[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados
A XXIII continua a desempenhar um importante papel na promoção de todas as vertentes que a cena clubbing consegue abraçar. XXIII // VOLUME 5 é um novo capítulo nessa saga, o quinto episódio na série de compilações que a editora portuguesa tem vindo a lançar desde o início de 2017.
Editado na segunda-feira passada, XXIII // VOLUME 5 vem munida de temas originais dos brasileiros Sants, EveHive e Teenangel, da alemã Ghetto Vanessa e do portuense TEMPEST, uma das mais recentes aquisições da XXIII para o seu plantel. PEDRO e RASTRONAUT também deixam a sua dedada na nova compilação da editora, através de um toque especial aplicado a “Teleported”, um original de OKZharp & Manthe Ribane.
Em 2018, a XXIII já nos tinha dado o quarto volume da sua série de compilações e ainda o EP de estreia de TEMPEST. Enquanto promotora, os eventos assinados pela XXIII também não têm faltado: este mês proporcionaram a estreia de Murlo em Portugal e trouxeram Full Crate para a comemoração do seu terceiro aniversário. Na edição deste ano do NOS Alive, Torres e NOIA defenderam as sonoridades da sua editora no palco Clubbing do festival, que contou com a curadoria de Branko no dia 13 de Julho.
Este quinto volume tem um toque muito exótico, à semelhança da quarta compilação que lançaram também este ano, que sempre teve presente na vossa esfera mas, talvez, não totalmente declarado. É uma aposta assumida pela XXIII, explorar o lado mais global que cobre as pistas de dança?
A aposta da XXIII não passa apenas por explorar uma certa vertente da cena de dança/clubbing mas sim por explorar todo o universo da mesma. Embora no último ano a aproximação tenha sido clara, as bases da XXIII não passam (só) por aí. A ideia até ao final deste ano é expandir a parte editorial a novas sonoridades. Depois do VOLUME 4 que consistiu em criações com bases afro, lançámos o EP UNFULFILLED do TEMPEST que apresenta uma electrónica mais definida. Este VOLUME 5 pretende dar a conhecer a sonoridade de artistas que nos são próximos e não tanto investir numa aproximação aos ritmos mais exóticos Um bom exemplo disso é a primeira faixa ter influências de tarraxo (Sants – “JASMINE”), duas faixas depois tens uma faixa com elementos de hard drum (EveHive – “CALINA”) e a compilação acaba com algo mais orientado para o techno (TEMPEST – “ALL NIGHT II”).
Esta é a vossa compilação com mais nomes internacionais até à data, certo? Têm tido feedback da XXIII vindo de fora de Portugal?
Curiosamente, o feedback vindo de fora tem sido maior do que o que vem de Portugal – vem principalmente do Brasil, EUA e França. Isto é um dado bastante normal para nós, porque acabamos por promover sonoridades mais exploradas fora de Portugal e porque os artistas que temos convidado para as nossas compilações têm já algum impacto nos sítios de onde vêm e em zonas onde a cena clubbing está mais disseminada. Além disso, o Soundcloud e o Bandcamp ainda são plataformas de “nicho” em Portugal, o que não acontece se fizermos um zoom out e levarmos isto para uma escala europeia.
Estiveram recentemente em destaque num dos maiores festivais da nossa capital — dividiram o palco NOS Clubbing com o Branko e a sua Enchufada ou o Sango, que pouco depois até admitiu no Twitter a possibilidade de se mudar para Lisboa com a família. Como foi a experiência? Que momento vão recordar para sempre?
O NOS Alive foi provavelmente o momento mais alto da ainda curta vida da XXIII. O facto de nos podermos expor a um público tão generalista num palco tão específico como o que foi curado pelo Branko naquele dia, veio promover e dar crédito ao trabalho que desenvolvemos nestes 3 anos na cidade do Porto. A música global electrónica está, aos poucos e poucos, a tomar conta do panorama musical por várias razões, sendo uma delas o facto de abranger e ser influenciada por milhares de estilos e porque cada cultura acaba por ser única dadas as suas raízes. O NOS Alive não poderia ter escolhido melhor pessoa do que o Branko para partilhar isto com as milhares de pessoas que por lá passaram.
Este VOULME 5 é a terceira edição de 2018 para a XXIII. O que se segue nos planos da editora? Haverá por aí também uma próxima festa que queiram antecipar?
Estão planeados, pelo menos, mais 4 lançamentos — dois EPs e duas compilações — que vão definir a XXIII enquanto editora e solidificá-la. Esta era uma parte da XXIII que precisava de algum trabalho da nossa parte. Felizmente o Nuno Matos (TEMPEST) abraçou esta pasta e tem feito um trabalho excelente. Além disto, estão planeadas pelo menos mais duas edições das nossas noites no Maus Hábitos, no Porto, com alguns nomes internacionais (em Setembro e Novembro) e uma pequena surpresa que deverá acontecer até ao final deste ano.