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Texto: Paulo Pena
Fotografia: André Curto
Publicado a: 20/12/2021

Dias de glória.

Soul Providers: “A capa d’A Celebração é uma demonstração de maturidade e crescimento”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: André Curto
Publicado a: 20/12/2021

Em Julho deste ano, aquando do lançamento de VERO, os Soul Providers previam um novo projecto ainda sem data definida. A Celebração — o quarto disco dos SP — chegou a tempo do advento das listas do ano para baralhar as contas já fechadas.

A dupla de produtores formada por Crate Diggs e RakimBadu voltou a contar com a valiosa prata da casa para um trabalho também ele dividido em duas partes. Numa edição física ainda a caminho podemos encontrar um CD duplo: o primeiro reúne alguns “clássicos” — nas palavras de Crate Diggs, que falou ao ReB em nome do duo — já editados, e ainda dois temas exclusivos; o segundo é composto por oito faixas inéditas, com participações de Ray, Tee Ace, Vorm e DJ Rill, e encontra-se disponível nas plataformas de streaming.

Com quatro trabalhos em pouco mais de dois anos, os Soul Providers têm motivos suficientes para celebrar, mas mais ainda para nos entusiasmar. Ainda têm muita alma para dar…



Este novo álbum, como o próprio nome indica, é uma celebração do vosso primeiro projecto, And All That Jazz, lançado em 2019; mas queria começar por uma outra ligação que me saltou logo à vista: a capa tem uma estética paralela à do vosso segundo álbum, o Percepções, e foram ambas feitas pelo André Curto. Na primeira vemos um espelho a reflectir uma maçã e na segunda há todo um banquete de frutas. Há por aqui um salto lógico do segundo para o quarto disco?

Tirando o EP VERO, todos os nossos projectos tiveram o artwork do grande André Curto, que por imagens tentou transmitir a nossa evolução como beatmakers e produtores. Esta capa, para além de ser uma celebração, é uma demonstração de maturidade e crescimento… A passagem de uma simples maçã para um banquete reflecte o nosso hustle desde 2018 (como duo) e o reconhecimento e respeito que temos recebido.

Este trabalho concretizou-se num disco duplo, algo que hoje é cada vez menos usual no alinhamento de um álbum. Porque é que fizeram questão de dividir o projecto em dois, entre uma primeira parte com uma selecção de músicas já editadas por vocês e uma segunda com inéditos?

Desde 2018, temos criado grandes temas, e muitos desses temas não chegaram a ter direito a formato físico. Por isso, sentimos a necessidade de fazer um CD 1 com alguns dos nossos melhores temas, os nossos “clássicos”. Contém também skits, com a participação do Darksunn, e dois temas exclusivos. O CD 2 é composto por temas inéditos, não fazendo assim sentido para nós ter estas faixas no mesmo CD com as músicas já lançadas.

Qual foi o critério de escolha para os temas seleccionados no primeiro disco?

No CD 1 escolhemos os temas que, tanto para nós como para o público, achamos terem tido mais impacto. Não tivemos em conta as faixas do EP VERO, por ser um projecto recente.

Podem avançar os nomes das duas faixas que vão estar apenas disponíveis na edição física? Há mais alguém envolvido nesses dois temas exclusivos?

Como faixas exclusivas do CD 1 temos a remistura do tema “Marginal”, feita pelo DJ e produtor Young Boda, um remix pronto para animar muitas discotecas, bares, casas, etc.. O outro tema é um instrumental criado em 2018/2019, mas nunca lançado oficialmente. O seu nome, “SexySade”, pode dar muitas ideias…

Há um som específico, uma espécie de um címbalo, que atravessa o disco e que remete para um ambiente oriental, ligado às artes marciais. Era esta a vossa ideia? Que textura quiseram imprimir no álbum através desse instrumento pontualmente assinalado?

Esse som específico começou por ser a marca de água do RakimBadu, tendo depois passado a ser a marca de água de Soul Providers. Podem encontrar esse som no início de todos os instrumentais de Soul Providers, mas sempre de maneira diferente, umas vezes mais ou menos intenso, outras vezes com reverb ou delay… Neste projecto esse som foi quase sempre feito com mais delay e reverb, às vezes em forma de eco, porque o ambiente destes temas inéditos do CD 2 estavam a pedir algo um pouco escuro, misterioso e calmo…

A última vez que falámos foi a propósito do VERO, o vosso terceiro álbum, lançado também este ano, em Julho; e nessa altura questionei-vos sobre a possibilidade de virem a fazer na Margem Sul algo semelhante ao que o Keso fez com a Sinceramente Porto. Acerca disso, diziam-me que essa ideia estava em mente, mas que poderia demorar algum tempo, e apontavam ainda para uma série de nomes com quem contavam trabalhar de perto, um “círculo” próximo que reunia gente como a Silly, o Ray e o Vorm (membros dos De la Calle), o E.se, o Krayy, o Raul Muta, e o Mura. A verdade é que neste álbum quase todas essas pessoas estão presentes. Essa ideia está mais perto de se materializar, a começar por esse “círculo”?

Nós queremos continuar a trabalhar e ajudar os nossos, aqueles com quem temos trabalhado quase desde o início. Ainda falta trabalhar com muitos excelentes artistas. Algo como o que fez o Keso não está para já no nosso pensamento; temos mais vontade de fazer álbuns colaborativos apenas com um artista. Semelhante ao que tem feito o produtor Apollo Brown.

Houve participações a ficar de fora deste projecto, ou todos os convidados foram pensados de raiz para o álbum?

Os convidados não foram pensados, aconteceu tudo de maneira muito orgânica. Por exemplo, só num dia tranquilo de convívio, em casa do Crate Diggs, foram preparados e gravados os temas com o Ray e o Tee Ace.

Em Julho previam um novo projecto sem data definida, e agora fecham o ano com este A Celebração. Já há planos para o vosso quinto trabalho, a sair, possivelmente, em 2022?

Na nossa mente, 2022 vai ser um ano muito produtivo. Estamos a finalizar dois, três álbuns colaborativos, com apenas um artista para cada, tipo Apollo Brown ou The Alchemist. Se tudo correr bem, 2022 vai ser também o ano em que conseguimos lançar um álbum de Soul Providers em formato vinil.


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