Bem-vindos a mais uma rodada de final de semana: na mesa temos variedade, mas é no conforto basilar do r&b que (quase) tudo se transforma. Para aqueles que procuram outras frequências, ponham os olhos na pop portuguesa a investigar-se a ela própria e no rap que anda de mãos dadas com os guiões de cinema.
E ainda há trabalhos de Shoreline Mafia (Mafia Bidness), Beyoncé (The Lion King: The Gift (Deluxe Edition)), City Morgue (TOXIC BOOGALOO), Nyck Caution (Open Flame), Flee Lord (The People’s Champ), 38 Spesh (6 Shots), Chris Crack (Good Cops Don’t Exist), Hit-Boy & Dom Kennedy (Also Known As), Black Soprano Family (Benny the Butcher & DJ Drama Presents Black Soprano Family) e Calmness (Water).
[Liv.e] Couldn’t Wait to Tell You…
Há dois anos, Olivia Williams saía do ensino secundário com algo mais importante do que um diploma: 18 anos de vida a ouvir música negra, do gospel mais terreno ao r&b mais transcendente. Influências como Sly Stone, OutKast ou Georgia Anne Muldrow congeminam-se na palete sonora de Liv.e (como se apresenta profissionalmente). Couldn’t Wait to Tell You… é o culminar de vários curta-durações e improvisos de meia hora, uma obra onde a fluidez encontra a máxima potência.
[Brandy] B7
Para muitos, Brandy é a voz principal de “The Boy Is Mine”, um dos maiores cavalos de Tróia do r&b na música pop. Para outros, é uma pioneira desse estilo, a “bíblia vocal” que ensinou uma nova geração (de Frank Ocean a Solange) a cantar; o seu sétimo álbum (o primeiro desde 2012) é uma forma de refrescar quem se esqueceu disso. Para além de uma participação da filha Sy’rai, recrutou Daniel Caesar e Chance The Rapper para dois singles, mas o resto promana apenas da sua voz, a sua marca. B7 marca um dos últimos trabalhos do compositor e produtor vocal LaShawn Daniels, falecido em setembro de 2019.
[Dominic Fike] What Could Possibly Go Wrong?
Várias editoras lutaram por Dominic Fike – de quem se sabe pouco antes de 2018 excepto o facto de ter estado preso – até que a Columbia ganhou a “guerra” com uma licitação de quatro milhões de dólares. Don’t Forget About Me, The Demos foi o EP de estreia; agora, reforça o seu som sem filtros, à base de guitarra, no primeiro álbum (com selo de aprovação de Mónica Mendes). What Could Possibly Go Wrong? combina rock alternativo com r&b progressivo, com influências de Red Hot Chili Peppers e Jack Johnson.
[Eto] Eto Brigante
O rapper de Rochester, Nova Iorque, foi buscar inspiração ao filme Carlito’s Way, realizado por Brian De Palma, e experimentou a representação em Eto Brigante, curta-metragem que acaba de ganhar mais uns meses de vida com o lançamento da sua banda sonora. Rimas cinematográficas para quem gosta de filmes…
[Sreya] Cãezinha Gatinha
Em 2017, Sreya lançou Emocional, disco produzido por Conan Osiris. Três anos depois, a artista junta-se a Primeira Dama e Bejaflor para Cãezinha Gatinha, álbum que chega com o selo da Maternidade, casa de Filipe Sambado, Co$tanza, Luís Severo e Vaiapraia. No press-release, o projecto é descrito como “um oceano pop desaguado por vários afluentes”, afluentes essas que devem ser considerados uma mistura (feita pela “sereia de água fria”) de todos os nomes anteriormente mencionados. É mergulhar para crer.
[Jimmy P & Carolina Deslandes] Mercúrio
Carolina Deslandes diz que é “um escape emocional”, Jimmy P fala de “uma partilha despretensiosa e genuína”. Mercúrio, o primeiro EP colaborativo da dupla, produzido por Reis, há-de ser algo que se encontre no meio das duas ideias (ou ambas, na verdade). Música de conforto em tempos desconfortáveis.