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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/06/2023

Insaciáveis.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Lil Uzi Vert, Kota the Friend, Mary Jane, The Alchemist, ERR0 ou Olivia Dean

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/06/2023

Mesmo quando a oferta é muita, queremos ainda mais. É isso que nos distingue, o ir em busca de algo valioso em cada disco que vem ao mundo. Não importa se é hip hop do mais clássico ou se é trap, se é soul poeirenta ou r&b mais sofisticado, se electrónica puramente digital ou um conjunto de malhas jazz gravadas de forma totalmente analógica. Temos ouvidos para tudo e, por isso, é o mercado quem dita a nossa dieta musical.

Hoje o rap está em clara vantagem nesta ronda de lançamentos, mas não é ingrediente único desta sopa de fim-de-semana, que podem muito bem temperar de forma ainda mais personalizada se não se deixarem estreitar pelos 12 projectos aqui em destaque. A oferta é sempre muito maior do que o número de mãos que temos disponíveis e, por isso, há outras sugestões que devem ter em conta: VEENHO (Lofizera), Bandokay (M.A.R.K), Divide and Dissolve (Systemic), Sweeping Promises (Good Living Is Coming for You), Estrella del Sol (Figura de Cristal), P Money (Money Over Everyone 4), Rylo Rodriguez (Been One), Ragz Originale (BARE SUGAR), Loski (See You At The Gates), AMARIA BB (6.9.4.2), bdrmm (I Don’t Know), tobi lou & FARADA (‘Decent) e Klara Lewis & Nik Colk Void (Full-On) também rubricaram novos trabalhos esta sexta-feira.


[Lil Uzi Vert] Pink Tape

Ame-se ou deteste-se — porque com artistas destes não há meio termo possível —, Lil Uzi Vert ocupa um lugar indiscutível na história mais recente do hip hop norte-americano, e poucos são os rappers (vem-nos Playboi Carti à cabeça e pouco mais…) que conquistaram um espaço tão característico e com tanta militância associada. Isso ajuda a entender o fenómeno inexplicável que leva à formação de “cultos” em volta de figuras como o autor de Eternal Atake, cujo sucessor chega, finalmente, depois de ter vindo a ser prometido desde o final de 2020. E com quase uma hora e meia de música nova, os inigualavelmente aguerridos fãs do “Baby Pluto” não se podem mesmo queixar.


[Kota the Friend] Protea

A caminhada de Kota the Friend tem sido bem preenchida e, por isso mesmo, interessante de acompanhar de perto. Só este ano já deu seguimento à sua série discográfica Lyrics to GO com um quarto volume e concretizou a sequela de To Kill A Sunrise (2021) em To See A Sunset ao lado de Statik Selektah. A confirmar a velha premonição de que não há duas sem três, o rapper de Brooklyn, Nova Iorque, atirou-se a Prontea, um disco que, surpreendentemente, foge bastante à sonoridade-padrão a que nos habituou ao longo do seu já vasto reportório. E ainda o ano vai a meio…


[Mary Jane] Mary Jane, wassup!?

O trabalho de apresentação de Mary Jane já vinha a ser antecipado de algum tempo para cá, desde logo nesta sede, designadamente por meio dos singles destacados na rubrica Rap PT — Dicas da Semana. Composto por seis temas inequivocamente pessoais, Mary Jane, wassup!? dá a conhecer a rapper do Porto não só no aspecto meramente autoral, mas também numa perspectiva assumidamente introspectiva — e nessa matéria UEST. tem um papel importante e síncrono.


[The Alchemist] Flying High

Um álbum novo (The Great Escape com Larry June) e uma reedição (No Idols com Domo Genesis) em meio ano já sabe a pouco vindo de alguém que, cada vez mais, nos tem mimado até mais não. Mas não seja por isso: se há coisa que podemos dar por praticamente garantida é que, ano após ano, The Alchemist vai sempre arranjar tempo para reunir uma turma de bons e fiéis amigos e daí fazer música nova. Flying High junta, assim, habitués como Earl Sweatshirt, billy woods, T.F, Boldy James, MIKE, Sideshow, Larry June e Jay Worthy ao estilo de trabalhos como os volumes de This Thing Of Ours. Do melhor, portanto.


[Curren$y & Harry Fraud] VICES

E por falar em gente que trabalha muito e bem, desde que Curren$y brilhou em Continuance (2022), precisamente ao lado de The Alchemist, a sua discografia viu um aumento assinalável de volumes até então. Bom, mas o que lá vai não é mais para aqui chamado. As contas fazem-se de acordo com o calendário e, nessa medida, cumpre destacar a segunda investida do rapper de Nova Orleães em matéria de edições. E, curiosamente, depois de dividir For Motivational Use Only, Vol. 1 com Jermaine Dupri apresenta-nos agora VICES em conjunto com Harry Fraud, trabalho que, em termos de duração, difere em apenas três segundos do anterior. Tempo suficiente, sublinhe-se, para Shante Scott Franklin voltar a provar o seu valor enquanto MC — ainda para mais ao lado de alguns dos melhores nessa arte, desde Benny The Butcher a Rome Streetz.


