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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/10/2023

Uma semana de novidades audiovisuais nos terrenos do hip hop e electrónica pela mão de Gonçalo Oliveira.

7 Dias, 7 Vídeos

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/10/2023

Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?

7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.


[Bas] “Khartoum” feat. Adekunle Gold

“Só falamos a sério sobre as merdas quando estamos fodidos.” A mensagem do início do vídeo aplica-se a todos, inclusive ao próprio Bas. Parece que andamos todos demasiado ocupados nas nossas vidas e só protestamos quando o mal se instala, em vez de tentarmos defender as nossas lutas antecipadamente para que, quando a coisa “estala”, existir desde logo uma base de união.

Depois da invasão Russa à Ucrânia, agora é o conflito entre Israel e Palestina a dominar praticamente todo o espaço mediático, fazendo-nos esquecer por completo de que há outras guerras a serem travadas e, consequentemente, outros povos em sofrimento. Mas aquele que é um dos artistas mais influentes do esquadrão da Dreamville faz questão de nos relembrar do que também se passa, por exemplo, no Sudão, através do seu novo single “Khartoum”. E além da poderosa mensagem que carrega na voz, Bas consegue casar o factor político-social num canção swingada daquelas que nos enche as medidas, capaz de nos fazer dançar abraçados a nós próprios e com uma lágrima no canto do olho, desiludidos pelo quão doente este planeta se encontra. Adekunle Gold (no refrão) e Kel-P (na produção) trazem à faixa aquele flavor do afrobeats nigeriano que embala qualquer um.


[The Alchemist] “Nothing Is Freestyle”

Nada é de borla nem tão pouco de improviso e cantar os parabéns soa antiquado para quem tanto faz pelo futuro de uma cultura. The Alchemist completou 46 voltas ao sol na passada quarta-feira, 25 de Outubro, mas a prenda recebemo-la nós sob a forma de um breve vídeo que traz o afamado beatmaker de volta ao microfone, posição que não lhe tem sido nada estranha ao longo de uma longa e celebrada carreira. Provavelmente não fará parte dos seus planos, mas o carisma e a atitude inigualáveis, aliados a um sólido flow e escrita, até que deixam no ar aquela vontade de o podermos escutar num disco a solo dividido entre rimas e batidas. Para já, a única certeza com a qual podemos contar é a de que vem aí Flying High 2, que a julgar pelo alinhamento do capítulo inaugural virá apetrechado de novas e sonantes colaborações.


[Arca] “Incendio”

Arca” e “incendio” são duas palavras que colam tão bem uma na outra. Alejandra Ghersi faz subir as temperaturas por onde quer que passa e destaca-se como uma das mais dotadas artistas da sua geração, capaz de cruzar barreiras de géneros e aplicar-lhes elevadas doses de loucura e vertiginosidade. “Incendio” integrou a tracklist de KicK iii e é agora recuperado para um vídeo realizado pela própria Arca, dado a conhecer ao público no âmbito de uma residência de quatro noites em Nova Iorque. Tristes por não termos lá estado a assistir, mas gratos por este Verão termos tido a oportunidade de experienciar todo o seu universo de reggaeton cyberpunk no MEO Kalorama.


[Buddy] “Free My Mind”

Qualquer passo é sempre mais bem dado quando nos encontramos de cabeça livre. E é diante uma folha de um caderno, qual psicólogo, que Buddy desabafa sobre os dramas da sua vida naquele que se apresentou na semana passada como sendo o primeiro single de uma nova era da sua carreira. Largada a ligação à RCA Records, o MC/cantor californiano posiciona-se agora no mercado enquanto artista independente com a ajuda da EMPIRE ao nível da distribuição. “Free My Mind” fala sobre essa mudança, mas não só: num breve relato, Buddy recorda como se iniciou num registo “super ghetto” antes de se “redefinir” e se tornar num intérprete mais abrangente ou de uma viagem a Portugal logo após quase ter perdido o pai numa explosão.


[Mick Jenkins] “Mop”

Tem sido um dos nomes mais falados na nossa praça ao longo dos últimos dias. E também não é para menos. Afinal de contas, Mick Jenkins é um liricista prendado com quem os portugueses querem marcar encontro diante um palco há algum tempo, oportunidade que é agora mais palpável do que nunca após uma nova e brilhante investida da Versus, que vai trazer o rapper de Chicago até ao B.Leza, em Lisboa, no dia 24 de Fevereiro do próximo ano. Retirado do seu novo The Patience, “Mop” passa a esfregona sobre o actual conceito de rap e deixa limpa a ideia de que a escrita de bons versos continua bem viva dentro da alma daqueles que ainda se movem com o código de honra da cultura hip hop bem tatuado na mente.


[Blockhead] “Lighthouse” feat. UGLYFRANK

Cabos auxiliares há muitos, seus palermas. Mas na “canção de Nova Iorque”, The Aux é sinónimo de um novo disco de Blockhead, celebrado produtor que tem vindo a trabalhar com alguns dos irreverentes espadachins da palavra do presente milénio, desde Aesop Rock a billy woods e E L U C I D, trio que tem presença assegurada na ficha técnica do álbum que será editado pela Backwoodz Studioz dia 17 de Novembro. Ao segundo avanço, UGLYFRANK é quem ergue o sabre da rima com mestria e faz por se sobressair num alinhamento que também compreende os talentos de Danny Brown, Quelle Chris ou Navy Blue.


[Nile Rodgers & CHIC] Ao Vivo @ Tiny Desk Concert

Poucos têm o currículo de Nile Rodgers ou a influência dos seus CHIC no panorama da música global. Músico, compositor, produtor e interprete com valências mais do que confirmadas em cada uma dessas vertentes, o também cantor e guitarrista deixou a sua marca em inúmeros clássicos quer em nome próprio, quer ao serviço de outros artistas. Prova disso é a curta mas impactante setlist que preparou para a sua ida ao Tiny Desk Concert, que contempla os temas “Le Freak”, “We Are Family”, “Let’s Dance”, “Get Lucky”, “I’m Coming Out” e ainda “Good Times”, aqui num crossover com “Rapper’s Delight”, faixa histórica do cancioneiro do hip hop que nasceu a partir de um sample dos CHIC — em Julho deste ano, assistimos a um momento semelhante no Super Bock Super Rock, no qual Rodgers contou com a ajuda de GZA, dos Wu-Tang Clan, que também actuaram no mesmo dia.

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