pub

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/02/2022

Um caldeirão de referências que vão do jazz ao drill.

Ebi Soda chamam Yazz Ahmed para o segundo avanço de Honk If You’re Sad

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/02/2022

O segundo longa-duração dos Ebi Soda fica disponível no dia 29 de Abril. “Chandler”, tema que conta com a participação de Yazz Ahmed, é o segundo single de Honk If You’re Sad, sucedendo a “Yoshi Orange”, faixa lançada em Novembro de 2021.

Numa das crónicas de 2020 da rubrica Nota Azuis, Rui Miguel Abreu mostrava-se visivelmente entusiasmado com o presente e o futuro da banda:

“Naturais de Brighton, os Ebi Soda são mais uma válida presença no cada vez mais povoado mapa do novo jazz britânico. O quinteto de Sam Schlich-Davies (bateria), Hari-Lee Evans (baixo e teclados), Louis Jenkins (teclados), Conor Knight (guitarra) e Wilhelm (trombone e teclados) é aqui ampliado com as presenças de Beth Hopkins (saxofone alto), Jonny Poole (saxofone tenor) e Don Gray (trompete e fliscorne), que oferecem força adicional a ‘Ecchi’, tema de abertura, e ‘Zip Yiour Boots Up Lad’. Don Gray faz-se ouvir ainda em ‘Keisha Billip’ e ‘Something to do in The Future’ ao passo que as vozes de Chloe Bodur e J Harli marcam ‘Run For President’ e ‘Summer One’, respectivamente.

Nas notas de lançamento, os Ebi Soda referem que Ugh se estabelece mais como uma espécie de mixtape do que como um álbum, reunindo material disperso que foi sendo registado ao longo de diferentes sessões espaçadas por mais de um ano e sucedendo à promissora estreia que aconteceu com Bedroom Tapes, EP lançado o ano passado. E é curioso que o colectivo de Brighton escolha o termo ‘mixtape‘ para designar este conjunto de peças ao invés, por exemplo, de ‘compilação’. É que, como vários dos projectos com que coabitam no presente jazz britânico, também os Ebi Soda denotam uma óbvia dívida para com o longo devir do hardcore continuum que ofereceu uma banda sonora à paisagem ‘clubística’ desde os alvores da explosão house em solo britânico na segunda metade dos anos 80, passando pela era das raves nos anos 90 até este presente pós-dubstep e grime.

O ‘swing’ rítmico que anima a música que os Ebi Soda aqui apresentam é uma feliz síntese de drum n’bass, afrobeat, garage, house e dub, ao qual adicionam a sua própria visão modernista do jazz, uma que tanto compreende o poder da invenção livre e a dimensão discursiva dos solos, como as possibilidades texturais que a electrónica permite com o tratamento em estúdio do material que se regista nas diferentes sessões (escute-se, por exemplo, o trabalho de Dan Gray em ‘Keisha Billip’, tão dramaticamente transformado na mesa de mistura). É no sound design, que explora mais uma noção arquitectural do som e que se afasta do rigor e do realismo da tradicional sessão de jazz, que os Ebi Soda aqui investem.

Há uma óbvia componente política na forma como se equilibra a tradição jazz com as dinâmicas do presente, reclamando esta como uma urgente música do agora e não como uma mera conquista do passado que se replica usando conhecimentos e ferramentas afinadas na academia. Dessa forma, os Ebi Soda sintonizam-se com a mesma vibração que sustenta o pensamento de alguém como Shabaka Hutchings, óbvia figura tutelar de toda esta cena, mas, ao mesmo tempo, há declarações de resistência mais directas, como acontece na fantástica ‘Run For President’ em que Chloe Bodur transforma o degradante ‘grab ‘em by the pussy’ proferido pelo actual inquilino da Casa Branca num tocante lamento de revolta.

‘Summer One’, o outro tema vocal, servido pelo óbvio talento de J Hari, é uma pequena maravilha de pulsar disco-house em que HariLee Evans brilha com um ondulante e expressivo baixo. Peça para dançar ao por do sol de olhos pousados num espelho de água, esta canção pode causar sérios estragos nas pistas de dança da nossa imaginação, já que o momento actual não permite a proximidade física a que este balanço tão descaradamente convida.

Os Ebi Soda valem muito pelo vigor colectivo que apresentam, pela sofisticada elegância rítmica explorada, mas os músicos, sobretudo a secção rítmica e o trombone do líder e produtor Wilhelm, conseguem brilhar com mais intensidade graças aos sólidos argumentos apresentados (e para provas das capacidades do trombonista pode-se sempre mergulhar em ‘Playstation’, por exemplo). Mais um colectivo que obviamente muito sentido faria presenciar ao vivo num futuro de comunhão física que se deseja que chegue o quanto antes.”

Para além de Ahmed, trompetista que tivemos oportunidade de ver ao vivo na edição do ano passado do PDL Jazz — e com quem falámos antes –, Deji Ijishakin e Dan Gray são os restantes músicos confirmados nos créditos do sucessor de Ugh (2020), que, em comunicado, nos é apresentado como uma intersecção entre o jazz, o rap e a música electrónica, especificando-se ainda mais quando se nomeia trap, drill, dub, pós-punk e no wave. No Bandcamp, HIYS é descrito como algo que vem de “influências tão diversas como Kokoroko, Can, Lounge Lizards, BadBadNotGood, Ronin Arkestra e The Fall”.


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos