pub
Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[Plutonio] “Agradecido” feat. MEO Arena
O grande concerto de Plutonio no MEO Arena em Fevereiro foi também uma aula. É que foi precisamente por lá que os fãs puderam aprender e escutar pela primeira vez a letra de “Agradecido”. O agora novo single do rapper, simbolicamente creditado como tendo a participação do público desse espectáculo, foi lançado há dias como forma de celebrar uma marca histórica na carreira: a obtenção do primeiro single de diamante, neste caso para o seu tema de 2019 “Somos Iguais”. Com o seu mais recente álbum, Carta de Alforria, editado em 2024, talvez daqui a uns cinco anos volte a colher um feito semelhante para um dos temas desse disco — provavelmente “Interestelar”, que já soma sete platinas ao dia de hoje (3 a menos do que as necessárias para chegar a diamante).
[Andy Mineo] “I Swear, This Is Not an André 3000 Diss Song”
Andy Mineo jura que o seu novo single não é um diss dirigido a André 3000. Nem podia. O tema avulso produzido por Malik Baptiste tem, realmente, o homem que é metade dos OutKast como destinatário, mas a sua mensagem visa empoderá-lo, não deitá-lo abaixo. Numa altura em que o veterano André Benjamin tem encontrado outras vias para expressar a sua criatividade fora dos campos do rap, por sentir que alguém da sua idade já nada tem para acrescentar no campo das rimas e batidas, Mineo junta-se à lista daqueles davam tudo para poder escutar novos versos do icónico MC de Atlanta, não querendo saber se estes se enquadram ou não nos “padrões” de hoje. Esperemos que possa escutar e receber a luz deste “Swear, This Is Not an André 3000 Diss Song”, e que isso o inspire a repensar a decisão.
[Evidence] “Different Phases”
Beat Butcha e Coop The Truth asseguram a cama instrumental onde de deitam as novas rimas de Evidence em “Different Phases”, um tema que pede por calma face à pressão que o rapper e produtor vai sentindo por parte de algumas pessoas para que continue a editar novo produto sónico. Não é que lhe falte material desde Unlearning Vol. 1 — editou projectos instrumentais e produziu discos inteiros para Domo Genesis e Blu no entretanto —, mas há por aí muita gente com fome do que o californiano tem para dizer ao microfone. Depois de “Nothing To See Here” no início deste mês, Evidence aponta mesmo para mais um registo de longa-duração com este “Different Phases”. Podem esperar por Unlearning Vol. 2 a 15 de Agosto, data em que a Rhymesayers Entertainment coloca o trabalho nas ruas.
[JPEGMAFIA] Ao Vivo @ On The Radar
Não é uma mera performance; é toda uma experiência. A fasquia eleva-se quando JPEGMAFIA se apresenta na rubrica On The Radar, rodeado de mulheres vestidas de negro e instrumentação ao vivo. Tudo começa com um verso sobre um instrumental originalmente usado por Stack Bundles, “Get Em Girls Freestyle”, passa pela vertiginosidade da guitarra de “sin miedo” e termina com a redenção de “either on or off the drugs”. É espremer ao máximo os 7 minutos que lhe foram cedidos para ingressar na famosa série da On The Radar Radio.
[Ray Vaughn] “LOOK @ GOD”
Ray Vaughn, uma das mais talentosas novas promessas da Top Dawg Entertainment, já se fez à pista, e nem a troca de galhardetes com Joey Bada$$ o fez distrair-se da missão de lançar a sua primeira mixtape pelo selo californiano. É em The Good The Bad The Dollar Menu que mora este “LOOK @ GOD”, um tema cujo beat parece querer emular a pujança do estratosférico “Not Like Us”, do seu ex-colega de editora Kendrick Lamar. E na versão em vídeo da faixa, não falta uma nova oportunidade de mandar mais uma bicada a Joey Bada$$ no pequeno sketch que surge no final.
[Lhast] Violetta (Film)
Ao terceiro álbum em nome próprio, Lhast foi mais ambicioso em todos os sentidos possíveis. Se as sonoridades escolhidas para Violetta já demonstravam uma hábil capacidade em encontrar diferentes tons numa só cor, o artista português também dá um step up à componente visual que ilustra o projecto, conseguindo um longo acompanhamento cinematográfico — como uma compilação de visualizers — para nos pintar na tela todos os moods reunidos no sucessor de ALK (2022).
[Rico Nasty] Ao Vivo @ Tiny Desk Concert
Tal como destaca a NPR na descrição deste vídeo, “as facetas da arte de Rico Nasty parecem quase infinitas.” Se em disco já a escutámos a experimentar inúmeros registos, a sua recente actuação na série Tiny Desk Concert prova que essa metamorfose também é passível de se sentir ao vivo. Do rock bem rasgado de “TEETHSUCKER (YEA3X)” ao arranjo de “ON THE LOW” que leva o tema a descair para a bossa nova, da raiva punk de “Smack a Bitch” a uma certa vanguarda jazz patente em “CRASH”: há inúmeros universos dentro do universo que é Rico Nasty, uma das MCs mais geniais a ter despontado nos campos hip hop na última década.
pub