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Texto: ReB Team
Fotografia: Lucas Creighton
Publicado a: 19/05/2023

Porque à dúzia é mais "baracto".

Sexta-feira farta: novos trabalhos de KAYTRAMINÉ, Meta_, O Simples Mente & Marrquise ou Cláudia Pascoal

Texto: ReB Team
Fotografia: Lucas Creighton
Publicado a: 19/05/2023

Falar — ou escrever, neste caso — ainda não paga imposto. E mesmo que pagasse, há sempre formas de dar a volta e contornar a coisa. Não com “casos e casinhos”, porque disso, infelizmente, já estamos nós rodeados. Há que ser criativo e, no pior cenário, caso as ideias não abundem, podemos sempre recorrer aos ensinamentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para chegarmos onde estamos neste momento. Posto isto, hoje escrevemos sobre 12 edições diferentes, fazendo fé nas palavras do eterno Carlos Paião: se quiserem vir tentar cobrar-nos por algo, fiquem desde já a saber que à dúzia é mais “baracto”!

Mas até podemos ir mais longe e sobrecarregar o sistema até ele crashar, ilibando-nos de qualquer tipo de dever fiscal. Tudo vale, incluindo os seguintes discos sobre os quais não nos vamos debruçar por aqui: Mega Bog (End of Everything), Slowspin (TALISMAN), Hannah Jadagu (Aperture), La Femme (Paris-Hawaï), Moor Mother (Jazz Codes (Deluxe Version)), Alex Lahey (The Answer is Always Yes), Pozi (Smiling Pools), Yes (Mirror to the Sky), Sir Chloe (I Am The Dog), Warrington-Runcorn New Town Development Plan (The Nation’s Most Central Location), Gumm (Slogan Machine), Sharc & Pi’erre Bourne (Sharc Wave), Kesha (Gag Order), The Murlocs (Calm Ya Farm), Sufjan Stevens c/ Timo Andres & Conor Hanick (Reflections), Andy Bell & Masal (Tidal Love Numbers), Brandy Clark (Brandy Clark), Jealous of the Birds (Hinterland), Juanes (Vida Cotidiana), Kerosene Heights (Southeast of Somewhere) e The Telescopes (Of Tomorrow).


[KAYTRAMINÉ] KAYTRAMINÉ

O primeiro contacto aconteceu a 27 de Julho de 2014 nas redes sociais, e já na altura Aminé mostrava admiração por e vontade em trabalhar com KAYTRANADA. Daí a reunirem-se sob a dupla KAYTRAMINÉ foi um pulinho de nove anos que hoje se vê, finalmente, concretizado: o primeiro resultado desta parceria irresistível dá pelo nome do próprio duo, mas a palavra de ordem passa por uma redefinição dos nossos padrões de coolness — abaixo disto já é coisa morna.


[Meta_] XIV- A Integração

O cruzamento entre o disruptivo e a tradição há muito que nos garante a atenção, ainda para mais quando esse encontro se estende além fronteiras. Na estreia discográfica a solo de Meta_ (que ainda a semana passada figurou em dois temas consecutivos de Giant Stops, novo trabalho de Minus & MrDolly), o folk alia-se à electrónica e desenrola-se entre o português, o inglês e o espanhol — e não é anedota nenhuma este XIV- A Integração da transmontana Mariana Bragada.


[O Simples Mente & Marrquise] O Puto

Se a princípio a gaveta da spoken word parece inequívoca, à medida que a instrumentalização se desenvolve e O Simples Mente se desmembra em diferentes registos, a coisa deixa de ser linear: afinal o que é — ou quem é — O Puto? É, em primeiro lugar, Léo Amorim (em breve apresentado em discurso directo numa entrevista a ser publicada nestas páginas) ao lado do multi-instrumentista Marrquise que usa o piano como base para o recital literário do sucessor de Vino Blanco at 4AM, que vai ser apresentado em primeira mão na GOCA (Galeria e Oficina de Cerâmica e Azulejos), em Viana do Castelo num formato inovador a partir de amanhã: com seis artistas convidados a criar ilustrações baseadas no disco (que entretanto se tornaram azulejos graças à oficina de cerâmica que ali funciona), O Puto vai estar em exposição na galeria durante as próximas sete semanas, depois da apresentação do disco propriamente dita, prevista para as 17 horas deste sábado.


[Summer Walker] Clear 2: Soft Life EP

Clear 2: Soft Life EP abre com J. Cole e passa por Childish Gambino na recta final — e estes não são os argumentos determinantes para convencer quem quer que seja à escuta do novo trabalho de Summer Walker. Em boa verdade, a cantora de Atlanta basta-se a si própria para fazer valer o seu r&b meloso e sedutor. Já se adivinha por isso o que se espera do sucessor de Still Over It (2021).


