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Fotografia: Rodrigo Santos
Publicado a: 21/04/2019

Há um indiscutível “novo poder” a ganhar vida no rap lusófono.

BKristo ressuscitou no Musicbox

Fotografia: Rodrigo Santos
Publicado a: 21/04/2019

Um aniversário de mais de uma década merece celebração à altura e, no ano em que comemora as suas 13 primaveras, a Primeira Linha – promotora portuense – trouxe ao Musicbox uma comitiva de peso para que nenhuma vela ficasse por soprar: coube a Macaia, Praso, Sain e BK, acompanhados de JXNVS e EL Lif Beatz, tratar de dar vida à festa. E, senhoras e senhores, que festa…

Pouco depois das 22 horas, Macaia fazia a abertura da noite, numa casa que, a pouco e pouco, caminhava para se tornar pequena para o que estaria por vir. Do cantor do Porto que se passeia pela soul, pelo r&b ou pelo hip hop, destaque para a capacidade vocal numa performance ao vivo que deixou todos rendidos e agradavelmente surpreendidos: será que andámos todos a “dormir” no Macaia? Se foi esse o caso, o músico deixou mais do que motivos para esperarmos ansiosos por um primeiro álbum a solo que, segundo a própria promotora, não tardará a chegar.

Praso hasteou a bandeira do hip hop tuga num Musicbox já a rebentar pelas costuras e, a espaços, a mostrar sinais de alguma impaciência pela chegada dos brasileiros que encabeçariam o cartaz da noite. Ainda assim, o homem dos Alcool Club agarrou a plateia com a antecipação do lançamento do seu próximo álbum, Livre e Espontânea Vontade, e mostrou toda a sua maturidade e à-vontade no Cais do Sodré, tanto a solo como quando se fez acompanhar de TOM, Uno, Silva G ou Sara D’Francisco. O primeiro grande momento da noite, pelos menos no que à euforia do público diz respeito, aconteceu ainda durante a actuação do rapper de Sines: BK’ e Sain subiram ao palco para rimar em “A Praga”, faixa que construíram em colaboração com o MC e a plateia, já em ponto de ebulição, mal se conseguiu conter. O resto é história a acontecer…

No público, várias figuras centrais do hip hop nacional: nomes como GROGNation, DJ Big, DarkSunn, Mass (Orteum), DJ Glue, DJ Spot, Gson e vários membros da brasileira Complexo Hip Hop não quiseram deixar de participar na festa lusa e canarinha que teve direito a tudo: telefones em riste, músicas cantadas em uníssono, gritos, lágrimas, muitos (mas muitos) saltos e verdadeiros mosh pits no auge trap da noite que empurraram metade do Musicbox para perto da porta.

“Épico”, “surpreendente”, “incrível”, ouvia-se cá em baixo. No palco, BK fazia-se acompanhar de Sain, JXNVS e El Lif Beatz: de Castelos e Ruínas a Gigantes ou Dose de Adrenalina com uma perninha pelos novos lançamentos de JXNVS, o espectáculo passeou pela pluralidade sonora que os trabalhos brasileiros antecipavam. Perto das duas, o público acusava já algum cansaço, é certo: os anfitriões pareciam ter bastante mais pulmão que o público que, ao toque de saída, quase esvaziou o Musicbox. Cansados mas felizes.

Arriscamos a dizer que desde Black Milk, há praticamente um ano, ou Alchemist, em 2017, que não assistíamos a um espectáculo ali com tanto fulgor. A passagem dos conterrâneos Emicida, Rincon Sapiência ou Flora Matos pela mesma casa foram momentos fundamentais para mostrar uma maior abertura do público português para o hip hop que se faz do outro lado do Atlântico. Mas naquela que era já a madrugada do Domingo de Páscoa, BK e o seu Bloco 7 caminharam sobre as águas de um oceano que já não impede o contágio: terreno ou divino, há um indiscutível “novo poder” a ganhar vida no rap lusófono.


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