Suzanne Ciani e Violeta Azevedo apresentam-se em evento organizado pela Nariz Entupido a ter lugar na Igreja de St. George, em Lisboa, dia 16 de Setembro às 21h30 — local este de boa memória para Azevedo, onde fez a sua estreia a solo em 2017. As entradas para o espectáculo custam 15 euros.
Pensar na música de Suzanne Ciani é ouvir os alvores da música electrónica experimental enquanto descobrimos o que ainda nos reserva desde o espaço criativo. É um certo futuro ancestral a revelar-se. Ciani tem uma trajectória de décadas de experimentação sónica em torno da linguagem fascinante dos sintetizadores modulares, onde desde cedo se relacionou com os fundadores de maquinaria sonora autómata como John Chowning, Max Matthews e Don Buchla. Foi, aliás, dos modulares Buchla que se ocupou imensamente durante décadas segundo o principio de que o sintetizador deve seguir o seu próprio rumo como instrumento. Voltou-se, entretanto, mais para a instrumentação dita clássica depois de ir assistindo à perda identitária em muitos desses artefactos musicais.
Da flautista Violeta Azevedo vamos ouvindo novas paisagens despoletadas da flauta transversal processada aos seus pés descalços nos tapetes de pedais modeladores. Além do seu percurso crescente a solo, faz-se ouvir como parte do alargado Septeto Interregional e conta com várias outras colaborações, das quais se destaca aquela ocorrida com Félicia Atkinson no festival Semibreve em 2022. Em tempos, Azevedo confessou ter por “heroína uma das deusas da síntese modular e da library music, Delia Derbyshire”.
Com isto, a ligação entre Suzanne Ciani e Violeta Azevedo enche-se de um relevante propósito, num presente que as ligará a um certo futuro a desvendar-se muito em breve.