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Publicado a: 14/01/2018

Xeg: “O público é cada vez menos exigente”

Publicado a: 14/01/2018

[FOTO] Direitos Reservados

“Oh Mãe” é o novo single de Xeg com produção, captação, mistura e masterização de Charlie Beats. O vídeo, que é realizado por Tomás Ataíde, contém, segundo o produtor, referências ao filme Vertigo, de Alfred Hitchcock.

“Eu tenho muitas novidades para 2018”, começa por confessar Rui Constante em conversa com o Rimas e Batidas. Sobre a nova faixa, o MC revela como tudo aconteceu: “Este tema foi escrito em duas fases: os grossos dos versos em si eram dicas antigas que eu já tinha e transformei-as em rimas. Depois, o refrão é que foi construído já com o beat. Eu e o Charlie há muito que andávamos para fazer algo juntos. Ele tinha-me enviado uma série de beats, um deles até usei para o cypher do Maluco Beleza, e fiz este tema quase descontextualizado de qualquer projecto. Marcámos o estúdio, gravei, gostámos do resultado e daí resolvermos fazer um vídeo. É um dos grandes produtores de Portugal, com bastante qualidade e bastante versátil. Vai a todas, como se costuma dizer. E este beat em particular foi quase como ‘amor à primeira audição’.”

Charlie Beats, arquitecto sónico que, em 2017, contribuiu para uma das 25 músicas portuguesas que marcaram o panorama nacional, falou sobre o instrumental de “Oh Mãe”: “É samplado e também tem alguns instrumentos tocados. Eu gosto sempre de fazer híbridos. É trap, mas não é trap convencional. Na minha opinião, é um ‘trap diferente’. O sample, ‘Serenade’, de Della Reese, nunca tinha sido ‘flipado em trap'”, acrescenta.

Do lado do produtor, os elogios também não são poucos: “Ele [Xeg] decidiu aventurar-se aqui nesta estética, que não é tanto o que ele tem feito, e, a meu ver, o resultado está incrível. O Xeg é muito, muito, bom e provou que está longe de ter encostado o microfone. Depois dele ter feito clique com o beat foi rápido. Damo-nos super bem, ele é uma referência para mim a nível musical e pessoal.”

No estilo característico de Xeg, “Oh Mãe” é uma faixa que segue a mesma linha de “Rap Consciente”, de Valete, ou “Brasa”, de Mundo Segundo & Sam The Kid. Um olhar crítico para dentro da cultura que mudou muito desde a sua génese, e nos últimos anos. “A ideia do som é simples. O hip hop pode ser tudo aquilo que quisermos, mas estamos no mau caminho quando deixar de ser sobre rimas. É uma reflexão válida para o mundo inteiro, não só para Portugal. Aquilo que hoje faz um MC ter sucesso tem cada vez menos a ver com a forma e o conteúdo do que ele rima. O público é cada vez menos exigente. Ser rapper é cada vez mais fácil e os factores que te levam ao sucesso são quase uma incógnita. Há bons rappers que batem e há maus rappers que batem. Há bons rappers que não batem e vice-versa. Há rappers com label que conseguem, outros não. Há rappers que sem nada chegam lá. Não há uma relação directa quase em nada. Durante muitos anos era mais simples: tinha fortes probabilidades de estar em altas quem escrevia melhor…”, remata o autor de Recortes.

 


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