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Fotografia: Aidan Kless
Publicado a: 07/05/2021

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Branko: “Tenho usado estes DJ sets que coloco no YouTube como o elo de inspiração que faltava ao momento que vivemos”

Fotografia: Aidan Kless
Publicado a: 07/05/2021

As digressões pararam, mas Branko não: pelo menos é essa a impressão que se tem quando se conferem o seu output e as suas movimentações (a última levou-o até Guimarães) no último ano. Esta sexta-feira, dia 7 de Maio, o DJ e produtor tem novidades: “CTG” é o seu novo single e conta com a participação do percussionista Iúri Oliveira.

Sempre a inventar novas formas de se manter fresco e activo, João Barbosa vai usando o processo colaborativo como forma de explorar ideias que nunca acabam em si, e isto aplica-se em remisturas como a que fez para “Sereia” de Rita Vian e “Lacrau” de Pedro Mafama ou em originais como “Tempo Torto” com EU.CLIDES, artista para quem só tem grandes elogios — o primeiro avanço do EP de estreia do jovem de 25 anos já está disponível e também existe por lá mão sua.

Com mais um desconfinamento em curso, o Rimas e Batidas apanhou o homem-forte da Enchufada para falar sobre o mais recente tema, o regresso aos palcos e, entre outras coisas, o que significa a arte do autor de “Morto-Vivo” para si e para a editora que criou.



Fala-nos deste encontro com o Iúri Oliveira e como é que a vossa relação musical se desenvolveu até chegarmos a este “CTG”.

Abordei o Iúri pelo Instagram há cerca de um ano. Precisava de um percussionista versátil para trabalhar umas ideias para o meu concerto ao vivo e daí nasceu um longo e bonito diálogo que, derivado aos tempos em que vivemos, tem sido mais online do que ao vivo. Depois dessas gravações para os meus concertos, convidei-o para participar no Eléctrico da Antena 3, onde fizemos uma versão diferente do “Tudo Certo”. É um músico altamente talentoso com um conhecimento incrível de timbres, ritmos e instrumentos e a sua distribuição geográfica e histórica. Além disso, é uma pessoa super generosa. 

Em termos práticos, como é que funcionou a criação da faixa? Houve improviso com o Iuri e foram construindo ou ele seguiu indicações específicas tuas para aquilo que querias? 

A faixa nasceu com um desafio do Iúri, que me enviou uma série de gravações de melodias que tinha criado num instrumento chamado mbira. Peguei nessa matéria prima e num par de horas já tinha praticamente o tema construído. Ainda lhe mandei de volta para que ele pudesse acrescentar ainda mais magia e groove e alguns e-mails e WeTransfers depois já tinha ainda mais sumo. A partir daí foi fechar o tema a tempo de estrear no DJ Set que gravei na Penha, em Guimarães. Imaginei logo que seria o tema de abertura. 

Tenho usado estes DJ sets que coloco no YouTube (Lisboa, Serra da Estrela e agora Guimarães) como o elo de inspiração que faltava ao momento que vivemos e desenvolvendo o meu processo criativo com base neles. É muito fixe, sinto que estou a fazer música diferente por causa disso, mais visual.

Vais gravar “aquele que será #provavelmenteomelhorsetdesempre” em colaboração com a Carlsberg. Quando pensas nessa ideia de “o melhor set de sempre”, qual é aquele que te vem à cabeça? 

Ui, são tantos! Venho de uma escola em que o DJ é valorizado por surpreender as pessoas com temas desconhecidos ou que mais ninguém tem nas suas crates ou malas de discos. Essa sensação de estarmos a viver algo que mais ninguém no mundo está a experienciar é muito especial, a meu ver, mais até do que um concerto que, quase sempre, se limita ao repertório conhecido do artista. 

Alguns exemplos: Skream no Plastic People, em Londres, François Kevorkian num festival em Itália que não me lembro o nome, Buraka no primeiro Boiler Room, DJ Zinc no Fabric, 2 Many DJs no Lux, a lista é interminável.

Também regressas aos palcos no dia 21 de Maio. Terás alguma novidade no formato? 

O formato será o mesmo, a viagem pelas imagens e música em simultâneo, o tentar alimentar vários sentidos ao mesmo tempo numa experiência que começa em Guimarães e que dá praticamente a volta ao mundo entre sessões de gravação em Cidade do Cabo, São Paulo, etc. Mas o que vou ter de certeza é música e imagens novas. Nem me atrevia a tocar se não tivesse. 

Abraçaste o EU.CLIDES quase desde o início do seu surgimento no radar. O que é que viste nele e o que achas que representa para esta nova música portuguesa que vai ganhando força? 

Não tinha como não abraçar, é criativo, talentoso e pensa na música de uma forma muito parecida com a minha. Começa por imaginar onde quer chegar e depois constrói o universo necessário para atingir esse objectivo dentro de uma sonoridade com a qual me identifico totalmente. Para mim, o EU.CLIDES é a concretização pop artística actual de tudo aquilo que sempre tentei que a Enchufada representasse.

Qual foi a tua função neste “Morto-Vivo”? O que é que o EU.CLIDES requisitou do teu lado? 

Trabalhei um pouco em quase todo o EP, não tivemos um método específico, estivemos alguns dias a trabalhar e a filosofar sobre os temas no meu estúdio e depois ele levou essa bagagem para casa para transformar no EP que aí vem. Estou muito ansioso para ver a reação a esta estreia.

No caso do “Morto-Vivo”, foi um tema que começou com o rascunho de um beat meu que o EU.CLIDES foi capaz de transformar em algo completamente diferente e levá-lo para o universo dele. Passou de ser um tema que tinha criado a pensar numa Na Surra para uma canção com tanto de improvável como de incrível. 


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