Os WE SEA regressaram ontem aos lançamentos com a proposta de um terceiro álbum. O Melhor de Clube Miragens é uma viagem sonora que cruza nostalgia, ficção e pista de dança com a chancela da Marca Pistola.
Depois de Basbaque (2019) e Cisma (2021), a banda micaelense — formada por Clemente Almeida, Rui Rofino, Rómulo San-Bento, Paulo Fonseca e Vítor Botelho — apresenta agora dez faixas que exploram encontros, desilusões e noites intermináveis, dando corpo à atmosfera alegórica de um espaço que nunca existiu fisicamente, mas que resiste no imaginário coletivo — o Clube Miragens, bar inventado no Monte Escuro, é habitado por memórias de lugares reais como o Lux Frágil, em Lisboa, e o Cheers, em Ponta Delgada. A metáfora serve de palco para reflectir sobre os oásis culturais que, ao venderem hedonismo como promessa, acabam por enfrentar o mesmo destino trágico de Ícaro. Cada tema funciona como um fragmento de uma possível playlist do Clube Miragens tocada pelo DJ residente, preservando a chama de um espaço que é tanto histórico como mitológico.
Musicalmente, O Melhor de Clube Miragens reafirma a identidade dos WE SEA enquanto voz singular da música indie açoriana. Entre guitarras etéreas, melodias pop e pulsos alternativos, este LP constrói uma ponte geracional e geográfica num registo que consegue ser ao mesmo tempo íntimo e expansivo, transportando a ilha para uma dimensão universal. Zeca Medeiros, Manuel Trabuco, Tiago Franco e D. Rosa Cardoso (da Fajã do Ginjal) são as participações que ajudam os WE SEA a continuar a reinventar a tradição através de um olhar fresco e cosmopolita neste que é um tributo à memória colectiva da noite e à capacidade de dançar contra o esquecimento.