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Umas mais viradas para o rap, outras oleadas com suores funk ou até mesmo declaradamente apontadas às pistas de dança dos maiores clubes. Todas os tipos de batidas merecem o nosso apreço e hoje surgem aqui em regime de buffet — há 6 pratos à escolha e podem repetir as vezes que quiserem.
Caso não saiam de barriga cheia, podem ainda provar o que cozinharam João Não & Lil Noon (Acústico), Júlio Pereira (Rasgar), Freddy Locks (Infinite Roots), Actress (Statik), Homeboy Sandman (Rich II), Thys (Eigenwise), Mary Ocher (The Rubaiyat Medley (parts I-III)), Elkka (Prism of Pleasure), DJ K (O Fim!), Iceboy Violet (You Said You’d Hold My Hand Through The Fire), RAYE (Genesis.), Heavee (Charged Up), Maluma & Blessed (1 OF 1), Charli XCX (BRAT), Angélica Garcia (Gemelo), Peggy Gou (I Hear You), Clara La San (Made Mistakes), Emma DJ (Lay2g), Nduduzo Makhathini (uNomkhubulwane), Gafacci & Sam Interface (Public Information), Tashi Wada (What Is Not Strange?) e Bad Boys: Ride Or Die Soundtrack.
[Yuri NR5] PELE & OSSO
Um dia bom pode muito bem resumir-se ao darmos de caras com o lançamento surpresa do projecto de estreia de um dos mais enigmáticos artistas portugueses da nova geração ao acordar. Yuri NR5 apenas contava com umas poucas faixas editadas desde 2019, quantidade suficiente para se ter tornado de forma imediata num nome de culto da nossa praça que deixou especial saudade após, em 2020, nos ter levado a “São Paulo”. Nos últimos três anos o rapper e cantor manteve-nos a passar fome, acusando apenas o lançamento de “Diva” em 2022. Depois do videoclipe para “G-$TAR” ter sido ontem libertado, voltou hoje com o EP — o seu primeiro — do qual a canção faz parte. PELE & OSSO é uma amostra curta (de apenas 16 minutos) para quem já mexe com tantos corações, mas funciona como um cantil de água em plena travessia do deserto. São 5 temas produzidos por Chaylan, Lunn ou Kidonov que vão do trap mais gélido à introspecção pela via do R&B.
[KAYTRANADA] TIMELESS
Podíamos recuar quase 10 anos no tempo para voltar a escutar “At All” com o mesmo entusiasmo de quando o escutámos pela primeira vez. É caso para dizer que uma das qualidades presentes na música de KAYTRANADA é a sua intemporalidade e, por isso, a escolha deste termo em inglês para o título do seu terceiro álbum a solo é mais do que justificada. Em TIMELESS, o produtor canadiano mostra uma versão ainda mais sofisticada da sua electrónica de dança com aproximações ao hip hop e ao R&B e, tal como aconteceu em discos anteriores, vem recheado de convidados — Anderson .Paak, Don Toliver, Thundercart, PinkPantheress e Rochelle Jordan são apenas alguns deles.
[Tems] Born In The Wild
Tems já aí anda há alguns anos e são bastantes os sucessos que tem sob a sua alçada, seja pelos EPs For Broken Ears (2020) e If Orange Was A Place (2021), pela entrada na banda sonora de Black Panther: Wakanda Forever ou até devido às colaborações que tem vindo a trilhar com artistas como Future, Drake, Wizkid ou Beyoncé. A cantautora e produtora de Lagos, Nigéria, chegou hoje ao primeiro registo de longa-duração com este Born In The Wild, um fiel retrato àquilo que pode ser visto como R&B contemporâneo em todo o seu esplendor, graças a fusões com afropop, highlife, amapiano, neo-soul e até hip hop. São 18 faixas que atiram Tems para um patamar de destaque na alta roda da música e que comprovam o poder da sua voz, que se escuta a solo em quase todo o disco — J. Cole e Asake são os únicos nomes a surgir na parca lista de featurings.
[L’Impératrice] Pulsar
Vimo-los ao vivo no ano passado no Super Bock Super Rock e facilmente colocamos a sua actuação como uma das melhores de toda aquela edição do festival. A mestria deste sexteto francês na abordagem cósmica e intergalática ao funk e à disco facilmente conquistam qualquer corpo que se alimente de groove e o seu novo Pulsar é mais um belo showcase de baixos gordos, teclas sonhadoras e arrojados arranjos de cordas. No terceiro álbum de originais de L’Impératrice, a banda conta ainda com a companhia de Maggie Rogers, Fabiana Martone e até Erick the Architect em alguns dos 10 temas do alinhamento.
[Ski Mask The Slump God] 11th Dimension
Desde que surgiu em cena há cerca de 10 anos ao lado de XXXTENTACION, Ski Mask The Slump God rapidamente se assumiu como um rapper de estilo, flow e rimas diferenciadas, virando para si muitas das atenções quando o trap estava na berra e a gerar novas super-estrelas a uma quantidade absurda. De talento em estado bruto a produto refinado de alta qualidade, o MC do estado da Florida rubricou o primeiro trabalho, Stokeley, em 2018, e deixou-nos com água na boca até ao dia de hoje. Após 6 anos a surgir a espaços em músicas de Danny Towers, Trippie Redd, DJ Scheme ou JID e com uma mixtape pelo meio, Ski Mask The Slump God volta a servir os seus fieis seguidores com raps endiabrados e batidas desconcertantes ao longo de 21 faixas.
[Joey Valence & Brae] NO HANDS
Queremos acreditar que Adam “MCA” Yauch estará neste momento a bater palmas de orgulho no seu túmulo. A história dos Beastie Boys terminou cedo de mais com a morte de um dos seus elementos nucleares em 2012, mas o legado ficou por aí para que Joey Valence & Brae pudessem pegar e reformular a clássica sonoridade do grupo que, com a ajuda de Rick Rubin, fundiu o hip hop ao punk de forma bem lúdica. Os devaneios musicais desta dupla de Pensilvânia, que se estreou com o LP PUNK TACTICS no ano passado, vieram para ficar e conquistaram até a atenção de Danny Brown, o convidado mais sonante neste seu segundo NO HANDS.
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