[Temps] PARTY GATOR PURGATORY

Quando um humorista se compromete a fazer música séria, o risco de o resultado se ver sem graça é vertiginoso. Para James Acaster essa não foi, porém, uma aposta solitária: o britânico aliou-se a uma considerável turma de criativos (na qual encontramos gente como Quelle Chris, Denmark Vessey ou Open Mike Eagle) bem mais experientes do que ele nas lides musicais, e aventurou-se em PARTY GATOR PURGATORY pelos caminhos mais experimentais e — tanto para os seus vícios como para as suas virtudes — caóticos.


[Wiki] Papiseed Street Vol. 1

Excepção feita a quem de direito: Papiseed Street Vol. 1 pode ter sido divulgada já há uns dias, mas não deixa de merecer menção honrosa fora de horas. E a nova mixtape de Wiki chega em boa altura para o público português que acompanha a nova vaga do underground nova-iorquino, uma vez que o rapper de Upper West Side está a semanas de voltar a actual em Portugal — desta vez, sobe ao palco da Galeria Zé dos Bois, no próximo dia 7 de Junho.


[Salami Rose Joe Louis] Akousmatikous

Mesmo para quem os nomes Lindsay Olsen ou Salami Rose Joe Louis (que representam, na verdade, a mesma pessoa) não dizem muito, o facto de Akousmatikous ser o terceiro longa-duração da artista californiana a ser editado pela Brainfeeder de Flying Lotus já acende algumas luzes. E há, desde logo, um factor-comum entre Olsen e o produtor conterrâneo: ambos têm a capacidade de nos arrastar para universos multi-dimensionais — e este tem muito que se lhe diga.


[Lostnot] ALIENATUS

Por detrás de ALIENATUS alinha-se um trio que só se vê alargado por Hyzer na terceira faixa do novo EP editado pela Shin Sekai de Mirai (cujo lema consiste em “Música ku nha tropaz”): Lostnot junta-se, assim, a White08 e mendez para estes dois darem contexto sonoro aos devaneios líricos e melódicos que o artista da nova escola tem a oferecer ao panorama que abraça.


[Mandy, Indiana] I’ve Seen a Way

Mandy, Indiana são um quarteto de Manchester que, de 2020 até à data de hoje, apenas contava com um EP e uns quantos singles na rua. Formado por 11 canções que acenam a um rock mais críptico e industrial, I’ve Seen a Way é o óbvio LP de estreia da banda que tem estado a operar sob a alçada da nova-iorquina Fire Talk. Avalanches de pedregulhos, raides aéreos com drones comandados por inteligência artificial, câmeras de vigilância para controle das massas com reconhecimento facial e raves em masmorras ensanguentadas são algumas das imagens que nos vêm à cabeça ao longo destes 37 tensos minutos de música. Cuidado com as cabeças, porque há umas que foram mesmo feitas para rolar.


[Kirk Degiorgio] Modal Forces / Percussive forces

Kirk Degiorgio aponta o jazz modal, o jazz de fusão dos anos 70 e o conceito de library music como principais influencias para um novo trabalho. Selado pela BBE, Modal Forces / Percussive forces é um conjunto de 16 temas instrumentais assentes na estética beat e que misturam conceitos musicais tão distintos quanto os da música electrónica ou até mesmo do samba-rock. Uma proposta completamente diferente na rota discográfica do DJ e produtor inglês, que tem feito escola predominantemente na cena techno.


[Cláudia Pascoal] !!

Depois de ter tido Tiago Bettencout como produtor do seu primeiro !, desta vez foi David Fonseca a assumir esse papel no seu novo !!. Editado pela Universal Music Portugal, o mais recente LP de Cláudia Pascoal presta uma homenagem às suas origens portuenses e minhotas com a ajuda de alguns ilustres convidados — dos veteranos Marante e Manuela Azevedo ao músico e cineasta Filipe Melo ou à comediante Joana Marques, cuja voz se pode escutar na intro e no outro. 2023 ainda nem vai a meio e a artista vem bem encaminhada para fazer deste um dos seus melhores anos de sempre, já que o lançamento do seu segundo longa-duração acontece apenas alguns meses após a sua segunda participação no Festival da Canção, onde concorreu com “Nasci Maria”, o principal single de !!. Seguem-se agora os concertos em Lisboa (num já esgotado Teatro Maria Matos, dia 24 de Maio) e Porto (no Hard Club, a 4 de Junho).


[bar italia] Tracey Denim

Jezmi Fehmi, Nina Cristante e Samuel Fenton começaram por ser apadrinhados por Dean Blunt na sua editora WORLD MUSIC e foi por lá que editaram os álbuns Quarrel (2020) e Bedhead (2021), bem como o EP Angelica Pilled (2020). Não demorou muito até que o trio que mora em bar italia se fizesse notar ao ponto de começarem a ser requisitados para palcos fora do seu país — o Reino Unido. Por cá, já passaram pela última edição do OUT.FEST e estão agora em vias de se apresentar ao vivo na Galeria Zé dos Bois: dia 4 de Junho, o rock lo-fi e fumegante deste seu novo Tracey Denim promete meter várias cabeças no ar em Lisboa.

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