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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/11/2025

Um pouco de tudo.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de ROSALÍA, Armand Hammer & The Alchemist, Danny Brown ou Sessa

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/11/2025

Se precisavam de uma desculpa para se tornarem musicalmente elcéticos, podem começar já a dissecar os 13 discos que compilámos ao final de mais uma semana na redacção do Rimas e Batidas. Da pop espanhola à portuguesa, do rap tuga ao americano, da música popular brasileira à electrónica: não faltam ingredientes nesta receita sonora bem plural.

Se a chuva vos estragar os planos para os próximos dias e ficarem retidos em casa, que não vos falte companhia para a audição com o que também lançaram Vitorino (50 anos a Semear Salsa ao Reguinho), Denise (Mogno), Lisa Sereno (Belonging), Van Sophie (Para Além dos Coros), Nayela (SILENCE), Satiro (Pequenos Gigantes), YUNGVICY (5ESTRELAS), Flwr Chyld (InsydeOut), Shungu (Faith In The Unknown), Otis Kane (Love is Alive), Bun B & Cory Mo (Way Mo Trill), Domo Genesis & Graymatter (SCRAM!), REASON (Everything In My Soul_BLUE), Yukimi (Yume), Helado Negro (The Last Sound on Earth), Juana Molina (DOGA), Young Miko (Do Not Disturb), Grave Ives (Singles), Alemeda (But What the Hell Do I Know), BunnaB (Sweet Lick), Mavis Staples (Sad and Beautiful World), Charlotte de Witte (Charlotte de Witte), dexter in the newsagent (Time Flies), Joey Purp (Alaska), Heems (A Hundred Alibis), Sarathy Korwar (There Is Beauty, There Already), Aaron Parks (By All Means), Clark (Steep Stims), Jim Jones (The Fall Before the Rise), Sam Gellaitry (ANYWHERE HERE IS PERFECT), Sorry (COSPLAY), Khruangbin (The Universe Smiles Upon You ii), Amir ElSaffar (New Quartet Live at Pierre Boulez Saal), COLA REN (Mekong Ballad), INSECT LIFE (INSECT LIFE), Kali Malone & Drew McDowall (Magnetism), Wata Igarashi (My Supernova) e Debit (Desaceleradas).


[ROSALÍA] LUX

ROSALÍA é uma daquelas artistas que não se saciam apenas com um lugar de estrelato. A sua carreira descolou à boleia de reinvenções do flamenco, aproximou-se da pop mais concreta em MOTOMAMI e agora muda completamente o rumo ao seguir viagem pelos caminhos da clássica neste LUX, criando um conjunto de músicas que não deixam de ser acessíveis aos ouvidos menos exigentes, mas certamente recompensam os aparelhos auditivos daqueles que se querem deixar imergir num disco e decifrá-lo camada a camada. Temas como amor, religião e feminismo vão tingindo as letras contidas nesta nova epopeia de ROSALÍA, que vem cantada em mais de dez línguas diferentes — do espanhol ao ucraniano e japonês, passando até pelo português em “Memória”, dueto que protagoniza ao lado de Carminho. London Symphony Orchestra, Björk, Sílvia Pérez Cruz, Yves Tumor, Pharrell Williams, Noah Goldstein e o habitual parceiro El Guincho são alguns dos muitos nomes que compõem a ambiciosa ficha técnica do trabalho hoje editado pela cantora catalã.


[Armand Hammer & The Alchemist] Mercy

“Jazz hat like Laraaji / (…) Grandmaster Flash gave me a job”. É logo nas primeiras “barras” de Mercy que E L U C I D nos dá uma possível solução para o labirinto sonoro que tem pautado a sua carreira e a de billy woods, que juntos respondem por Armand Hammer. Os dois MCs têm demonstrado ao longo dos anos que é possível ser-se experimental dentro do hip hop sem nunca se esquecerem das raízes da cultura, e têm-no feito como ninguém através de uma série de discos que são autênticas pérolas para os amantes do liricismo clínico e do beatmaking mais arriscado. E este novo Mercy dá continuidade não apenas a essa jornada do par, mas também a uma colaboração que se iniciou em 2021 com Haram, onde uniram esforços pela primeira vez com o não menos impactante The Alchemist. Mais um clássico do rap a ver a luz do dia neste ano de 2025.