[Chester Watson] fish don’t climb trees

Chester Watson pode ainda não ser um nome sonante, mas, se considerarmos gente como Earl Sweatshirt, Rejjie Snow ou o próprio Kota the Friend como coordenadas, mais depressa chegamos à receita criada pelo rapper e produtor do Missouri que sedimentou a sua identidade através de mixtapes e curta-durações. Nesse sentido, fish don’t climb trees dá continuidade ao histórico do MC de 26 anos — com pendor acentuado para um rap deadpan. 


[Domo Genesis] Red Corolla

Após um considerável período de ausência, o regresso de Domo Genesis parece ser realmente definitivo a julgar pelas edições que entretanto materializou: Intros, Outros & Interludes (2022) pôs fim a um interregno de cinco anos sem música em nome próprio, No Idols mereceu já este ano uma reedição com nova cara, e agora é Red Corolla que entra em cena com mais dez faixas à bela imagem do rapper que desde cedo se destacou num Odd Future com Earl Sweathsirt, Tyler, The Creator e Frank Ocean pelo meio.


[WAY 45] My Life In Each Verse

Conhecemo-lo, primeiro, dos relvados — como estrela do AC Milan e da Selecção Nacional de futebol —, mas por cá, WAY 45 já começa a dissociar-se da figura que é Rafael Leão em termos desportivos. Até porque, apesar de My Life In Each Verse ser o seu álbum de estreia, este projecto chega no seguimento de um primeiro trabalho a solo concretizado em Beginning (2021). E se o desporto é outro, não vale a pena entrarmos em comparações de rendimentos para cada lado. Certo é que, em ambas as frentes, está um indivíduo determinando a vencer custe o que custar.


[ERR0] BCCX005

O experimentalismo de Rafael Duarte e José Veiga, sob o duo ERR0, continua de boa saúde em BCCX005. O novo trabalho da dupla portuguesa, editado pela editora alemã BCCO, volta a encontrar no techno a sua língua primitiva, mas não se reduz à vertigem das suas batidas — faz-se valer, por sua vez, numa dimensão espacial ampla e envolvente, que nos puxa para terreno desconhecido sem darmos por ela.


[Renelle 893 & Bay29] Off The Grid

Apesar de totalizar 12 faixas, Off The Grid é, na verdade, um projecto de curta-duração, já que metade do alinhamento consiste nas versões instrumentais dos temas em que Renelle 893 deposita as suas rimas ásperas. Após se ter estreado pela High Focus Records ao lado de King Kashmere, o MC do sudeste londrino tem agora todas as luzes apontadas para si, num trabalho em que surge com Bay29 na rectaguarda, produtor integral de todo o disco. O futuro do underground britânico parece estar assegurado com a chegada deste “Swamp Monster” que escreve a tinta verde.


[Olivia Dean] Messy

Olivia Dean não passou despercebida quando editou os primeiros EPs, mas foi graças a “Danger”, avanço inaugural do seu álbum de apresentação, que nos rendemos totalmente à sua voz. Selado pela Universal Music, Messy soa a forte candidato a uma das melhores obras a surgir dos campos da neo-soul nos últimos tempos. Aos 24 anos de idade, mostra-se detentora de uma alma velha e soa a uma Lauryn Hill vinda de uma realidade alternativa, criada no seio do jazz e do gospel — não terá, certamente, sido por acaso que os pais lhe deram o nome de Olivia Lauryn Dean.


[John Carroll Kirby] Blowout

Ter o selo da Stones Throw já é quase meio caminho andado para nos deixar em alerta, e se vem assinado por John Carroll Kirby, então é tiro certeiro. O teclista, compositor e produtor de Los Angeles é detentor de um currículo deveras impressionante — já colaborou com Solange, Will I Am, Norah Jones, Blood Orange, The Avalanches ou Remi Wolf — e chegou hoje ao sétimo registo de longa-duração pelo selo chefiado por Peanut Butter Wolf. Igual a tudo o que nos tinha apresentado até agora, Blowout é fruto de um trabalho de estúdio imaculado, pautado por composições e arranjos exímios, e funde várias estéticas distintas, do funk ao jazz, embora aqui envoltos numa toada caribenha, já que o disco foi composto durante uma temporada na Costa Rica.

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