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Fotografia: Gonçalo Sarzedas
Publicado a: 01/04/2019

O rapper e produtor apresentou Forever Young aos seus conterrâneos de Almada na noite do passado sábado.

TNT no Fórum Municipal Romeu Correia: Margem de certa maneira

Fotografia: Gonçalo Sarzedas
Publicado a: 01/04/2019

“Margem de certa maneira/ de fazer uma viagem/ de ultrapassar a barreira/ fazer do vento poeira / da ribanceira barragem/ fora da margem de dentro / entre o caule e o rebento/ há sempre um pequeno espaço/ entre movimento e passo/ entre passo e movimento…” As palavras longínquas de José Mário Branco, gravadas nos idos de 1972, antes de letras como essas terem aliás ajudado a transformar este pequeno pedaço de mundo, podem ajudar a entender o concerto com que TNT apresentou Forever Young aos seus conterrâneos de Almada, no Fórum Municipal Romeu Correia, na noite do passado sábado.

Há de facto, na música do homem forte da Mano a Mano, uma missão a cumprir numa margem certa onde as viagens se fazem ultrapassando as barreiras e onde foi possível assim encontrar o seu próprio espaço pequeno dentro do movimento.

Ladeado por Rui Berton na bateria, Pedro Martinho no baixo, Serge Polho nas teclas e DJ Sahid nos pratos, micro unidade de groove capaz de traduzir o boom e o bap numa massa sonora fluída, TNT desfilou temas novos e antigos, com classe veterana e alma eternamente jovem. Ao seu lado brilhou especialmente AMAURA, cada vez mais uma certeza no novo panorama de vozes mais conotadas com uma ideia moderna de r&b. E ainda por cima, confidenciou TNT ao seu público, ela está aí a preparar coisas novas que, julgando pelas “amostras” de “Blues do Tinto” e “Coopero”, executadas a meio do alinhamento, deverão certamente confirmar em definitivo o seu óbvio talento.

Logo a abrir o passeio pela margem que tanto orgulho inspira, TNT teve ao seu lado também Jay Fella, certeiro na forma como se encaixa em “Forever Young” e ele mesmo alguém de quem também esperamos confirmações para as certezas que já guardamos intimamente.

O resto do concerto foi centrado mesmo no homem do leme da Mano a Mano e nem os temas cujas versões originais incluem prestações de Carlão (“Catarse”) ou Blasph (“MS Pride”) sofreram devido às ausências. TNT é um MC de corpo inteiro, clássico na postura que aliás se reflecte no visual — cap, t-shirt, jeans e shelltoes — mas com ouvidos permeáveis ao presente, como se percebe pelo material mais recente em que demonstra ser capaz de encaixar rimas noutro tipo de cadências.

Mas o que resulta claro é a elegância, por um lado, de quem recusa holofotes e fogo de artificio e prefere uma honestidade simples e clara — nas palavras e na música — e a fé numa visão que pode não alinhar com as correntes dominantes, mas que tem ligação com uma ideia de pureza e de essência de que esta cultura não se pode desprender.

Foi assim na margem do lado de lá, uma margem em que há uma certa maneira de fazer as coisas, mano a mano, olhos nos olhos e sempre com um sorriso estampado na cara.


Alinhamento:

“Chuva”
“Forever Young”
“FLOW”
“Foder o Rap”
“Catarse”
“Agarra”
“Mar de Rosas”
“Blues do Tinto”
“Coopero”
“Cultura”
“Chumbo”
“Barras”
– Encore –
“Negação”
“Bola de Cristal”
“MS Pride”


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