[Danny Brown] Stardust

“I put my lifetime in between the paper lines / Every album is a chapter, when I die that’s life after”. É também à primeira música do seu mais recente projecto que Danny Brown nos dá uma visão geral da sua arte e aqui, em Stardust, o primeiro disco que criou 100% sóbrio, mostra-se numa forma completamente nova, provavelmente fruto do quão clara a sua visão artística se tornou após ter conseguido deixar de depender de substâncias. Sim, Stardust tem momentos daquele rap irrequieto a que Brown sempre nos habituou, mas representa mesmo um novo capítulo na sua longa obra pela forma como abraça novas sonoridades — há laivos de hyperpop, EDM e até folk no sucessor de Quaranta. É pela Warp Records que o LP hoje nos chega, apetrechado com contribuições de Jane Remover, Quadeca, underscores ou até do português Holly.


[Sessa] Pequena Vertigem de Amor

A paternidade fez a vida de Sessa abrandar e a criar raízes após uma longa temporada em que andou “ao sabor do vento” — ou da música, neste caso. Ao terceiro álbum, esse sentimento de Pequena Vertigem de Amor veio ao de cima e fê-lo pintar algumas das melhores paisagens musicais que conseguiu até ao momento, abraçando a MPB de sempre, mas abrindo espaço ao lado mais solar e luxuoso da soul e do jazz. É música capaz de aquecer corações em nove actos, novamente a contar com o selo da nova-iorquina Mexican Summer.


[BLEID] Medusas

O título pode enganar, já que encarar a música de BLEID “olhos nos olhos” não transforma ninguém em pedra. Antes pelo contrário: Medusas convida a uma dança desenfreada sob os ritmos das várias vertentes que cabem dentro da cena rave, feitos de batidas aceleradas que, ainda assim, também conseguem abrigar momentos de alguma contemplação sonora e activismo político, nem que seja ao acrescentar “f r e e p a l e s t i n e” ao título de um dos temas. A edição é da lisboeta Discos Extendes e a capa ficou ao cargo de Conhecido João.


[Peculiar] E NO SÉTIMO DIA DEUS CRIOU

É recorrendo à mitologia popular portuguesa que Peculiar procura dar resposta às sombras que tingem o nosso presente. E NO SÉTIMO DIA DEUS CRIOU é o segundo EP do artista que tem criado novas tendências dentro do cenário pop nacional e vem munido de oito faixas, todas elas com mão da dupla que dirige os estúdios Cozy na produção, eles que, artisticamente, respondem por 10/16 e surgem como convidados em “LOBISOMEM”. No alinhamento saltam ainda à vista “DEUS”, uma colaboração com Berlok, e “ADAMASTOR”, proposta que trouxe para a competição do Festival da Canção deste ano.


[BLK ODYSSY] MOOD CONTROL

Entre crises existenciais e corações partidos, BLK ODYSSY volta a mostrar-nos o verdadeiro poder do R&B na presente era digital, já feito em contextos de pós-trap e pós-drill. Há linhas de baixo bem gulosas e breaks de bateria que parecem vir de discos poeirentos no decorrer das 10 faixas aqui compiladas no mais recente disco de um dos projectos que melhor representam a tradição afro-americana na indústria fonográfica, BLK ODYSSY, que é encabeçado pelo rapper e cantor Sam Houston. Se procuravam por medicação para ajudar a balancear os níveis de humor, está aí MOOD CONTROL.


