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Mort Garson saltou para a ribalta do consumidor mais atento em 2019 com a reedição de Plantasia, um disco de música para plantas que em 1976 era oferecido na compra de um colchão (há também quem se refira à compra de uma planta) numa loja de Los Angeles.
Este conceito de álbum-jardineiro não é esquisitice de peça única: atentem no trabalho do compositor francês Roger Roger em ’78 ou do clássico de Stevie Wonder do ano seguinte.
Voltando a Garson: o canadiano começou a sua carreira compondo e orquestrando centenas de canções até um sintetizador lhe ir parar às mãos — traço comum nos próximos compositores desta série de artigos — numa convenção em que conheceu Bob Moog.
Estando no desbrotar da música pop americana, Garson escreveu para as divas Brenda Lee ou Doris Day tendo os seus maiores sucessos sido “Our Day Will Come”, reinterpretado por Cher, Jimmy Castor ou Duane Eddy; e uma composição sua que serviu de música de fundo para o directo televisivo da aterragem do homem na Lua, em ’69, a par da adaptação “Fly Me to the Moon” de Quicy Jones para Frank Sinatra, esta tocada na própria estação orbital.
Paralelamente à sua produção mais popular, com vários piscares de olhos à space age (oiça-se “Allison” ou “Spooky)”, a sua discografia pauta-se por uma mão-cheia de discos de música electrónica analógica, com alter-egos variados como Ataraxia ou The Wozard of Iz e temáticas como o zodíaco ou música para jogos infantis. Três desses trabalhos e uma compilação com raridades chegaram este ano às prateleiras daquelxs com carteiras mais pequenas, através e mais uma vez, do trabalho da editora Sacred Bones. Entremos, então, em órbita com alguma da sua música mais recôndita.
[Captain DJ] “Disco UFO”
Entrando na estratosfera da mente de Garson com um electro antes do seu tempo.
[Ataraxia] “The Unexplained”
Uso este single frequentemente em DJ sets. É inexplicavelmente techno em ’76.
[The Lords of Percussion] “The Kung Fu”
Se existisse um estilo musical com nome da editora Finders Keepers, esta estaria no pódio. Tem os ingredientes perfeitos: funk, electrónica e um sabor oriental.
[The Zodiac] “Scorpio the Passionate Hero”
Um trabalho menos electrónico e mais psicadélico, num álbum com doze temas. Um para cada signo. Prática recorrente em compositores de música electrónica, até em Portugal.
[Patch Cord Productions] “The Connection”
Os Patch Cord Productions foram Mort Garson e Dave Williams, que lançaram, em 1968m um disco só de um lado com temas para anúncios comerciais.
[Pico] “Malaguena”
Provavelmente o único arranjo de Mort Garson com edição em Portugal no século passado. Este arranjo cisco do clássico batidíssimo “Malaguena” saiu pela Rossil em 1979.
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