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Publicado a: 25/06/2016

Sumol Summer Fest: noite de firmar créditos num festival à procura de identidade

Publicado a: 25/06/2016

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Sara Coelho

 

A chegada ao recinto do Sumol Summer Fest, na Ericeira, proporcionou uma conclusão rápida: o público adolescente continua a ser o target para um festival que parece perdido entre uma transição de géneros e a denominação de “Sudoeste dos Pequeninos” parece cada vez mais acertada, servindo como uma espécie de iniciação para festivais como SBSR, NOS Alive ou MEO Sudoeste. O tempo não ajudou à festa, mas nomes como Regula ou Nigga Fox elevaram-se no meio de um firmar de créditos de artistas já bem conhecidos do público português.

A hora de começo do concerto foi escrupulosamente cumprida por Regula e às 21:05h já tínhamos o palco tomado pela sua equipa. Holly Hood – que lançou recentemente O Dread Que Matou Golias – e DJ Kronic foram os companheiros para uma hora de clássicos que passaram por Gancho, Casca Grossa ou canções como “Kara Davis”. A maior surpresa acabou por ser a forma como se apresentou: formato de hip hop clássico, sem a banda que já o acompanhou em diversos concertos.

 



A promessa de convidados na entrevista com Rui Miguel Abreu foi cumprida e o primeiro esteve sempre no palco: Holly Hood. O rapper da Linha de Azambuja rimou “Cobras e Ratazanas”, uma das grandes malhas de 2016, e – mesmo com algumas falhas de memória – aproveitou a oportunidade para se apresentar a um público que, apesar de não ser o seu, já tinha o refrão na ponta da língua. A atitude de street patenteada ao longo do concerto por Regula e Holly Hood deu lugar a um momento de acalmia no meio da tempestade. Fábia Maia, a responsável por esse momento, tem vindo a conquistar um número de seguidores assinalável e Regula convidou-a para vir mostrar o seu medley fantástico de “Nívea” e “Toni Do Rock”. Momento solene no recinto do Sumol Summer Fest, a premiar uma voz e sensibilidade musical que, neste momento, só precisa de se emancipar das covers que vai colocando no seu Youtube.

 



O ponto alto seria a entrada de Samuel Mira. “Gana”, “Langaife” e “Solteiro” foram as faixas que compuseram o mini-concerto dentro do concerto principal e proporcionaram momento de exaltação na Ericeira. O público reagiu e, apesar de a audiência ser visivelmente jovem para ter andado a rodar Pratica(mente) de forma incessante aquando do seu lançamento, é incrível a forma como se foi entranhando no universo musical português, de tal forma que seja impossível ser-lhe indiferente. Irrepreensível a entregar a sua parte em cada música, Sam The Kid saiu em estado de graça da Ericeira.

Saímos do Catujal para Harlem, Nova Iorque. Azealia Banks foi a artista que se seguiu e se a música dela dançava no limbo entre o aceitável e o insuportável a Ericeira foi o palco para confirmar que aceitável não encaixava na descrição do que vimos. E o início até foi o melhor. O baterista ao lado do DJ permitiu outras dinâmicas que prometiam um concerto diferente, mas a cantora/MC (?) mostrou uma apetência para se ligar a uma sonoridade mais EDM que tornou o concerto mais próximo de um ambiente vivido num espectáculo de Calvin Harris do que propriamente num evento hip hop.

O palco principal deu lugar ao Sumol Remix Sound Academy e às sonoridades electrónicas com sangue global. A bass music embrulhou-se com a ciência rítmica e ninguém conseguiu ficar parado quando solicitado a dançar pela música – o que aconteceu sempre. Nigga Fox mostrou o porquê de ser um dos DJs portugueses mais requisitados lá fora e demonstrou ao público que não o conhecia que não é um engano: a “Batida de Lisboa” está cá para ficar. No meio da panóplia diversificada que pontuou o seu set, é importante realçar o remix de Hotline Bling que ressoou nas colunas. Quando é que estará disponível para todos ouvirmos em streaming?

 



A noite já ia longa e era altura de voltarmos ao Palco Sumol. Gabriel o Pensador foi o nome responsável por fechar a festa no maior palco e esteve bem à sua maneira: activista social, seguro e um belo contador de histórias. A banda que actuou com ele elevou-o a outro nível e mostrou que qualquer concerto de hip hop só ganha quando o MC se apresenta com esta disposição em palco. A repetir a fórmula de 2012 – sem álbum lançado desde essa altura -, Gabriel o Pensador foi um representante fiel da imagem de histórico do hip hop lusófono que lhe é associada. A cover de “Three Little Birds” foi um marco no concerto onde o reggae continua a suscitar as maiores reacções. O primeiro dia estava acabado e o segundo dia dará lugar a um cartaz mais hip hop, pelo menos no que toca ao Sumol Remix Sound Academy.

 


 

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