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Texto: ReB Team
Fotografia: Queragura
Publicado a: 11/04/2023

Do quarto para o palco.

Trafulha sobre Hip Hop Loves Jazz: “É uma boa maneira de quebrar o misticismo e cultivar a curiosidade”

Texto: ReB Team
Fotografia: Queragura
Publicado a: 11/04/2023

É já este sábado, dia 15 de Abril, que o Hip Hop Loves Jazz volta à Jazz Messengers, em Lisboa, para uma sessão de beatmaking ao vivo.

Depois de DarkSunn, Trafulha é a convidada que se segue na segunda sessão de uma iniciativa que quer fortalecer os laços entre a produção de hip hop e o sampling com recurso a discos de jazz. Nos últimos oito anos, Estela Carneiro tem sido um dos nomes que têm feito agitar as camadas mais subterrâneas da cultura urbana no nosso país, através de edições várias que foram aterrando principalmente no seu SoundCloud (embora nem todas tenham resistido ao avançar dos tempos). Com provas mais do que dadas na fusão entre beats e melodias mais azuladas, em 2020 chegou a ser convidada por Keso para editar pela sua Paga-lhe o Quarto, dando origem ao EP Autosimbiose, sucedido no final do ano passado por um conjunto de quatro faixas com ritmos mais quebrados a que apelidou de VIGÍLIA, desta vez lançado de forma independente.

Ao Rimas e Batidas, Trafulha deu boa parte da receita para o que vamos poder ver e escutar ao vivo na Jazz Messengers este sábado e fez figas para que haja discos de Bohren & der Club of Gore ou Piero Umiliani à sua disposição para samplar.



Antes de mais, o que significa para ti ser convidada para uma sessão de beatmaking ao vivo? Achas que é um tipo de iniciativa que está em falta no nosso país?

Para mim ser convidada para fazer um instrumental ao vivo significa trazer o que faço, geralmente na intimidade do meu quarto, sozinha, para o público. É algo que talvez antes considerasse fora da minha área de conforto, devido a ser um processo íntimo. E respondendo na sequência, como beatmaking costuma ser algo feito de porta fechada, no geral, abrir essa porta é uma boa maneira de quebrar o misticismo que o público interessado possa ter e cultivar a curiosidade.

Enquanto produtora de hip hop, também sentes esta afinidade especial com o jazz?

Sim, grande parte dos beats que faço tem como base o jazz e as suas várias vertentes. Sempre senti que a fluidez do jazz conjuga perfeitamente com os ritmos com que o hip hop se fundamenta.

Dás por ti a escutar este tipo de música no teu dia-a-dia ou ouves mais com esse objectivo preciso de encontrar samples?

Geralmente é um misto entre os dois. O que acontece geralmente é estar à procura de samples e quando dou por ela estou a ouvir faz uma hora, enquanto olhava a parede.

Que nomes do jazz mais te influenciaram até ao momento ou a que nomes sentes que tens recorrido mais em busca de samples?

Inicialmente utilizava clássicos de Bill Evans e Chet Baker, mas ultimamente ando a procurar mais dentro do jazz japonês experimental e outros estilos musicais, como música tradicional de vários países, para encontrar outros instrumentos e sonoridades.

Se pudesses escolher alguns dos discos que vão estar na caixa do desafio, há alguma coisa em especial que gostasses de encontrar por lá?

Difícil sequer pensar em discos específicos, talvez um de Bohren & der Club of Gore ou então de algum compositor de soundtracks de filmes antigos como o Piero Umiliani.

Como é que costumas abordar o sampling? Vais mais em busca de loops, de cortes nos tempos certos ou procuras minuciosamente por todo e qualquer pedaço de som que possa funcionar?

Um misto dos três literalmente. Ou da mesma música ou de várias. Vou utilizando um loop ali, uns chops acolá, se calhar um detalhe de outra faixa aqui e, no final, temos a batida a agir como a cola entre esses recortes sonoros.

E é comum samplares directamente de discos, como vais fazer no Hip Hop Loves Jazz, ou recorres mais ao digital?

É algo que pretendo mudar. Até agora só recorri ao digital, porém ando com vontade de começar uma coleção de CDs para samplar (se bem que não deixa de ser digital).

Não sei se marcaste presença na sessão do DarkSunn, mas deduzo que tenhas tido pelo menos a oportunidade de ver a reportagem em vídeo que lançámos para o YouTube. Tiraste algum tipo de apontamentos mentais para te ajudar no desafio?

Admito que cheguei um pouco tarde, então não consegui apanhar a tempo. Mas do que vi no vídeo, acho que a dica que o Darksunn disse e que irei seguir é não olhar para ninguém e tentar concentrar no que estou a ouvir [risos].

O DarkSunn levou uma MPC Live para a Jazz Messengers, mas não há qualquer tipo de restrições ao nível das ferramentas a ser usadas pelos produtores. No teu caso, vais munida com que tipo de máquinas/softwares?

No meu caso, irei levar o meu portátil em que uso o FL Studio e, só pelo sim pelo não, também levo comigo o meu teclado MIDI.


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