do “Rolling Loud”: como é que este tema surgiu e porque é que decidiste intitula-lo com o nome de um dos maiores festivais de hip hop do mundo?

“rolling loud” é um tema que surgiu comigo e com o Lz, dos XROOTZ, devido ao facto de criarmos várias ideias soltas e já termos uma boa química no processo criativo. Este single representa o lado negro do meu EP, que representa o mal da minha vida — o meu alter-ego, frieza, depressão, solidão e por aí fora.

“rolling loud” é um nome para o marketing do videoclipe que consiste em “rolar alto”, em termos de viagens e também a nível artístico, de carreira. Não tem nada a ver com o festival. Originalmente era “talk of the town”, pelo facto de começarmos de baixo e agora sermos o assunto da “zona”. É um bocado difícil controlar o tema de uma música sendo produtor e engenheiro, o(s) artista(s) têm que compreender e fazer-lhes sentido o que eu quero transmitir sem se perderem na sua essência e no tema.

Ao teu lado, nas rimas, surgem XROOTZ e Schemes. Já tinhas trabalhado com eles antes? O que te levou a escolhe-los enquanto companheiros nesta tua nova aventura?

Eu e o Lz fomos da mesma turma no ensino pré-escolar, como é possível ver na capa, mas quando nos juntámos, na escola secundária, para captar música, não nos lembrávamos desse fenómeno, até que, meses depois de termos trabalhado em hits e arrecadado milhões de streams (“RockNRoll“, “Bom Mel“, “Budup Bow“, “Estrago“, “Back2Back“, etc) é que recebo uma mensagem do Lz com uma foto anexada, a perguntar se era eu ao lado do mesmo. Então, o Lz e os XROOTZ são meus irmãos e vou sempre ter trabalhos com eles, porque subimos todos juntos, tal como com o Schemes.

Revelaste-me que esse será o primeiro single do teu próximo EP para a 608 Records. Em que ponto é que esse projecto se encontra de momento? Há já algum detalhe que possas ir revelando, como o nome de mais alguns dos convidados ou a data em que o prevês lançar?

O EP YEEZ encontra-se a 75%. A única coisa que posso destacar (visto que tem um snippet no meu Instagram) é que tenho a participação do T-Rex numa faixa. E sei que tenho dito há algum tempo que está para breve, mas desta vez prometo que está para breve.


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