[O Partido] Porta, Cima, Baixo, Palco, Púlpito

Como um cheat code, Porta, Cima, Baixo, Palco, Púlpito é a combinação de teclas que O Partido executa no controlador da indústria em mais um álbum. Pode não gerar dinheiro infinito no grande jogo da vida, mas pelo menos rende rimas à fartazana para o par formado por Uno e João Pestana, que nos proporciona 50 minutos de rap sem falas mansas e que se recusa a ignorar quaisquer elefantes presentes na sala. E como qualquer bom partido, este nunca se faz de apenas duas vozes: Benny Broker, Jorge Agosto, Valada Shz e Geta são alguns dos convidados a prestar depoimentos.


[Russian Library] DEPOIMENTOS DO FUTURO: Investigations on Portuguese Underground Hauntology

São mais de três dezenas de escultores sonoros reunidos numa nova colectânea com selo da Russian Library, incluindo contribuições de gente como Clothilde, Ondness, Vuduvum, PMDS, Calcutá, Marlene Ribeiro, António Caramelo e Alexandre Centeio. A editora lisboeta descreve o projecto como um puzzle de 38 peças que, juntas, ajudam a dar forma a um possível mapa da fantasmagórica música experimental que flui nos subterrâneos portugueses.


[St. Panther] Strange World

Strange World representa um aguardado regresso por parte de uma artista que se havia eclipsado nos últimos anos. Após o silêncio editorial que se foi fazendo notar no pós-These Days (2020), St. Panther finalmente voltou para mostrar que é uma das armas secretas que a neo-soul ainda esconde, entregando ao público um conjunto de seis canções que cruzam fronteiras com os territórios do jazz ou do hip hop. Nos tempos incertos que decorrem, a cantautora de Los Angeles atira-nos com as boas vibrações necessárias para conseguirmos dar a volta por cima da situação.


[HUMAN NATURES] ELECTRIC DREAMS

ELECTRIC DREAMS mostra-nos a identidade plural dos HUMAN NATURES, uma verdadeira democracia musical que abdica de uma voz principal fixa e espelha a busca do grupo por uma conexão orgânica e colectiva com o mundo. A atmosfera etérea do shoegaze, a acessibilidade melódica da indie pop e as texturas densas do dream rock surgem em camadas de guitarras eléctricas, harmonias vocais, pianos e sintetizadores, enriquecidos pelas colaborações com o Almedina Ensemble e a Coimbrass Band, que acrescentam uma dimensão orquestral e profundamente emocional a esta viagem. ELECTRIC DREAMS é o culminar do amadurecimento ao longo de doze anos das ideias de João Ribeiro em colaboração com uma comunidade de artistas emergentes.


[Tiago Bettencourt] Foz

Ao oitavo álbum, Tiago Bettencourt mostra-nos o lado mais íntimo da sua metamorfose criativa. Ideias fragmentadas que foram sendo guardadas ao longo de dois anos ganharam uma nova vida depois de uma residência artística de duas semanas num pequeno chalé de madeira num vale suíço, ao longo do qual foi ficando montado o esqueleto para este trabalho. Já em Lisboa, com a ajuda de Fred Ferreira na produção e de Charlie Beats na mistura final, as canções ficaram polidas e desaguaram nesta Foz. Com uma carreira de mais de 20 anos, Bettencourt surge de cara lavada neste novo registo, cujas apresentações em palco estão marcadas para os dias 18 e 20 de Dezembro, no Sagres Campo Pequeno (Lisboa) e Super Bock Arena (Porto), respectivamente.


[G Herbo] Lil Herb

Como num flashback, G Herbo vê a vida inteira a passar-lhe à frente em Lil Herb, um LP catártico em que o MC se redescobre através da reflexão. Hoje com 30 anos de idade, o rapper de Chicago traz à tona a sonoridade do drill que ajudou a popularizar e uma série de memórias agridoces que foi colhendo ao longo do seu crescimento — desde a parentalidade ao luto pelos amigos que partiram cedo de mais. Anderson .Paak, Jeremih e Wyclef Jean são convidados no sucessor de Greatest Rapper Alive, a mixtape que tinha editado em Abril deste ano.

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