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Fotografia: Guilherme Cabral
Publicado a: 01/07/2023

Na estreia do novo recinto na Costa da Caparica.

Sumol Summer Fest’23 — Dia 1: ao ritmo de ProfJam e Popcaan

Fotografia: Guilherme Cabral
Publicado a: 01/07/2023

O festival mais jovem do país regressou para mais um ano de música, mas numa nova localização. Da Ericeira, o Sumol Summer Fest deslocou-se para a margem sul do Tejo numa mudança que completa a renovação de que tem sido alvo este festival. Afinal, também o género de música praticado pelos artistas do cartaz confirma, ano após ano, uma ligeira mudança do ângulo que tem vindo a acompanhar o mercado, e o festival que há 10 anos se focava sobretudo no reggae parece agora dar prioridade ao hip hop.

Continuando as comparações com as edições anteriores, e apesar dessa tal renovação do certame, parece mesmo ter havido algum desinvestimento, ou não houvesse nesta edição apenas um palco e cerca de metade do cartaz da edição de 2019, por exemplo. Mas se há algo que não mudou pode dizer-se que é o espírito, e o Sumol Summer Fest continua a atrair jovens de todo o país num regime de acampamento musical, para aqueles que pelo menos vão pondo a cabeça de fora.

A nível musical podemos dizer que os destaques do primeiro dia foram os artistas nacionais, ainda que o jamaicano Popcaan fosse o cabeça de cartaz do único palco montado no recinto.



Bárbara Bandeira pode ainda não ter relações musicais demasiado estreitas com o hip hop, mas começa a confundir-se com o género em matéria de espetáculo em atuação ao vivo e é já um daqueles fenómenos capazes de arrastar o seu público para qualquer ambiente. Neste caso, o primeiro dia do Sumol Summer Fest teve as primeiras horas repletas de famílias que compuseram a plateia enquanto os “verdadeiros festivaleiros” iam chegando e arrumando as trouxas a um canto.

“Ride”, tema que pertence à discografia de Mike11 serviu para dar início à viagem de cerca de 45 minutos pela discografia da cantora e deleitou os fãs dos seus êxitos mais recentes, à semelhança de “Cidade”, música que partilha com Bárbara Tinoco. Daí para a frente, revisitou-se a obra mais antiga da artista perante uma plateia que sabia mais letras do que por aqui se julgava. “Nem Sequer Doeu” foi um desses temas ao qual juntou “A Última Carta” (escrita pelo “melhor amigo”, Agir), “Nós os Dois” ou mesmo “a primeira música que escreveu em português” – “És Tu”. Mas o ponto alto foi mesmo o tema “Como Tu”, que levou Ivandro ao palco para deleite de todos os presentes.



Aya Nakamura foi a grande revelação da noite de abertura do Sumol Summer Fest, que começava a arrefecer com o pôr-do-Sol, mas apenas até à entrada da artista em palco. Com apenas um dia de descanso depois do concerto que deu em Portimão, no Afro Nation, a cantora de origem francesa mostrou-se em boa forma e trouxe à Costa da Caparica os principais temas da sua discografia mais recente.

Foi recebida entusiasticamente pelo público, que mal conseguiu acompanhar as letras devido à obvia barreira linguística, mas desde cedo no concerto deixou perceber a diferença colossal a nível técnico para com quem lhe antecedeu. Do nada, e perante condições semelhantes sem ser a luz do sol que entretanto se pusera, o vento constante e a poeira deixaram de ser um problema acústico. Entre concertos, passou a ser possível perceber cada batuque das duas unidades de percussão e as vozes quer de Aya e das duas cantoras que a acompanharam. 

Também os 4 bailarinos fizeram a diferença num palco que parece feito à medida do formato e não deixa 1 metro quadrado desaproveitado. À encenação do espetáculo somamos a voz incrível de Aya e uma presença de palco que a deixar conectar-se com o publico apesar das poucas palavras dirigidas à plateia.

No final de contas, uma hora de concerto serviu para ouvir os principais temas da francesa, com destaque para “Copines” e, claro, “Djadja”, que fizeram até os menos dados às línguas tentar o melhor do seu francês.



Chegou cerca de 15 minutos depois da hora e reuniu aquela que provaria ser a maior plateia e o principal concerto da noite. Em cima do palco, ProfJam apresentou-se sem músicos ou sequer um DJ visível para confusão dos mais atentos. Em vez do habitual formato, o rapper de Telheiras estreou um novo espetáculo com 7 bailarinos e um vasto e dinâmico conjunto de vídeos e pirotecnia que parecia prometer desde o primeiro tema.

Apesar de ter álbum novo, a setlist que ProfJam levou à Caparica incluiu trabalhos tão antigos quanto Mixtakes e trouxe novos arranjos para temas como “Queq Queres” e “Minha”, que apenas se tornaram reconhecíveis pela letra. Ainda assim, foi “Azteca” que serviu para abrir o concerto e demonstrar os dotes de dança dos vários dançarinos, mas também de Mário Cotrim que alinhou em coreografias bem ensaiadas, que acrescentaram uma dimensão teatral ao que se esperava que fosse “mais um” concerto de hip hop.

E se ao inicio o palco vazio sugeria uma atuação aborrecida, isso não se comprovou. Afinal, o espaço era mesmo necessário para que os 7 bailarinos de técnica contemporânea pudessem pisar o palco em simultâneo algumas vezes, já que se iam revezando entre músicas com passos de dança minuciosamente coordenados com o próprio MC, acrescentando uma nova camada que não se esperava de um espetáculo deste género. Acreditem, não foi so uma performance musical.



Como esperado, a noite encerrou com a atuação do jamaicano Popcaan numa espécie de “remember” do Sumol Summer Fest de outros tempos, com aquele sabor a reggae. Afinal, este é o único nome desta edição ligado ao género e é uma presença de peso dada a reputação do próprio e a afiliação à OVO de Drake, com quem tem várias colaborações.

No alinhamento, o jamaicano entregou-nos uma composição cosida com remendos de alguns dos seus temas mais tocados nas plataformas digitais — a maioria colaborações que aqui não tiveram direito a convidado e acabaram reduzidas a 60 ou 90 segundos — e faixas do novo álbum lançado este ano, Great Is He.

Entre os principais destaques da atuação haverá espaço para recordar uma curta versão de “Weed Is My Best Friend” (uma favorita dos festivaleiros mal apanharam o refrão), “Barbie Dolly” ou “Way Up”. E com tantos atalhos nas músicas interpretadas houve mesmo tempo para emprestar a Suspect OTB: o rapper britânico e afiliado de Popcaan já tinha marcado presença num concerto do jamaicano em Londres, em Maio deste ano, e voltou a subir ao palco para nos mostrar um par de temas do seu mais recente álbum, TrillVille.

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