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Fotografia: Joana Ruth
Publicado a: 25/03/2020

Está cá fora a primeira amostra do álbum de estreia da dupla.

y.azz x b-mywingz: “um ano de conquistas”, os “dois palcos em dois grandes festivais” e “-dis/closure”

Fotografia: Joana Ruth
Publicado a: 25/03/2020

A vida de Mariana Prista e Margarida Adão começou a mudar em Maio do ano passado: depois de vencer a edição de 2019 do EDP Live Bands, a dupla teve a oportunidade de actuar em festivais como NOS Alive, em Portugal, e Mad Cool, em Espanha, e garantiu a oportunidade de editar um álbum pela Sony Music Portugal.

Em 2020, mais concretamente no início deste mês, y.azz x b-mywingz desvendaram o primeiro single desse longa-duração, “-dis/closure”. Pedro Dias (na guitarra portuguesa) e Madeinlx (na realização e edição do videoclipe) contribuem para o início desta empreitada que irá culminar com o lançamento do disco.

Cerca de um ano depois de falarmos pela última vez com o duo, voltámos a “ligar-lhes”. Desta vez, a conversa foi uma reflexão sobre as mudanças que aconteceram desde a importante vitória, mas também sobre o mais recente tema.



O “-dis/closure” anuncia um novo “capítulo”, como nos disseram há uns meses. Porquê um álbum em vez do EP em que originalmente pensaram?

[Mariana] O álbum surge com o prémio do EDP Live Bands 2019. Foi fruto do prémio, daí termos optado por um álbum em vez do EP que originalmente tínhamos pensado. 

O “-dis/closure” é o vosso primeiro single desde o “COLOURS”. O que mudou no vosso som desde então? 

[Mariana] Desde a “COLOURS” passou-se quase um ano. Temos vindo a crescer como artistas e como pessoas e isso reflecte-se inevitavelmente no que fazemos — porque é uma extensão de nós próprias; o nosso som e todas as mudanças e evoluções que ele sofre são uma consequência disso, sem nunca lhe tirarmos a essência original, mas acrescentando ao que ele era, e continua a ser.

[Margarida] Foi um ano de conquistas importantes que fizeram com que conseguíssemos pôr na música tudo aquilo que temos vindo a recolher e toda a experiência de trabalhar com pessoas distintas que até àquele momento não tínhamos tido. Não digo oportunidade, mas talvez não tivessemos tanta abertura — e não estou só a falar de produtores. Até porque eu trabalhei com dois produtores apenas para duas músicas do álbum. Para este álbum, queria algo a nível de composição que puxasse mais pelas nossas influências e origens. Somos ambas portuguesas e apesar de termos estado fora do país durante algum tempo mantivemo-nos bastante apegadas a casa. E a guitarra portuguesa é um instrumento que tem vindo a ganhar importância nas minhas composições. Tinha um som feito de 2015, que fiz em Londres com o mesmo guitarrista, o Pedro, e sabia que queria voltar a repetir essa experiência. Já tinha um som mais ou menos alinhado com uma guitarra acústica e instintivamente pensei que a música tinha de levar uma guitarra portuguesa. E acho que o que mudou foi o facto de querermos experienciar coisas diferentes e não termos medo de arriscar. Trabalhar com pessoas que não estão propriamente dentro do nosso de género e o principal é saber que no fim, se cada um der de si, as coisas conseguem ficar incríveis.

Falem-me das filmagens deste videoclipe.

[Mariana] Tivemos a oportunidade de filmar com o Miguel (Madeinlx) pela primeira vez; o Miguel é dos videografos mais talentosos que conheço, e acho que o resultado reflectiu isso. Foi um processo colaborativo, com todos os seus obstáculos — como não poderia deixar de ser — mas que no fim do dia nos deixa felizes e vai de acordo com o que tínhamos imaginado, e não podíamos pedir mais.

[Margarida] No primeiro dia de gravações, na Serra de Sintra, tivemos uma situação caricata. A correia do carro que aparece no vídeo, um Mercedes de 1972, rebentou e tivemos que chamar um reboque. [Em] todas as filmagens que foram realizadas, o carro já estava no vermelho. Até há um plano no início que mostra que a temperatura do carro estava a subir e estávamos com algum medo que o carro avariasse e não conseguíssemos fazer o que tínhamos planeado. E tivemos alguns percalços, faz parte e não há nada contra isso, a melhor maneira de responder a isso é ver o resultado final do vídeo e ver que ficou incrível.

Como foi pisar os palcos do NOS Alive e do Mad Cool?

