Daniel Neves, aka MMMOOONNNOOO, foi o produtor português escolhido pela plataforma internacional Red Bull Music Academy para representar o nosso país em Tóquio durante a edição de 2014. Por outro lado, Ghost Wavvves é um produtor associado do colectivo Monster Jinx (já leram a entrevista que lhes fizemos?). O encontro de ambos deu-se no espaço virtual da internet, o mesmo espaço onde nasceu o projecto que aqui se avança, em estreia absoluta: Stand Alone Complex é a desinação escolhida. E Daniel Neves o porta voz que, em discurso directo, desvenda tudo o que importa desvendar sobre este primeiro resultado de uma cumplicidade que ainda agora se começa a desenhar:
“Começámos por trocar umas mensagens online, eu (MMMOOONNNOOO) tinha regressado há pouco tempo de Tóquio, da RBMA, e o Ghost Wavvves entrou em contacto comigo. Começámos por falar dessa minha experiência e de como o Japão está esteticamente ligado ao imaginário futurista, e à cultura anime e de video-jogos (bastante presente na música dele). Dai começámos a falar de música, a trocar referências, a discutir animes – a parte mais geek ahaha – e a certo ponto começámos a falar em fazer uma colaboração, ligar os nossos dois universos sonoros e explorar estes gostos em comum.
“Stand Alone Complex” foi o nome que surgiu – na realidade foi a última coisa de todas a surgir, já depois de o vídeo estar fechado – mas já a meio do processo que sabíamos que o nome ia andar à volta deste imaginário japonês futurista/ficção e do Ghost in The Shell. “Stand Alone Complex” foi o nome eleito. Também pela temática e pela dicotomia implícita entre a máquina e o ser humano.
Sonoramente queríamos arriscar um bocado e explorar sonoridades onde não costumamos navegar. No meu caso (MN) jogar com os beats do GW; no caso do GW poder trabalhar sobre as minhas texturas. E começando daí foi um bocado um jogo de ping-pong. Comecei por criar uma cama de texturas que passei para ele; ele trabalhou por cima criando alguns beats que rebateu para mim. Repetimos este processo até chegar ao som final. Houve algumas versões e sons que foram ficando pelo caminho até chegarmos a esta versão final. Que ainda que, de certo modo, nos seja estranha (no bom sentido) é, ao mesmo tempo, do agrado dos dois. E no sentido de uma colaboração não poderíamos estar mais satisfeitos, pois achamos que o som não se relaciona a 100% com nenhuma das nossas sonoridades (individualmente) mas é um mix prefeito dos dois universos.
Após a faixa estar finalizada, começámos a discutir como iríamos lançar, visto ser só uma faixa, e pensámos ‘porque não fazer fazer um video?’ Rapidamente surgiu a ideia de um busto em 3D, de um robô/humano. Em parte porque vinha como referência deste imaginário anime/futurista japonês, em parte também impulsionado pelos samples de voz que utilizámos. E dai foi criar um vídeo, que vive mais do lado visual e acompanhamento do ritmo. Algo que vive entre um videoclipe e um trabalho de visuais para live. Convidei um amigo meu que faz modelação 3D – João Salreta – (também ele adepto das temáticas e inspirações desta música) e depois eu montei o vídeo.
Todo este processo de criação musical e video foi feito sem nunca nos termos conhecido pessoalmente, (MN e GW) o que veio a acontecer só no final de tudo, quando o video já estava terminado e o GW veio tocar a Lisboa. Tudo graças ao chat do Facebook, a “rede” tão abordada no Ghost in The Shell – Stand Alone Complex”.