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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 31/03/2022

Da Arménia, com jazz. Vezes dois.

Tigran Hamasyan é a primeira confirmação para a edição deste ano do Misty Fest

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 31/03/2022

Em 2022, o Misty Fest faz-se à estrada entre os dias 31 de Outubro e 6 de Dezembro com um roteiro de música ao vivo que cobre várias zonas do país. O primeiro artista revelado pela organização para a agenda deste ano é Tigran Hamasyan, com dois espectáculos marcados, um para o Porto (Casa da Música, 5 de Dezembro) e outro para Lisboa (Centro Cultural de Belém, 6 de Dezembro).

Aos 35 anos, o sólido percurso do pianista arménio assenta em vários prémios ganhos no circuito europeu do jazz e em lançamentos por casas editoriais norte-americanas de renome como a Verve Records (que em 2011 lhe selou o terceiro LP em nome próprio, A Fable) e a Nonesuch Records. É através desta última que a arte de Hamasyan melhor se tem exprimido, cujo catálogo conta já com quatro obras do músico que aborda o género norte-americano de uma perspectiva mais etérea, através de uma metodologia progressivista que o funde à componente matemática passível de se encontrar tanto na folk como no rock.

Foi em 2020 que o instrumentista e compositor inscreveu o seu nome ao lado de gente como Laurie Anderson, Jeff Parker, Sam Gendel ou Ben Lamar Gay nas fileiras da Nonesuch, altura em que deu a conhecer um lado mais visceral de si mesmo com The Call Within, trabalho que fez escorrer tinta azul da caneta de Rui Miguel Abreu numa das suas anotações críticas para o Rimas e Batidas:

“Pegando nalgumas nuances do metal mais progressivo, em modos harmónicos do folclore arménio e, pois claro, na infinita capacidade de invenção do jazz, Tigran Hamasyan consegue em The Call Within cumprir a difícil missão de equilibrar forma e conteúdo, técnica e emoção, rigorosa composição e invenção espontânea. E é esse delicado equilíbrio que de facto agarra quem escuta The Call Within, disco que parece ser igualmente capaz de evoluir com fluidez em tempos rítmicos impossíveis, daqueles que causam calafrios a estudantes de música, mas também de viver de um pulsar emocional muito humano, expresso nas melodias, nas dissonâncias atonais, nos intervalos dos ritmos, na beleza harmónica que sustenta cada uma das ideias. Sim, The Call Within pode ser escutado com metrónomo, lápis e caderno de notas ao lado. Pode ainda ser apreciado com o corpo a tentar encontrar o lugar nos grooves matematicamente avançados que nos propõe. Mas também tem matéria para o espírito, produto natural de um artista que se inspira na poesia, na contemplação dos mapas e nas lendas que o folclore cristão e pré-cristão da Arménia resguardou como sinais fundos de identidade.”


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