DRUG DEALING IS A LOST ART, o primeiro projecto de
RMR, sai esta sexta-feira, dia 12 de Junho, via CMNTY CULTURE/Warner Records. Ontem, o artista mascarado voltou a provar que tem o total
controlo da sua narrativa com a publicação do anúncio do lançamento no seu canal de YouTube.
O cantor chama
Westside Gunn,
Future,
Lil Baby e
Young Thug para completarem a lista de colaboradores creditados no alinhamento. Já se conhecem quatro canções do disco: “
DEALER” e a
remistura com os astros de Atlanta, “
I’M NOT OVER YOU” (com co-produção de
Timbaland) e “RASCAL”,
a sua bombástica carta de apresentação que foi escrita em apenas 15 minutos.
Apesar da sua verdadeira identidade ainda estar no segredo dos deuses, RMR abriu-se em algumas entrevistas,
revelando, entre outras coisas, que
Michael Jackson,
Kanye West, Keith Urban e Craig David foram algumas das suas referências iniciais e que já esteve no estúdio com
Mike Dean.
Em Março, Rui Miguel Abreu
escrevia sobre o tema que garantiu a atenção mediática ao enigmático artista:
“What a time to be alive… abso-fucking-lutely! A Rolling Stone explica num detalhado artigo o que rodeia o hit viral ‘Rascal’, carimbado por um senhor que se identifica (‘identifica’, é como quem diz…) como RMR. Confesso que até ter lido o artigo não fazia ideia de quem eram os Rascal Flatts, um grupo country de Columbus, Ohio, habituado a passear-se nos lugares cimeiros das tabelas de country, mas também na mais mainstream Billboard 200.
O nível de complexas camadas que rodeia ‘Rascal’ é estonteante: um artista mascarado, com colete à prova de bala Yves Saint Laurent e camisola camuflada Off White (preço normal para uma sweat? 600 dólares), rodeado de ‘amigos’ igualmente mascarados (na sua maioria), vários deles em tronco nu, armados até aos dentes (que têm grills de ouro, obviamente), canta em emocional falsete sobre melancólica base de piano, adaptando dois temas country a que os Rascal Flatts deram voz para se queixar de ‘bitches’ que lhe partem o coração e para mandar f*der os ‘boys in blue’, repetindo a frase ‘fuck 12’ com a mesma entrega com que qualquer outro cantor poderia dizer algo como ‘amo-te para sempre’.
Depois de Lil Nas X e de ‘Old Time Road’ é certo que o mundo não voltou a ser o mesmo. Mas RMR – que de acordo com as declarações que fez à Rolling Stone pretende manter-se anónimo e ser uma espécie de ‘Marshmello do hip hop’ — poderá ir ainda mais longe: as armas do vídeo, que até poderiam ser adereços de plástico (embora eu pessoalmente não apostasse nisso), ancoram a estética no gueto. RMR diz que cresceu entre os bairros de Buckhead, em Atlanta, e Inglewood, em Los Angeles, locais muito distantes e distintos das planícies verdejantes por onde deambulam os cowboys que povoam o imaginário do ‘outlaw country’. Juntar tudo isso numa balada sentida, com armas e marcas de ‘haute couture’ (ou ‘aute cuture’, como diria Rosalía…), com identidades escondidas com o típico passa-montanhas que qualquer criminoso de bom gosto usaria num assalto mais informal, enquanto se insultam as forças da autoridade, parece uma amora de escárnio mergulhada numa geleia de ironia.
Das duas uma: ou RMR acorda um dia destes no primeiro lugar do Top Americano ou em Ryker’s Island. Teria graça se se confirmasse a primeira hipótese.”