[Mariana] Vou usar a única palavra que tenho, e que uso repetidamente: incrível. A primeira vez que fui ao Alive foi há 10 anos, e é um palco que eu conheço, por onde passaram artistas que adoro, e estar do outro lado, e pisá-lo, é surreal, e demorou muito tempo a assimilar que isso realmente aconteceu. Madrid foi uma novidade igualmente bonita, que superou as nossas expectativas. Acima de tudo acho que ambas estamos agradecidas pela experiência que foi, e por nos darem dois palcos em dois grandes festivais para fazermos aquilo que mais amamos na vida.

[Margarida] Pisar o palco do Alive foi uma sensação única. E honestamente arrependo-me de não ter aproveitado mais, estava demasiado nervosa. Quando entras pelas portas pensas, enquanto músico, “eu quero estar ali em cima”, seja em que festival for, principalmente no Alive, que é uma das nossas principais caras festivaleiras no estrangeiro. Tu queres estar ali em cima e tens essa ambição e quando consegues e tens isso na mão é indescritível. Isso deu-nos uma certa pressão e tê-lo conseguido foi uma grande oportunidade. Para além de ter sido o primeiro concerto que tivemos enquanto banda e acho que correu bem dentro dos possíveis — não foi perfeito, temos de admitir –, mas saímos muito mais fortes porque soubemos o que seria e retirámos algo que nos fez continuar e melhorar. O MadCool foi igualmente indescritível: conhecer Madrid, partilhar o backstage com a Jorja [Smith], sair do camarote e dar de caras com os Empire Of The Sun… ou ainda ver o baixista dos Smashing Pumpkins. Lembro-me ainda que estávamos a jantar e ao nosso lado estava o Vince Staples. Foi uma experiência brutal, quase irreal. O conjunto de situações e experiências foi: “é isto que quero para mim”. E temos trabalhado para conseguir mais e mais e atingir mais ainda.

No último ponto de situação, descreviam-se como um “projecto que envolve imensas pessoas”. A vossa empreitada ainda está sob controlo, ou é cedo para avaliar?

[Mariana] Acho que nunca vamos deixar de ter ‘’muitas pessoas envolvidas’’, porque desde o início que temos a sorte de nos cruzarmos com pessoas incríveis e cheias de talento que queremos manter por perto, que acreditam em nós e que nos ajudam tanto — e que nos inspiram. Pessoalmente, eu gosto de ter o factor de colaboração presente, e acho que é importante e contribui para o tal crescimento que já tinha falado, porque absorvemos imenso delas e do ambiente que criamos.

[Margarida] Temos estado a trabalhar em estúdio com o Tomás Cruz, engenheiro de som no Complexo 1025, e tem sido uma experiência incrível. O Tomás tem ajudado muito e é alguém com quem no fim de uma sessão consegues ouvir Jacob Collier ou Finneas. Ele consegue ouvir do jazz ao pop e sabe respeitar o que um artista sente e isso é o mais importante: não te limitares a ti nem ao outro, principalmente no estúdio. Temos igualmente trabalhado com o Pedro e com a Rita que têm sido um grande apoio. Essa é a vantagem de termos, não “muitas pessoas envolvidas”, mas as pessoas certas que nos ajudam a ir mais longe. A empreitada não está sob controlo, o controlo da nossa empreitada é todo nosso, seja a nível de composição como de letras.

Ambas têm ocupações para além da música: a Margarida trabalha na TSF, a Mariana vai editar uma tese sobre “music performance anxiety“. Como é que essas experiências vos ajudam enquanto y.azz e b-mywingz?

[Mariana] É engraçado porque acho que para mim funcionou ao contrário, o facto de ter um alter-ego, e todo este processo de trabalhar para uma carreira como y.azz, fez com que sentisse a necessidade de criar uma separação entre as duas coisas. O tema em si, e toda a pesquisa que faço para a tese, acaba por me ajudar como artista e dá-me ferramentas para combater o stage fright, mas, por outro lado, fez-me também perceber que devia explorar formatos mais acessíveis de maneira a que seja mais produtivo para quem passa pelo mesmo.

[Margarida] Acho que tudo se interliga. Enquanto b-mywingz demonstro o meu lado mais criativo e nunca deixo a técnica nem o profissionalismo de lado. E creio que o mais importante é o que é que levamos de nós próprias para a nossa música. Os momentos de criação acabam por ser sempre momentos mais sensíveis e é isso que acaba por ficar registado no álbum, não se trata de vulnerabilidades, mas sim explorar uma intensidade de sensações.


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